Pregnant in trouble - Jemma

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Advogada? Ah, essa vida! Quando era moleca, achava que essa profissão era a cara da justiça, sabe? Defender os fracos, dar um basta na injustiça - uma missão nobre, né? Aos 18 anos, recém-chegado na faculdade, eu já me imaginava no meio de um monte de processos, prazos pra cumprir, e a missão de provar meu valor numa galera competitiva. Lembro com um sorriso nostálgico (e um frio na barriga) daquela época. Era como um furacão de livros, códigos e a busca eterna por um café decente. Mas a paixão, meus amigos, a paixão era de verdade! Cada vitória, cada caso resolvido, era um passo na direção do meu ideal de justiça -  e, confesso, uma ótima desculpa pra brindar com um vinho.

Só que a vida, como toda boa advogada sabe, raramente é igual ao que a gente aprende nos livros. Ser uma mulher intersexual numa profissão tradicionalmente conservadora deu um toque…digamos, especial na minha trajetória. Olhares curiosos, cochichos (que, com a minha audição de advogada, eu decifrava na hora), e a sensação de ter que provar meu valor não uma, mas duas vezes. Era como ter que apresentar provas irrefutáveis não só da minha capacidade, mas também da minha… existência. Mas, como diria um juiz, a sessão tá aberta, e o show tem que continuar! A resiliência, que eu aprendi na marra na adolescência (uma história que eu conto depois), foi meu escudo e minha espada nessa batalha.

Falando em adolescência… Ah, essa fase! Uma sinfonia de autoconhecimento, dúvidas e a busca incessante pelo rímel perfeito (quem nunca?). Minha jornada de transição foi uma aventura e tanto, um labirinto de emoções, medos e momentos de solidão que só a arte, a literatura e a amizade de verdade de uns poucos conseguiram amenizar. Mas, olhando pra trás, não vejo fracassos, só lições valiosas, cicatrizes que contam uma história de superação, uma saga épica de autoconhecimento. E sim, algumas dessas cicatrizes ainda doem um pouco -  mas, como toda boa advogada, sei que até a dor pode ser usada a meu favor.

Minha família? Uma história em si mesma, um mix de amor incondicional e… bem, vamos dizer, incompreensão. Algumas almas caridosas abraçaram minha identidade de braços abertos, enquanto outras ainda estão… se adaptando. A comunicação, como em qualquer bom processo judicial, é a chave.  Conversas sinceras (mesmo que às vezes dolorosas) têm sido essenciais pra manter os laços familiares. E, quem sabe, um dia, todo mundo vai estar dançando na festa da minha vitória -  uma vitória pela aceitação e compreensão.

O futuro? Brillante, como um novo processo com chances de sucesso! A advocacia é mais do que uma profissão; é minha plataforma pra lutar por uma sociedade mais justa e inclusiva.  Minha jornada pessoal me ensinou a importância da resiliência, da empatia… e da capacidade de encontrar um bom vinho mesmo nos momentos mais difíceis.

- Jenna, por favor, só uma noite, você vai comigo! - implorou a Abie, seus olhos verdes brilhantes me hipnotizando. A semana tinha sido um inferno. A pilha de processos na minha mesa era digna de uma escavação arqueológica. Mas a Abigail, com aquele olhar de cachorrinho abandonado, era difícil de dizer não. O charme dela era uma arma de destruição em massa, uma mistura de doçura e travessura que me desarmava completamente.  E, sinceramente, quem consegue resistir a um bom charme?

- Não seja chata, Abie. Você sabe que estou ocupada, mas... tá bom, eu vou. -  minha voz cansada, mas meus olhos brilhavam com a promessa de uma noite divertida.

- Eu chata? Nunca! - ela retrucou, com um sorriso travesso. Adoro como ela consegue transformar qualquer situação numa comédia.  - Às sete em ponto. -  ordenou, antes de sair, irradiando elegância e um toque de arrogância que eu adorava.

Ri baixinho. A Abie queria que eu a acompanhasse na festa de aniversário das amigas dela. A gente se conheceu no casamento dos meus tios, onde as nossas famílias descobriram que eram amigas de longa data. A Abie, filha única de uma família rica, era mimada, mas tinha um coração de ouro. Os pais dela, gente encantadora, com corações tão generosos quanto suas contas bancárias.