CAPÍTULO 27

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Saulo sabia que por melhor que fosse o seu plano de fuga, sempre haveria algum risco, por menor que fosse. Mas ele precisaria se  arriscar, pois, por causa dele, a vida de Tomás estava correndo risco.

A estratégia mais simples sempre era a melhor, ele sabia,  porque era algo tão banal que ninguém imaginaria que ele usaria aquele recurso para despistar quem o estivesse vigiando. 

Óbvio que tinham colocado um rastreador no carro dele só por precaução e aí ele sabia que não poderia ir ao encontro de Letícia dirigindo o próprio carro. Certamente  também estavam monitorando o seu celular e precisaria se livrar dele, assim como também do carro.

Trocar de carro naquele momento também seria arriscado, daí descartar logo aquela possibilidade. Era preciso esperar o momento certo.

Era preciso fingir que acreditava que não estava sendo vigiado, mesmo mais uma vez se sentindo ofendido em seu orgulho por imaginar que alguma das pessoas que o conheciam acreditavam que ele seria tão estúpido.

Ele entrou no carro, dirigiu até um posto de gasolina onde tinha um homem que lhe devia um favor enorme e onde cobraria o pagamento daquela dívida. 

A todo momento, ele olhava ao redor, como se procurasse alguém suspeito, somente para despistar. 

Era preciso ter calma para que o plano desse certo...e o carro que o seguia estava a uma distância segura, como deveria ser. 

Saulo havia colocado um boné e o afundava na cabeça a todo momento  tampando o rosto. Demonstrava que estava agitado, nervoso...era preciso chamar bastante a atenção de quem o seguia, para que eles de nada desconfiassem. 

Não viram quando ele entregou um papel para um dos frentistas que se afastou sem chamar a atenção. 

Quando o primeiro homem entrou no banheiro do posto de gasolina carregando vassoura e um saco de lixo vazio, supostamente para esvaziar as lixeiras, aquilo não chamou a atenção dos homens de Lemos, pois eles ainda não pensavam que Saulo entraria ali. 

Alguns minutos depois, Saulo finalmente  entrou no banheiro do posto de gasolina ainda olhando em volta e logo depois entrou um homem exatamente da sua estatura. O homem também olhava desconfiado a sua volta, como se temesse ser visto. 

Era importante que os homens de Lemos vissem tudo aquilo...era importante que eles ficassem atentos pensando que aquele era um momento de extrema tensão, pois o alvo deles havia saído de seu campo de visão...aquela era a oportunidade dele tentar enganá-los, certamente pensaram.

O homem que tinha a mesma estatura de Saulo vestiu as roupas daquele a quem devia um favor...e Saulo permaneceu dentro do banheiro com as roupas que tinha vestido por baixo. 

Quando o primeiro homem saiu com as roupas de Saulo, o boné na cabeça,  imitando o mesmo gesto do fugitivo, e se dirigiu ao carro, imediatamente ficou claro para os homens de Lemos que não era quem eles seguiam e, por isso, viram ele sair com o carro que estava sendo monitorado e não o acompanharam.

_Saulo realmente acha que este truque mais velho do que a minha avó vai nos enganar? _ ironizou um dos homens de Lemos com o parceiro ao lado.

_Quando se está muito desesperado, a gente só faz merda e ele não é uma  exceção. _ comentou o outro rindo.

Minutos depois, quando o segundo homem saiu  com as roupas do posto de gasolina e andando apressado em direção a um carro  estacionado num canto escuro, os homens de Lemos riram da suposta  atitude inocente  do colega.

SEM SAÍDA-Armando Scoth Lee-romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora