Ecos no Silêncio

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Nightmare: Além da Floresta

Capítulo 19: Ecos no Silêncio

A manhã estava cinzenta e abafada em Central City, como se a própria natureza estivesse retendo o fôlego. Dentro da delegacia, o xerife Trevor Grace olhava para uma pilha de relatórios que se acumulavam em sua mesa. Cada papel parecia mais pesado que o anterior, carregado de acusações, investigações inacabadas e mistérios não resolvidos. Assassinatos, roubos, desaparecimentos... e, como uma sombra constante, a floresta de pinheiros aparecia em quase todos os casos.

Trevor passou as mãos pelo rosto, cansado. Seus olhos vasculhavam a bagunça de relatórios, conectando os fios invisíveis que ligavam aquelas histórias trágicas ao mesmo lugar. Ele pegou um dos papéis mais recentes, um registro de uma denúncia de estupro que terminava com a descrição da vítima sendo "engolida pela escuridão entre as árvores". Outro arquivo continha um caso de assassinato brutal, onde o corpo foi encontrado mutilado na borda da floresta, sem pistas sobre o agressor. E então havia os desaparecimentos – famílias inteiras simplesmente sumindo, como se nunca tivessem existido.

"Merda!" Trevor exclamou, jogando o relatório de volta na mesa. A tensão em sua voz ecoou pelo escritório vazio. Ele se levantou, andando de um lado para o outro, como uma fera enjaulada. "Como essas coisas podem acontecer bem embaixo do meu nariz?" Ele deu um soco na mesa, fazendo a pilha de papéis estremecer.

O xerife Trevor era conhecido por ser um homem prático, alguém que lidava com fatos concretos. Mas, nos últimos meses, ele sentia como se estivesse lutando contra algo que não podia ver, tocar ou entender. A floresta estava viva, pelo menos no imaginário coletivo da cidade, e agora parecia se alimentar da própria essência de Central City.

Ele pegou o telefone e discou rapidamente. "Preciso de reforços," disse, antes mesmo de ouvir a voz do outro lado. "Sim, da capital. Precisamos descobrir o que diabos há nessa maldita floresta nem que eu tenha que derrubar essa desgraça inteira. Não importa o que custe." Ele desligou o telefone abruptamente, com a mandíbula tensa. "Nem que eu tenha que fazer isso com minhas próprias mãos."

Trevor olhou para a janela de sua sala, de onde podia ver as copas das árvores que cercavam a cidade como uma muralha de sombras. Ele não sabia explicar, mas sentia que, de alguma forma, a floresta estava escutando.

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Mais Adiante, Próximo à Floresta

Enquanto isso, a alguns quilômetros dali, em uma área aberta que marcava a entrada da floresta, um grupo de jovens desembarcava de um carro velho e barulhento. Eles riam e brincavam enquanto desciam com suas mochilas e equipamentos de acampamento. Eram quatro no total: dois rapazes e duas moças, todos aparentando não mais que 20 anos. A empolgação era palpável, mas também havia um tom de ignorância inconsciente em cada palavra que trocavam.

"Uhuuu Isso vai ser incrível!" disse um dos garotos, Jason, enquanto ajustava a mochila nas costas. "Eu ouvi dizer que essa floresta tem as melhores paisagens de toda a região."

"Você só ouviu isso porque é burro," brincou Olivia, uma das garotas, revirando os olhos. "Todo mundo sabe que essa floresta é cheia de histórias de terror. Você quer ser uma dessas lendas urbanas?"

Jason riu, balançando a cabeça. "Lendas são só isso, Olivia. Lendas."

"Bem, eu não gosto disso," murmurou Ellie, a outra garota do grupo, olhando para as árvores altas que pareciam se estender infinitamente. "Algo não parece certo."

"Ah, relaxa," respondeu Mike, o último do grupo, enquanto pegava uma lanterna de sua mochila. "Se algo aparecer, a gente só corre mais rápido que o Jason, e tá tudo certo."

Todos riram, mas Ellie não conseguiu relaxar. Havia algo estranho no ar – uma sensação de que estavam sendo observados, embora não houvesse ninguém por perto.

O grupo começou a entrar na floresta, seguindo uma trilha que Jason tinha marcado em seu mapa. Eles riam, tiravam fotos e faziam piadas, mas, conforme as árvores ficavam mais densas, a luz do sol parecia desaparecer gradualmente.

Ellie olhou para trás, vendo a entrada da floresta desaparecer entre as sombras. "Vocês perceberam como está ficando mais escuro?" perguntou, tentando soar casual.

"É só sua imaginação," respondeu Jason, mas até ele parecia hesitar ao olhar para a escuridão crescente ao seu redor.

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De Volta à Delegacia

Trevor estava em sua mesa, revisando os relatórios mais uma vez, quando a porta da delegacia se abriu com força. Whitney Davy, a policial local que trabalhava ao seu lado, entrou carregando uma pilha de papéis.

"Xerife, mais dois casos de desaparecimento," disse ela, jogando os relatórios na mesa. "E adivinha? Todos relacionados à floresta."

Trevor suspirou, sentindo o peso da responsabilidade sobre seus ombros. Ele abriu um dos arquivos, lendo rapidamente os detalhes. A descrição era perturbadoramente familiar: um grupo de jovens que decidiu acampar na floresta havia desaparecido sem deixar rastros.

"Não podemos ignorar isso," disse Whitney, cruzando os braços. "Essa floresta está nos engolindo. E não sabemos o que estamos enfrentando."

"Então vamos descobrir," respondeu Trevor, sua voz firme. "Eu já chamei reforços, mas não podemos esperar. Pegue o que puder. Vamos entrar naquela floresta e descobrir o que diabos está acontecendo."

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No Coração da Floresta

O grupo de jovens havia montado acampamento em uma clareira. As árvores ao redor pareciam crescer mais altas e mais próximas, como se estivessem tentando encurralar os intrusos.

Jason estava reunindo madeira para a fogueira, enquanto os outros preparavam as barracas. O silêncio era absoluto, quebrado apenas pelo som de folhas sendo pisoteadas.

De repente, Ellie ouviu algo. Um som baixo, quase imperceptível, como se alguém estivesse sussurrando seu nome.

"Vocês ouviram isso?" perguntou, mas ninguém respondeu.

Ela olhou para a floresta, seus olhos fixando-se em um ponto escuro entre as árvores. Algo estava lá, mas antes que pudesse gritar, Jason voltou com a madeira, rindo e quebrando a tensão.

"Ellie, você precisa relaxar!" ele disse, jogando os galhos no chão.

Mas Ellie sabia que algo estava errado. Ela sabia que a floresta estava viva – e estava observando.

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