capítulo 16

7 3 0
                                    

A dor dilacerante queimou meu rosto. Eu estava tomada por ódio e mágoa.

Meu próprio irmão fez um pacto com quem mais me odeia. Isso era surreal. A dor que se espalhou por mim não se comparava às situações que meu pai me fazia passar. Era como se tudo estivesse vindo à tona novamente.

Senti-me como quando tinha cinco anos, quando meu pai me desprezava e minha mãe não o repreendia. No final do dia, eles bebiam e riam enquanto eu chorava no meu quarto, desejando a morte ou sonhando em ser adotada por alguém que realmente quisesse cuidar de mim.

Pensando agora, é triste imaginar uma criança desejando algo assim.

Ben tentava esconder suas emoções, mas era evidente a satisfação estampada em seu rosto contido.

— Sua vagabunda! — meu pai gritou.

— QUE PORRA ESTÁ ACONTECENDO NA MINHA CASA? — A voz de Adam soou mais irritada do que jamais o ouvi antes.

Seus olhos eram um turbilhão de pensamentos. Ao olhar para mim e para meu irmão, ele se ajoelhou e me levantou.

Não queria me iludir, mas aquilo foi, sem dúvida, a atitude mais impressionante que já vi de Adam. Ninguém nunca ousou questionar meu pai. Mesmo quando ele estava errado, todos concordavam com seus atos. Ele tinha o poder de manipular o caráter de muita gente. Menos Adam.

Adam parecia não se importar com quem meu pai era ou o que ele podia fazer com sua empresa. Já vi isso antes. Meu pai, Sr. Carlos, é o maior advogado da região, com conexões poderosas. Com uma ligação, ele manda e desmanda.

Ver Adam ali, pronto para enfrentar qualquer um para me proteger, fazia borboletas dançarem no meu estômago. Era uma sensação incrível ter alguém ao meu lado.

— Toque na Elizabeth novamente, e eu não serei tão compreensivo. — Adam, protetor, me colocou atrás de seu grande corpo, como um muro entre mim e o perigo.

— Saia da frente! Eu vim buscar minha filha! — Filha? Nunca o ouvi dizer essa palavra antes. Ainda mexe comigo. Não queria mais chorar; meus olhos já estavam doloridos. Tudo o que eu queria era paz.

— Eu não vou a lugar nenhum — declarei, me impondo. — Não vivi tudo o que vivi para hoje ser humilhada e desprezada. Chega! Decidi que não vou mais ser pisada, e não volto atrás.

— Saia daqui! — ordenei.

Todos me olharam. Nanci me lançou um olhar de compaixão, mas foi dispensada por Adam. Admito que gostaria de ir com ela, me afundar no silêncio e descansar.

Mas o Sr. Carlos nunca permitiria isso.

— Você acha que manda, sua puta ridícula? — Ele avançou na minha direção. — Qual seria sua reação se acordasse com seu irmão me ligando, dizendo que você o xingou e o desafiou antes de sair de casa? E ainda pior, se casar com esse bastardo só para ter onde morar?

Ele ligou para meu pai e mentiu? Por que faria isso comigo? Ben sempre foi doce, mas agora parecia um homem sem alma, com um sorriso maldoso zombando de toda a situação.

— Foda-se o que ele disse para você. Eu não vou a lugar nenhum. — Ele veio furioso na minha direção. Adam se colocou na minha frente enquanto segurava meu pulso.

— Pense bem no que vai fazer, porque eu não terei pena de mandar meus guardas abrirem fogo — disse Adam, com raiva.

Quanto mais ele falava, mais apertava minha mão. O jeito bruto dele fazia meus dedos começarem a ficar dormentes.

Esqueci totalmente a dor no meu rosto. Agora, só sentia que Adam estava prestes a quebrar meu pulso.

— Não ameace meu pai, seu filho da puta — disse Ben, com uma voz fria do outro lado.

— AMEAÇAR? VOCÊS ACHAM QUE PODEM INVADIR MINHA CASA E IMPOR SUAS MERDAS? — Minha mão já estava roxa. Tentei me soltar, mas ele apertava ainda mais.

— ESSA É A PORRA DA MINHA CASA! Saiam daqui ou eu vou tirá-los à força!

— Eu não vou sair daqui sem a minha filha.

Sentia ânsia toda vez que ele dizia essa palavra se referindo a mim. Adam era uma das poucas pessoas que eu realmente não gostava. Fizemos um trato, e, pelo que parecia, ele estava cumprindo sua parte.

Eu, claro, nunca iria com meu pai ou Ben. Mas essa era minha chance de me impor e cortar os laços frágeis que ainda existiam entre nós.

— Repito: eu não vou a lugar nenhum com vocês dois.

Adam me olhou como se entendesse meu tom de voz. Eu estava cansada e queria apenas fugir de tudo e de todos.

Em um gesto suave, ele soltou meu pulso, e senti o sangue circular novamente na mão.

— Sua ingrata! Quem você pensa que é? — Não acreditei ouvir essas palavras de Benjamin, mas ali estavam.

— Ela é minha esposa. Entenda que ela não vai a lugar nenhum. — Adam sorriu, e aquele sorriso, com sua cicatriz perto do olho e linhas de expressão marcantes, era inesquecível.

Carlos e Ben me olharam como se estivessem planejando vingança. Mesmo depois de dias, eu sabia que eles voltariam.

— Se você se casar com ele, vai se ver comigo. —Benjamin diz pra mim.

— Que se dane! Ela agora é minha. E a casa também. Vão embora antes que eu perca a paciência de verdade.

Os dois perceberam que não havia mais nada a fazer além de planejar minha destruição.

Adam os acompanhou até a porta, enquanto eu fiquei ali, no meio da sala, com meus pensamentos.

Até ouvir:

— Parabéns, Adam. Você arrumou mais um inimigo. — Era a voz de Benjamin antes de sair.

Não era hora de pensar no que eles poderiam estar planejando. Eu precisava me concentrar apenas no casamento de amanhã.

°°°
Oi gente! ♡
Desculpa o sumiço kkk
Vou tentar me organizar pra   postar mais. Mas então ... vocês estão gostando do livro?e no  quê eu posso melhorar?
Comente aqui por favor ♡♡♡

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: 3 days ago ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

A todo Poder Onde histórias criam vida. Descubra agora