15 - Desespero

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Horas depois

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Horas depois...

Meus olhos se abrem devagar, e um clarão me ofusca por um instante. Ao piscar algumas vezes, percebo que estou em um quarto de hospital. O som rítmico do monitor cardíaco enche o ambiente, cada bip martelando em meus ouvidos.

Minha cabeça lateja enquanto tento organizar os pensamentos. A última coisa de que me lembro é o brilho ofuscante das luzes altas de um carro vindo em nossa direção.

Meu corpo dói em cada ponto, como se tivesse sido esmagado, e minha boca está seca como areia. Viro o rosto devagar e vejo Humberto sentado em uma cadeira ao lado da minha cama. Ele está inclinado para frente, os cotovelos apoiados nos joelhos, e parece perdido em seus próprios pensamentos.

— Irmão... ei, tudo bem? — Ele levanta rapidamente ao perceber que estou acordado e vem até mim.

Observo enquanto ele aperta um botão ao lado da cama, provavelmente para chamar alguém. Molho os lábios ressecados e encontro seus olhos.

— Cadê minha filha? — pergunto, tentando me sentar, o pânico começando a subir.

— Calma, você não pode fazer esforço — ele diz, colocando uma mão firme contra meu peito para me impedir.

— Cadê a Rafaela? — insisto, a voz mais alta agora. O desespero se mistura à dor, tornando tudo insuportável.

Humberto fecha os olhos por um momento, sua expressão revelando mais do que ele tenta esconder.

— Aconteceu alguma coisa... Cadê a minha filha, caralho? — Minha voz sai quase como um grito, o som ecoando no quarto pequeno.

— Ela tá bem... — ele diz com a voz trêmula, visivelmente afetado. — Tá em observação, mas ela tá bem.

Um alívio imediato toma conta de mim, mas ainda sinto um nó na garganta. Respiro fundo, mas não consigo relaxar completamente.

— E a Helena? — pergunto, temendo a resposta.

— Ela também está bem — Humberto responde rapidamente. — O acidente foi feio, mas vocês vão ficar bem.

Solto o ar que nem percebi estar prendendo. O peso do medo começa a diminuir, mas ainda há uma inquietação em mim. O que quer que tenha acontecido, algo mudou, e agora só quero ver minhas meninas e ter certeza de que tudo isso acabou.

O médico entra no quarto, examinando meus sinais vitais enquanto faz algumas perguntas básicas. Humberto sai em silêncio, o telefone já grudado em sua orelha. Tento me concentrar nas palavras do médico, mas meu foco está na porta entreaberta e na tentativa de captar a conversa do meu irmão. Conheço Humberto bem demais para ignorar: há algo errado nessa história.

— A enfermeira já vai trazer algo para você comer — diz o médico, tentando soar tranquilizador.

Concordo com um leve aceno, mas minha mente está longe.

Destinos Cruzados | Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora