𝗦𝘁𝘂𝗯𝗯𝗼𝗿𝗻 𝗯𝗼𝘆 | Chanmin

𝗕ô𝗻𝘂𝘀 𝗽𝗮𝗿𝘁 𝟭

Os últimos meses haviam sido intensos. Chan sentia o peso da pressão a cada vez que seus olhos encontravam os de Seungmin. Tudo por causa de um único vídeo, uma ameaça silenciosa capaz de destruir sua vida perfeita e desmoronar tudo o que ele havia construído até então. Aquilo seria o ápice da ruína, um golpe certeiro em seu mundo impecavelmente planejado.

Seungmin era a personificação do caos, a desgraça moldada em carne e osso. Seus óculos de lentes grossas escorregavam constantemente pelo rosto, enquanto seu sorriso ousado, carregado de malícia, parecia ter um significado que apenas Chan conseguia decifrar. Sua postura sempre ereta e o ar desafiador eram como uma provocação constante, um lembrete incômodo de que ele era muito mais perigoso do que aparentava.

Christopher passou a evitá-lo a todo custo, convencido de que essa era a melhor escolha para o seu próprio bem. Se não olhasse para ele, se não cruzasse seu caminho, talvez pudesse manter aquele pesadelo contido, trancado no fundo de sua mente. Durante meses, ele esquivou-se, traçando caminhos alternativos e desviando o olhar sempre que sentia a presença de Seungmin por perto. Mas, por mais que a aparência do garoto sugerisse uma coisa, a verdade era outra — muito mais complexa e inquietante.

Porém, evitar o problema não o faria desaparecer como mágica. Seungmin sempre estava ali, à espreita, como uma sombra sorrateira, aguardando o momento perfeito para atacar.

Ele não era uma ameaça óbvia, como alguém grande e armado, mas algo muito mais sutil e, talvez, mais perigoso. Sua presença discreta, combinada com um jeito desajeitado, fazia com que poucos desconfiassem da sua verdadeira natureza. Mas Chan sabia — e esse conhecimento o deixava em alerta constante. Seungmin tinha o dom de transformar qualquer situação em um jogo mental no qual ele sempre parecia estar no controle.

No final de mais um treino exaustivo de basquete, Chan respirava ofegante, os pulmões queimando enquanto o suor escorria pelo rosto. Ele caminhava até a arquibancada, tentando relaxar os músculos tensos, quando seus olhos captaram uma figura conhecida. Seungmin descia lentamente os degraus, a mão segurando a alça da mochila com uma calma que parecia quase teatral. Cada passo soava para Chan como o prenúncio de algo inevitável, como uma melodia tensa que só ele conseguia ouvir.

No último degrau, Seungmin ergueu o olhar, e seus olhos encontraram os de Chan. O jogador ficou imóvel, sentindo o peito subir e descer rapidamente — agora não apenas pelo esforço físico, mas pela onda de emoções que o atingiu. Desde o último encontro, meses atrás, Seungmin tinha o talento infalível de mexer com ele de uma forma que ninguém mais conseguia.

Seungmin abriu um sorriso enviesado, quase imperceptível, mas suficiente para provocar calafrios em Chan. Era o tipo de sorriso que dizia: "Eu sei algo que você não quer que ninguém mais saiba."

Impulsionado por uma mistura de raiva e medo, Chan saltou o pequeno muro que separava a quadra da arquibancada e caminhou até Seungmin com passos rápidos, determinados. Ele agarrou o braço do garoto com força, sem se importar se estava machucando, e o arrastou até o vestiário vazio, onde finalmente parou.

— Dá pra largar meu braço? — reclamou Seungmin, esfregando o local com uma expressão de dor exagerada. — Sério, hyung, você precisa aprender a controlar essa agressividade.

— O que você está fazendo aqui? — Chan ignorou o comentário, a voz carregada de tensão. — Tem ideia do que está fazendo? Tem noção do risco que é você aparecer assim, caralho?

Seungmin arqueou uma sobrancelha, o sorriso agora abertamente zombeteiro.

— Risco? — repetiu, com falsa inocência. — Eu só vim ver meu jogador favorito. Não posso? Pensei que você gostasse de apoio moral.