No dia do seu 25º aniversário, Ella Harris descobre que será demitida e deixada com apenas 20 dólares pelo chefe. Com o aluguel vencendo em três semanas e nenhuma solução à vista, ela se encontra à deriva. Em um momento de puro desespero, acaba para...
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Ella caminhava pelas ruas de Reseda, o sol da tarde aquecendo sua pele enquanto a brisa leve ajudava a amenizar o calor. Seus pensamentos estavam distantes, voltando constantemente ao treino da noite anterior. Algo naquele dojo a fazia se sentir diferente, como se tivesse finalmente encontrado um espaço onde poderia crescer e aprender, mesmo quando tudo em sua vida parecia estar desmoronando.
E, claro, havia Daniel.
A conexão entre eles era difícil de ignorar. Ele não era apenas um chefe gentil que lhe dera um emprego quando ela precisava desesperadamente; ele também era alguém que parecia compreendê-la de uma maneira que ninguém mais fazia. Mas ao mesmo tempo, Ella sabia que havia barreiras ali – sua diferença de idade, suas vidas tão distintas, e a posição dele como seu mentor.
Chegando à concessionária, Ella empurrou as portas de vidro e encontrou Daniel ao telefone, a testa levemente franzida enquanto ouvia atentamente. Ele levantou os olhos quando ela entrou, e um sorriso suave substituiu a preocupação em seu rosto.
"Bom dia," disse ele, cobrindo o telefone com a mão por um instante.
"Bom dia," respondeu ela, sentindo um calor inesperado no peito.
Ela foi até sua mesa e começou a organizar os papéis que ficaram da tarde anterior. Embora tentasse se concentrar no trabalho, sua mente continuava voltando para o dojo e para o convite de Daniel para um treino particular naquela noite.
Ao final do expediente, Ella foi para o dojo, sentindo uma mistura de ansiedade e expectativa. O espaço estava vazio, exceto por Daniel, que ajustava o tatame com precisão. Ele usava um kimono preto simples, que destacava sua postura ereta e segura.
"Chegou cedo," disse ele, olhando para ela com um leve sorriso.
"Eu queria ter certeza de que não ia atrapalhar," respondeu Ella, ajustando os cachos atrás da orelha.
"Você não atrapalha, Ella," disse ele, sua voz carregada de uma gentileza que a desarmava.
Ele começou a guiá-la através de um novo kata, explicando cada movimento com paciência. Ella tentou imitar sua postura, mas a execução parecia desajeitada.
"Você precisa relaxar mais," disse Daniel, se aproximando para ajustar a posição de seus braços. Sua mão tocou levemente o cotovelo dela, enviando um arrepio pela espinha de Ella.
"Assim," continuou ele, movendo o braço dela com cuidado. "Pense no movimento como uma extensão de sua respiração."
Ella respirou fundo, tentando ignorar o calor de sua proximidade. Mas era quase impossível não sentir a tensão no ar, como se ambos estivessem conscientes demais da presença do outro.
"Melhor," disse Daniel, recuando um pouco, mas seus olhos permaneceram fixos nos dela por um instante a mais.
A porta do dojo se abriu de repente, quebrando o momento. Sam entrou, seguida por Miguel e Demetri.
"Espero que não estejamos interrompendo," disse Sam, olhando curiosa para Ella.
"Claro que não," respondeu Daniel, mudando rapidamente seu tom para o habitual ar de mentor. "Na verdade, é uma boa oportunidade para Ella observar vocês."
Ella sentiu um alívio misturado com um pouco de constrangimento, mas rapidamente se juntou ao grupo. Sam era especialmente acolhedora, mostrando os movimentos com paciência enquanto Miguel e Demetri faziam piadas ocasionais para aliviar a tensão.
"Você está indo bem," disse Miguel, depois de vê-la executar um chute básico.
"Obrigada," respondeu Ella, rindo. "Vocês fazem parecer fácil, mas é bem mais difícil do que parece."
"Com o tempo, você se acostuma," disse Sam. "Meu pai sempre diz que o progresso é lento, mas constante."
Ella olhou para Daniel, que estava observando de perto. Ele sorriu levemente, mas havia algo em seu olhar – uma mistura de orgulho e algo mais que ela não conseguia decifrar.
Depois que os jovens foram embora, Daniel sugeriu que Ella ficasse para mais alguns minutos.
"Quero te mostrar algo," disse ele, pegando dois bastões de madeira do canto do dojo.
"Armas agora?" perguntou Ella, arqueando uma sobrancelha.
"Não exatamente," respondeu Daniel, rindo. "Isso é mais sobre controle e precisão. Confie em mim."
Eles começaram a praticar juntos, os bastões se cruzando em movimentos lentos e rítmicos. Daniel guiava Ella com paciência, ajustando seus movimentos e oferecendo dicas.
"Você tem talento para isso," disse ele, após alguns minutos.
"Eu acho que você está exagerando," respondeu Ella, rindo.
"Não estou," insistiu ele, seus olhos fixos nos dela. "Você tem mais força do que pensa, Ella."
As palavras dele a atingiram de uma maneira inesperada. Não era apenas o elogio em si, mas a maneira como ele disse, como se realmente acreditasse nela.
"Obrigada," disse ela, sua voz quase um sussurro.
Daniel deu um passo para trás, percebendo a intensidade do momento. Ele sabia que havia algo crescendo entre eles, algo que ele não tinha certeza de como lidar.
Naquela noite, enquanto caminhava de volta para casa, Ella não conseguia parar de pensar nele. Daniel não era apenas um mentor ou um chefe; ele era alguém que fazia com que ela se sentisse vista, valorizada. Mas ela também sabia que aquilo era complicado. Ele tinha 55 anos, ela apenas 25. Ele era seu chefe, seu professor, e vinha de um mundo completamente diferente do dela.
E ainda assim, ela sentia que havia algo ali, algo que não podia ser ignorado.
Do outro lado da cidade, Daniel estava sentado em sua varanda, olhando para o dojo vazio. Ele sabia que os sentimentos que começavam a surgir por Ella eram inapropriados. Ela era jovem, tinha toda uma vida pela frente, enquanto ele estava em uma fase completamente diferente.
Mas, ao mesmo tempo, ele não podia negar a conexão entre eles. Ela era forte, determinada, e havia algo nela que o fazia se sentir vivo de uma maneira que não sentia há anos.
Ele suspirou, passando a mão pelos cabelos. "Isso é uma loucura," murmurou para si mesmo.
Mas, no fundo, ele sabia que algumas coisas simplesmente não podiam ser evitadas.
No dia seguinte, Ella chegou à concessionária com uma mistura de ansiedade e expectativa. Daniel já estava lá, como sempre, mas havia algo diferente no ar.
"Bom dia," disse ela, tentando parecer casual.
"Bom dia," respondeu ele, oferecendo um sorriso que parecia um pouco mais hesitante do que o normal.
Os dois passaram o dia evitando conversar sobre o que estava crescendo entre eles, mas o silêncio dizia mais do que qualquer palavra. Ambos sabiam que estavam caminhando por um terreno perigoso, mas nenhum deles parecia disposto a recuar.
E, enquanto o sol se punha sobre Reseda, ambos se perguntavam quanto tempo poderiam continuar ignorando o que já era óbvio para os dois.