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Ponto de Vista de Carol
Cheguei no quarto depois de um longo dia, pensando em como minha ausência nas redes sociais estava gerando comentários. Assim que entrei, vi Anne sentada na cama, completamente concentrada em um livro. O jeito como ela franzia levemente as sobrancelhas enquanto lia era irresistível, mas eu tinha outro plano em mente.
— Amor, vamos dar uma volta na praça? — perguntei, encostando no batente da porta com um sorriso.
Ela levantou os olhos do livro, curiosa.
— Na praça? Agora?— Sim! Quero aproveitar pra tirar pelo menos uma foto. Meus seguidores estão me mandando mensagem dizendo que eu sumi e estão achando que tem algo errado.
Anne riu, fechando o livro devagar.
— Então é isso? Você quer usar minha companhia como desculpa pra melhorar seu engajamento?— Claro que não! — brinquei, cruzando os braços e fazendo cara de ofendida. — Eu quero aproveitar o tempo com minha esposa maravilhosa e, de quebra, tirar uma foto pra lembrar como somos um casal lindo.
Ela rolou os olhos, mas já estava levantando da cama.
— Tudo bem, Carol, mas você vai me pagar um sorvete por essa "campanha de marketing".— Combinado! Sorvete duplo, se quiser.
Peguei minha câmera, e descemos as escadas rindo e trocando provocações. A noite estava perfeita, com o céu limpo e uma brisa leve. A praça estava calma, com apenas algumas crianças brincando e casais caminhando de mãos dadas.
Anne parou perto de um banco com um sorriso divertido.
— E aí, fotógrafa, qual vai ser o cenário da sua obra-prima?— Hmm… aqui mesmo, com as árvores ao fundo. Confia em mim, vai ficar perfeito.
Ela posou com aquele olhar que me fez me apaixonar por ela desde o início, e eu tirei algumas fotos. Depois, fiz questão de colocar o timer pra uma selfie de nós duas juntas.
— Pronto, amor, agora vou parar de ser cobrada pelos seguidores. — Sorri, enquanto olhava as fotos no visor.
— Só espero que eles saibam o quanto você precisou insistir pra me tirar da cama.
— Mas valeu a pena, não valeu?
Ela segurou minha mão e deu um beijo leve nos meus lábios.
— Sempre vale a pena quando estou com você, Carol.A caminho da sorveteria, eu caminhava de mãos dadas com Anne, enquanto revisava as fotos no celular, orgulhosa do nosso pequeno ensaio na praça. Estava distraída, escolhendo qual delas iria postar primeiro, quando, de repente, um garoto passou correndo ao meu lado e arrancou meu celular da mão.
— Ei! — gritei, instintivamente. Meu coração disparou, e eu fiquei paralisada por um segundo.
Anne imediatamente tentou me acalmar, mas eu estava desesperada. Não era só o celular; eram as fotos, mensagens, e tudo o que ele significava.
Foi então que algo inesperado aconteceu. Uma menina, que parecia ter uns 13 anos e que eu nem tinha notado ali perto, se levantou rapidamente do canto onde estava sentada. Ela tinha um olhar decidido e, sem hesitar, saiu correndo atrás do garoto.
— O que está acontecendo? — Anne perguntou, ainda tentando entender a situação.
Eu só consegui apontar para a cena, completamente incrédula. A menina, que claramente parecia viver na rua, estava correndo com uma agilidade impressionante. Antes que eu pudesse processar o que estava acontecendo, ela alcançou o garoto, usou um movimento rápido e preciso para desequilibrá-lo, e arrancou meu celular da mão dele.