O primeiro a acordar foi Saulo.
Por um momento, ele não se lembrava de onde estava e levou um susto quando viu que Tomás estava grudado nele.
Imediatamente, os últimos acontecimentos vieram à mente de Saulo que sentiu-se mais uma vez agradecido por Tomás estar vivo.
O rosto do rapaz ainda estava com os ferimentos bem visíveis, o que deixou Saulo profundamente cheio de remorsos por não ter podido impedir aquilo.
Era estranho, ele reconhecia, como que, de repente, ele se sentia completamente responsável por Tomás. Era como se uma conexão instantânea tivesse nascido entre os dois. Quem os visse naquele momento, jamais acreditaria que há tão pouco tempo eram sequestrador e sequestrado.
Para Saulo era como se a vida estivesse lhe dando uma lição amarga. Ele havia realmente irritado o patrão na noite anterior. Certamente, o deputado tinha ficado puto da vida quando se viu enganado daquele jeito.
Não seria surpresa pra ninguém se Lemos demitisse os dois homens que tinham a obrigação de vigiar Saulo.
Dois homens para sequestrarem Tomás...dois homens para perseguir Saulo...era evidente que a coisa estava se tornando cada vez mais séria.
Saulo não duvidava de que Lemos fosse capaz de matar alguém para conseguir o que queria que era se manter no poder...se reeleger mais uma vez. Talvez, ele quisesse ocupar aquele cargo pelo tempo que fosse possível...talvez até alcançar cargos mais altos dentro do governo.
Saulo agora sabia que também era um procurado por Lemos e se o deputado não havia expedido junto à polícia um mandato de prisão para os dois, ele e Tomás, era porque o político não queria envolver a polícia naquilo. Essa atitude, certamente, levantava mais suspeitas sobre que tipo de segredo guardado por Letícia seria capaz de ameaçar tanto aquela reeleição.
Tomás se remexeu nos braços de Saulo e se aninhou mais ainda em seu peito, fazendo uma expressão de dor como se tivesse um sonho ruim.
Instintivamente, Saulo o abraçou e descansou o queixo na cabeleira negra e vasta do seu acompanhante fazendo um carinho.
O cheiro de outro homem...o cheiro de Tomás...a presença de outro homem ali tão perto realmente era perturbador.
Ele achou que estava um pouco confuso quanto aos seus sentimentos...Era simplesmente aquele senso de proteção e de responsabilidade o invadindo mais uma vez, Saulo tentou se convencer, mas em algum lugar de sua mente sabia que aquilo era mentira. Havia algo mais ali!
Todo aquele desespero...toda aquela aflição...todo aquele pavor de que machucassem Tomás... aquela sensação pavorosa de que nunca mais fosse vê-lo realmente era um sinal de alerta, Saulo admitiu.
Ele estava gostando de Tomás mais do que havia percebido...ele estava se sentindo dependente da presença de Tomás mais do que havia admitido e, de repente, ele se lembrou da noite em que havia dormido ao lado de Tomás fingindo ser Letícia.
Saulo poderia até ainda estar sob o efeito dos medicamentos que havia tomado devido ao acidente de carro que havia sofrido, mas ele estava lúcido o suficiente para se lembrar de cada detalhe daquela noite.
Não havia naquele corpo os seios fartos e macios de uma mulher...não havia uma fenda entre duas coxas macias e roliças onde ele pudesse enfiar o rosto para sentir o cheiro de uma fêmea...não havia o cheiro que ele estava acostumado a sentir quando estava nu na cama com uma mulher.
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SEM SAÍDA-Armando Scoth Lee-romance gay
RomanceIMPRÓPRIO PARA MENORES- Aquela poderia ter sido apenas mais uma noite entediante no Bar do Jordão, um barzinho miserável de beira de estrada e que era uma parada obrigatória para vários caminhoneiros....Uma jovem enigmática que se destaca no ambie...