Capítulo 5
O som da bola batendo no campo ecoava pelo treino. A adrenalina de Nolan estava a mil. Ele sentia a intensidade de cada movimento, cada passo. Estava concentrado, buscando esquecer tudo o que o afligia. O campo de lacrosse era um lugar onde ele podia se perder, onde a confusão dentro de sua mente parecia desaparecer por um momento.
Mas isso mudou quando Brandon Carter entrou em cena.
O capitão do time, que nunca perdia a oportunidade de testar Nolan, parecia mais agressivo do que nunca. Eles estavam no meio de um treino, e a rivalidade entre eles já estava no limite. Nolan sabia que tinha que controlar a si mesmo, mas o sangue fervia em suas veias quando Brandon o provocava.
O jogo estava acirrado. Nolan se preparou para defender a bola, mas Brandon vinha em sua direção com uma velocidade impressionante, fazendo um movimento agressivo. O capitão não só o desarmou, mas o empurrou com tanta força que Nolan foi lançado para o chão, sentindo o impacto de sua queda no campo.
"Você é uma piada, Sullivan!", Brandon gritou, rindo. "O que você está fazendo aqui? Não tem capacidade de fazer parte desse time, muito menos de competir com alguém como eu."
Nolan sentiu a humilhação se instalar em seu peito. Sua raiva estava crescendo a cada palavra de Brandon, mas ele sabia que não poderia perder o controle. Seu coração batia rápido, sua respiração estava pesada. Ele tentava ignorar as palavras cruéis de Brandon, mas algo dentro dele estava prestes a estourar.
Brandon continuou, sem parar de diminuir Nolan. "Você acha que pode se destacar? Você não é nada mais do que um lixo, um brinquedo de luxo que ninguém leva a sério."
A raiva tomou conta de Nolan de forma avassaladora. Ele se levantou rapidamente, seus músculos tensos, e foi até Brandon, sem pensar nas consequências. Quando o alcançou, desferiu um soco com toda a força que tinha. O som do impacto foi tão alto que todos no campo pararam para ver.
Brandon caiu de costas no chão, a expressão de surpresa se misturando com a dor. Nolan não parou. Ele continuou, desferindo golpes com uma força inumana, quebrando a costela e o maxilar de Brandon. O capitão estava sem defesa, incapaz de reagir, e Nolan não parava. A fúria estava tomando conta dele, até que, de repente, ele se deu conta do que estava fazendo.
Ele parou abruptamente, olhando para suas mãos. Elas eram… humanas. Suas mãos não eram mais enormes, peludas e com garras. Elas eram simplesmente humanas, com os dedos trêmulos ainda cobertos de sangue. Nolan olhou para elas, espantado, como se estivesse vendo algo impossível.
Nesse instante, um brilho roxo começou a emanar de seu peito. Nolan olhou para baixo e viu que o colar com o pingente de pedra roxa estava brilhando intensamente. O brilho era tão forte que ele mal conseguia desviar os olhos. E foi então que ele percebeu: o colar o estava impedindo de se transformar. Ele sentiu um alívio imediato, como se uma pressão invisível tivesse desaparecido de seu corpo.
Nolan se abaixou ao lado de Brandon, que estava no chão, gemendo de dor. O som de sua respiração pesada era tudo o que Nolan conseguia ouvir. Ele respirou fundo, tentando acalmar a raiva que ainda queimava dentro de si. A luta não tinha sido algo que ele planejara, mas o impulso tinha sido incontrolável. Agora, ele se sentia perdido, incapaz de compreender o que estava acontecendo com ele.
Enquanto isso, Afrodite observava toda a cena do canto do campo, seus olhos fixos em Nolan. Ela havia visto a transformação de Brandon em uma marionete de sua própria arrogância, mas o que ela testemunhou em Nolan foi diferente. Algo que ela não conseguiu identificar, mas que a atraía de uma maneira que ela não podia ignorar.
Quando o treino terminou, Nolan se levantou, o peso da situação caindo sobre seus ombros. Ele estava preocupado com o que havia feito a Brandon, mas, ao mesmo tempo, sentia uma curiosidade crescente sobre o que o colar realmente fazia.
Afrodite se aproximou dele logo após o fim do treino, seus passos rápidos e silenciosos. Ela olhou para Nolan com um brilho nos olhos, algo que ele não soubera identificar.
— Eu vi o que aconteceu — ela disse, seus olhos não deixando os dele. "Você tem algo especial, Nolan. Algo que os outros não têm."
Nolan a olhou, um pouco desconcertado com a intensidade de seu olhar.
— O que você quer dizer? — ele perguntou, sem saber exatamente o que sentir.
Afrodite sorriu, uma expressão enigmática nos lábios.
— Eu quero que você saia comigo, Nolan. Quarta-feira à noite. Vamos para a pizzaria local. Eu sei que você está se perguntando por que eu insisto em te observar, mas, depois do que vi hoje, eu acho que podemos nos divertir juntos.
Nolan a olhou com desconfiança. Ele não sabia o que Afrodite queria, mas havia algo na maneira como ela o tratava que o deixava intrigado.
— Tá, vamos — ele respondeu, sem saber muito bem o que esperar.
No mesmo dia, ao anoitecer, Nolan decidiu ir até o druida. Ele não conseguia mais ignorar o mistério que o cercava, principalmente sobre o colar e o que ele representava.
Quando chegou à casa do druida, o homem estava lá, esperando-o com uma calma que beirava o sobrenatural. Ele era um homem imponente, com uma presença que parecia transcender o tempo. Seus olhos eram profundos, e sua voz grave ressoava como uma ordem.
— Nolan, você veio em busca de respostas, não é? — o druida disse, sem surpresas.
Nolan assentiu, a ansiedade tomando conta dele.
— O que é esse colar? Ele... ele impede a minha transformação, mas como?
O druida olhou para ele com uma expressão séria, como se já soubesse exatamente o que Nolan precisava ouvir.
— O nome que você me pediu é Alaric de Caelen. Sou da antiga linhagem dos druidas, e os materiais que você busca não são simples. O colar que você carrega, com a pedra roxa, é feito de um material raro que tem o poder de conter a transformação de um lobisomem. Mas ele só é eficaz se você usar sua vontade junto dele. Sem a sua determinação, o colar perde o poder.
Nolan ficou em silêncio, absorvendo tudo o que o druida disse. Ele sabia que havia mais para aprender, mas uma parte de seu ser não estava pronta para tudo aquilo.
— E o que pode matar um lobisomem? — Nolan perguntou, com uma preocupação crescente.
O druida fez uma pausa longa antes de responder.
— A prata, algumas ervas... e algo mais. Algo mais poderoso que tudo isso, mas você ainda não está preparado para saber. O tempo dirá.
Com isso, Nolan se despediu do druida e seguiu para a casa de Jhonatan. Quando chegou lá, os dois começaram a jogar vídeo game, mas algo estranho aconteceu. Durante o jogo, uma sombra sinistra apareceu na tela, algo que parecia real, mais real do que qualquer coisa que eles já haviam enfrentado. A atmosfera da sala mudou, e Nolan sentiu um arrepio percorrer sua espinha.
O que quer que fosse, ele sabia que a noite estava longe de acabar.
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Ecos da Lua
Loup-garouA noite de Silverwood, uma cidade pequena e tranquila no interior do Canadá, sempre teve sua dose de mistérios, mas nunca nada que passasse de uma simples conversa entre os moradores. Até que algo começou a mudar. Uma sombra se levantava das profund...