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O dia estava nublado e frio desde que Jimin saira de casa. Mas parecia diferente, de alguma forma. Mais sombrio, carregado e forte que o normal. Ela sabia que era besteira, mas era a sensação que tinha.

A pressão no ar era palpável. Ela não sentira nada parecido desde que era jovem e saira em missão com seus pais. Aquele dia também tinha terminado de forma trágica.

Respirando fundo, ela olhou em volta. Estava numa parte bastante devastada da margem leste da cidade. Havia prédios destruídos para onde quer que olhasse. Telhados e andares superiores em pedaços, cheios de fendas, como uma fileira de dentes arruinados. As cicatrizes do tempo, a fumaça, a poeira e a destruição, estavam espalhadas por todo canto.

Aquela região fora literalmente abandonada.

A sua frente estava Aeri, fazendo reconhecimento da área. A lealdade daquela guerreira era algo admirável. Jimin sabia que ela a seguiria até as chamas do inferno se fosse necessário. Uma descrição bem adequada para alguns dos lugares pelos quais já haviam passado no decorrer dos anos.

Estava prestes a se juntar a ela quando aconteceu, aquela sensação desagradável, queimando-a como ácido, obrigando-a a fechar as mãos em punhos. Algo estava muito errado. Ela levou a mão ao bolso da jaqueta, pegou o celular e ligou para casa. Tocou e tocou. Ninguém atendia.

Respirava com dificuldade, seu peito subia e descia com violentas contrações.

Percebendo sua reação, Aeri se aproximou a passos largos.

– O que aconteceu? – Perguntou visivelmente preocupada.

Eles a levaram – respondeu Jimin trincando os dentes. Podia sentir que sua aura enfraquecia. Levavam-na para algum lugar, longe do dominio dela.

Seu coração deixou escapar toda sua fúria, uma onda de frio negro e profundo que fez o chão a sua volta oscilar.

Aeri deu alguns passos para trás, afastando-se daquela pressão esmagadora enquanto ela tornava a fazer uma ligação.

Sunoo atendeu o telefone.

– Alguém entrou na casa! Ningning está...

– Deixe-me falar com ela! – gritou Jimin.

Ningning pegou o telefone um momento depois. Estava ofegante.

– Não cheguei a tempo de...

– Viu Minjeong?

– Não está na casa, minha senhora.

Jimin soltou outro rugido, sentindo que as construções em volta dela a esmagavam. Aquilo não era uma coincidência, ele havia a afastado de sua residência para que pudesse agir. Aquele maldito traidor iria pagar com sua vida.

E, então, Jimin pensou em Woonyoug. No final das contas, seu irmão havia assinado a própria sentença de morte, e sua perda ia destroçá-la.

Balançou a cabeça tristemente ao pensar que teria de matar alguém a quem ela amava tanto, depois de tudo o que tinha suportado como sua companheira.

Obrigou-se a respirar fundo. Só conseguiu fazê-lo uma vez antes de voltar a arquejar.

– Ningning preciso que você lide com toda a situação aí.

A ligação foi encerrada.

A violência de Jimin era tão profunda, tão feroz, que cobriu de geada o ar a sua volta. O chão oscilou lentamente, como se pudesse ser suspenso por aquela pressão. Sempre soube que era capaz de gerar uma ira monumental. Mas a que ia descarregar sobre aqueles que levaram Minjeong seria registrada nos livros de história.

Moonless Night - WinRinaOnde histórias criam vida. Descubra agora