Vivendo Heartstopper.

Capítulo 32: Recomeço.

CHARLIE

Os meses passaram quase como um sopro. O Sam estava visivelmente melhor, e a nossa relação com ele só parecia crescer a cada dia. Ele até começou a cantar com a banda da Sahar de vez em quando. No meu caso, acabei me juntando à banda como baterista, e compartilhar algo assim com ele era mais do que especial.

Nick também se envolvia, sempre aparecendo nos ensaios, apoiando e vibrando por nós. Ele parecia genuinamente feliz, mas havia algo por trás de seus sorrisos. Ele estava procurando por faculdades, e isso me deixava nervoso. Toda vez que o assunto surgia, ele dizia que ia escolher uma faculdade próxima, mas... Era isso que ele realmente queria?

Sabia que Nick estava com medo de se afastar de mim e do Sam, especialmente considerando tudo o que já havíamos enfrentado juntos. No fundo, eu também queria que ele ficasse perto. A ideia de perder a presença constante dele, aquela segurança, me assustava. Mas, ao mesmo tempo, eu não queria que ele sentisse que estávamos prendendo-o aqui, como um peso que ele não podia carregar.

Na garagem da Sahar, estávamos ensaiando uma música antiga da Sabrina Carpenter, Eyes Wide Open. Sam estava nos vocais, sua voz ecoando pelo espaço de forma tão natural que me fazia sorrir sem nem perceber. Eu batia no ritmo da bateria, acompanhando cada nota enquanto Sahar tocava o teclado com uma energia contagiante.

Tao estava sentado ao lado, gravando tudo no celular. Entre uma nota e outra, eu conseguia ver Nick de canto de olho. Ele estava encostado na parede, os braços cruzados, com aquele sorriso orgulhoso que me fazia esquecer o mundo por um momento. Era bom estarmos todos juntos de novo, como uma verdadeira banda, como uma verdadeira família.

Quando a música terminou, os últimos acordes ainda ecoavam pela garagem. Sam jogou a cabeça para trás, rindo de leve, o rosto corado pelo esforço, mas com uma expressão de pura alegria.

— Acho que essa foi a nossa melhor versão até agora. — Ele disse, olhando para Sahar, que concordou animadamente.

— Sam, sério, sua voz é perfeita pra essa música. — Tao elogiou, enquanto parava a gravação no celular.

— Não exagera. — Sam respondeu, embora seu sorriso entregasse o quanto ele gostava de ouvir isso.

Nick se aproximou, batendo palmas devagar.

— Vocês foram incríveis. Acho que estou começando a reconsiderar essa ideia de ficar só na plateia. Talvez eu deva aprender a tocar alguma coisa também.

— A gente sempre pode te ensinar. — Respondi, provocando-o.

— Claro, mas eu não sei se quero roubar o brilho de vocês. — Ele brincou, dando de ombros.

— Bobo. — Sam disse com um sorriso travesso, se aproximando de Nick e roubando um selinho rápido, como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo.

Nick ficou vermelho quase instantaneamente, mas antes que pudesse responder, eu já estava pronto para entrar na brincadeira.

— Ei! E eu? Não mereço? — brinquei, fingindo um drama exagerado.

Sam revirou os olhos com um sorriso e se voltou para mim, unindo nossos lábios por um breve instante. Era leve, reconfortante, como se finalmente tivéssemos encontrado nosso equilíbrio. Oficialmente, estávamos juntos de novo, e eu não poderia estar mais feliz.