102 - Michael Schumacher

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"Mar calmo nunca fez um marinheiro habilidoso

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"Mar calmo nunca fez um marinheiro habilidoso."

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O som da chuva torrencial em Spa-Francorchamps abafava quase tudo, exceto o rugir dos motores da Fórmula 1. Estávamos no Grande Prêmio da Bélgica, e a pista molhada transformava cada curva em uma roleta russa. Na sala de engenharia da Ferrari, o clima era de pura tensão.

Eu estava ali, olhos cravados nos monitores, acompanhando cada detalhe da corrida enquanto meu coração batia tão rápido quanto os motores na pista. Como engenheira da equipe, sabia que qualquer erro poderia custar caro. Mas naquele dia, não era apenas meu trabalho que me mantinha tão alerta. Michael Schumacher, o homem que dominava as pistas e meu coração, liderava a corrida.

Michael estava brilhante, como sempre. A chuva parecia não intimidá-lo, mas a visibilidade precária era um desafio para todos. O caos já havia feito vítimas — carros escorregando como se estivessem sobre gelo, colisões inevitáveis e pilotos frustrados abandonando a corrida.

Mas Michael parecia imbatível. Pelo menos até a volta 25.

No monitor, vi o momento em que tudo desmoronou. Em uma reta que deveria ser tranquila, o carro de Michael colidiu violentamente com a traseira da McLaren de David Coulthard. O impacto foi devastador. Pedaços da Ferrari voaram, e a visão do carro vermelho avariado fez meu coração parar por um instante.

— Não pode ser! — exclamei, arrancando os fones de ouvido enquanto as vozes no rádio viravam um turbilhão.

O caos no box era ensurdecedor. O carro de Michael ainda estava em movimento, mas mal. Ele trouxe o veículo capenga de volta aos boxes, e quando finalmente saiu do cockpit, sua expressão me disse tudo.

Ele estava furioso.

— Ele fez de propósito! — Michael rugiu, tirando o capacete e jogando-o no chão. Sua voz cortava o ar como um trovão, assustando até os mecânicos mais experientes.

Eu me aproximei rapidamente, colocando uma mão firme em seu braço. — Michael, respira. Você não vai resolver nada assim.

Seus olhos queimavam com uma mistura de raiva e frustração. — Sn, ele quase me matou! Vou tirar satisfação agora!

Antes que eu pudesse dizer algo mais, ele já estava caminhando em direção aos boxes da McLaren. O paddock inteiro parecia ter parado para assistir. Repórteres cochichavam, câmeras apontavam em nossa direção, e o som abafado da chuva tornava tudo ainda mais dramático.

Segui Michael, tentando manter a calma, mas meu coração estava disparado. Ele era um homem apaixonado, determinado, e eu sabia que isso o tornava incrível nas pistas. Mas fora delas, essa intensidade podia ser perigosa.

Quando chegamos ao box da McLaren, o clima estava ainda mais tenso. Coulthard estava cercado por sua equipe, mas não parecia surpreso ao ver Michael avançar.

— Você estava tentando me tirar da corrida? Quer me explicar o que foi isso? — Michael disparou, apontando o dedo para Coulthard, sua voz elevada ecoando pelo espaço apertado.

Coulthard, embora visivelmente desconfortável, manteve a compostura. — Eu estava dando passagem! A visibilidade é zero, Michael. Não foi intencional.

Antes que a discussão escalasse ainda mais, me coloquei entre os dois. Levantei as mãos, minha voz cortando o ambiente como um bisturi. — Chega, os dois! Isso não vai levar a nada.

Michael olhou para mim, ainda ofegante de raiva, mas minha presença parecia ter algum efeito. Seus olhos encontraram os meus, e por um momento, ele hesitou.

— Sn, ele precisa ouvir... — começou Michael, sua voz carregada de frustração.

— E ele ouviu — respondi, firme. — Mas brigar aqui não vai mudar o que aconteceu. O que precisamos agora é focar na próxima corrida.

Houve um silêncio constrangedor. Ron Dennis, chefe da McLaren, aproveitou para intervir. — Vamos discutir isso com a FIA. Este não é o momento para brigas pessoais.

Com um suspiro pesado, puxei Michael pelo braço, guiando-o de volta para o box da Ferrari. Sentia os olhares em nossas costas, mas minha prioridade era tirá-lo daquela situação antes que piorasse.

Quando finalmente estávamos longe dos holofotes, ele se encostou em uma mesa de ferramentas, passando as mãos pelo cabelo molhado de suor.

— Você tem razão — ele admitiu, a voz mais baixa agora. — Mas foi difícil ver tudo isso e não reagir.

Me aproximei, tocando suavemente seu rosto. — Sei disso. Mas você é melhor do que isso, Michael. Você é um campeão, e campeões sabem quando é hora de lutar e quando é hora de recuar.

Ele segurou minha mão, os olhos ainda refletindo a tempestade que havia dentro dele. — Obrigado, Liebling. Você é meu equilíbrio, mesmo nas piores tempestades.

Sorri levemente, sentindo meu coração aquecer com suas palavras. — Sempre estarei aqui, Michael. Nas vitórias e nas derrotas.

Naquela tarde chuvosa em Spa, enquanto o caos da corrida ainda reverberava ao nosso redor, soube que nosso vínculo era mais forte do que qualquer tempestade. Michael era mais do que um piloto brilhante; ele era um homem apaixonado, complexo, e eu me orgulhava de estar ao seu lado — nos bons momentos e nos desafiadores.

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