12 - Determinação

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Esfrego as mãos, tentando afastar o nervosismo que lateja no meu peito

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Esfrego as mãos, tentando afastar o nervosismo que lateja no meu peito. Do lado de fora, consigo ouvir o burburinho crescente da plateia, misturado ao som abafado de música que ecoa pelo espaço. No vestiário, o ambiente está silencioso, quase sufocante. Me encaro no espelho, analisando cada detalhe.

Meu cabelo está firmemente trançado, deixando o rosto completamente à mostra. O top preto ajustado segura bem o busto, me dando suporte e liberdade para os movimentos. Respiro fundo, tentando controlar a adrenalina que já começa a pulsar pelo meu corpo.

Há tempos, eu era presença constante nessas lutas e torneios. O ringue costumava ser meu refúgio, o único lugar onde eu me sentia completamente no controle. Mas hoje... Hoje é diferente. Faz anos que não subo lá, e minha cabeça está longe de estar no lugar certo.

O turbilhão de pensamentos me consome. Não conseguimos nada com Mayara. Muito menos com Caio. E, como se isso já não fosse suficiente, o desgraçado ainda conseguiu um habeas corpus para Tubarão. Em breve, ele estará solto.

A ideia me deixa inquieto, e aperto os punhos com força. Meus músculos tensionam, prontos para uma luta que talvez eu nem quisesse enfrentar.

— Droga... — murmuro para mim mesma, desviando o olhar do espelho.

O ringue é uma válvula de escape, mas também é um risco. Se minha mente não estiver alinhada com meu corpo, posso me perder. Mas talvez seja exatamente disso que eu precise agora: uma chance de desligar o cérebro e deixar que os instintos assumam.

— Helena, tá pronta? — A voz de Marcelo interrompe meus pensamentos.

— Tô — respondo, com um aceno de cabeça.

— Vem, vamos colocar as luvas.

Caminho até ele, e Marcelo começa a ajustar as luvas nas minhas mãos enquanto me dá algumas instruções. Eu só assinto, absorvendo suas palavras no piloto automático.

— Foco — ele diz firmemente, antes de me ajudar a colocar o protetor bucal.

Caminhamos pelo corredor em direção ao ringue. Consigo ouvir o anúncio da outra lutadora, Eduarda, já no ringue, aquecendo-se com saltos rápidos.

— Representando a Academia Tranco, vestindo as cores vermelhas, ela que já foi uma figura constante no ringue, mas preferiu se afastar... — faço uma careta ao ouvir a última parte — Helena Franco!

O som de "Admirável Chip Novo" ecoa pelo espaço, e eu começo a caminhar em direção ao ringue. Gritos e aplausos explodem da plateia, o som abafado se transformando em um rugido ensurdecedor no local fechado.

Entro no ringue, saltitando com leveza, os braços abertos como Marcelo me ensinou. Dou um tapa firme no peito e olho ao redor enquanto o juiz se aproxima, examinando as luvas e nossos corpos para garantir que não há trapaças.

Destinos Cruzados | Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora