Capítulo 1

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Dulce María

A imagem de uma garota completamente nua estiraçada no chão é a primeira coisa que invade minha visão em plena segunda-feira de manhã.

São muitas perguntas para poucas respostas, eu sei. Mas a primeira delas é: quem diabos é essa garota? Não tenho recordações dessa
desconhecida. No geral, costumo decorar quais são as mais frequentes que Poncho, Christian e Christopher fodem ao menos uma vez na semana quando estamos em Los Angeles antes de começarmos as turnês. Por exemplo: Toda quarta-feira, Christian, nosso baterista sai com Scarllet Volvanoff; Todo sábado, e repito, todo sábado, religiosamente, Poncho, nosso guitarrista fode Serena Duff, uma antiga colega de escola ou algo do tipo.

É quase que uma ceita religiosa de sexo programado com garotas específicas por dia.

Pode parecer nojento - e é para um caralho, mas isso facilita a minha rotina. Quando Scott Lendger me contratou para ser sua assistente pessoal, ele deixou apenas uma regra clara: “decore o nome e sobrenome de todas as mulheres que entrarem no camarim. Sem exceções, Dulce. Precisamos saber se esses moleques vão ou não parar nos tabloides no dia seguinte. Ou em algum site que conte suas experiências sexuais”, disse ele. Ainda me lembro dessas exatas
palavras como se as tivesse ouvido ontem.
Agora que estamos em turnê, é um pouco mais difícil de controlar quem são essas
desconhecidas que eles fodem.

— Ok, tudo bem. Certo. — Respiro fundo, adentrando ao ônibus dos meninos.

Nos dividimos em dois ônibus: o da equipe e o da banda. No começo, fazíamos tudo em um só. Mas assim como eu, Scott se cansou de ouvir os gemidos das convidadas ilustres que alguns deles traziam como suas companhias de uma cidade ou estado para o outro, então decidimos que seria melhor nos separarmos. O que é ótimo, já que a equipe consiste apenas em mim, Scott e o
motorista, Dave.

— Hum... é... você precisa sair daqui, garota — digo enquanto chacoalho a morena desconhecida, tentando acordá-la.

Um fracasso total.

— Eu tô falando sério — tento aumentar o meu tom de voz.

No geral, não costumo ter tanta paciência com groupies. Elas são as grandes responsáveis por noventa por cento dos meus problemas, e pecam na educação. Mas há algo nessa garota completamente apagada e vulnerável que me comove de certa forma.

— Vamos lá, menina. Não me faça gritar com você.

— Hum... Christian... — a desconhecida grunhe, ainda sem abrir os olhos. — Volta pra cama, baby.

— Primeiro: você não está na cama. Segundo: não é o Christian que está aqui.

— Mas pode ser ele.

A voz grossa do nosso baterista invade meus ouvidos. Quando ergo meu olhar, noto o
semblante de Christian encostado no batente do camarim, segurando duas xícaras de café.

— Qual é, Chris, o que eu já te falei sobre largar desconhecidas peladas na porra do camarin?!

— Ah, era isso que eu queria. A boa e velha Dulce grosseira de volta! — Riu, deixando as
xícaras na bancada e se aproximando de mim. Antes que ele tenha a oportunidade de me abraçar, estapeio seu braço. — Oh, e violenta. Gosto dessa sua versão.

— Vê se me esquece, babaca. — Bufo, revirando meus olhos e me afastando da garota. — Quem é essa? Onde estão os outros meninos?

— Hum, boa pergunta. Acho que é... Stephany? Bethany? Roberta? Não há como saber. Ah, e eles estão tomando café no posto aqui do lado.

O SOM DO IMPROVÁVELOnde histórias criam vida. Descubra agora