"oficializados"

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O dia fora calmo, marcado por momentos tranquilos e leves trocas de risadas entre Ekko e Jinx. Eles haviam passado a manhã juntos, preparando um almoço simples e compartilhando histórias antigas. Quando a tarde chegou, Jinx, sentindo o cansaço habitual da gravidez, sugeriu algo mais relaxante.

— Vamos assistir um filme — ela disse, jogando-se no sofá com um suspiro dramático.

— Um filme? — Ekko perguntou, erguendo uma sobrancelha enquanto arrumava os travesseiros para ela. — Beleza. Você escolhe.

Jinx percorreu as opções na tela por alguns minutos, mordendo o lábio como se aquilo fosse uma grande decisão. Finalmente, ela escolheu um romance com um tema central que girava em torno de compromisso.

— Sério? Romance? — Ekko perguntou, com um sorriso brincalhão.

— Shh, você disse que eu podia escolher — respondeu Jinx, dando-lhe um olhar desafiador.

Ekko ergueu as mãos em rendição e sentou-se ao lado dela, puxando-a gentilmente para que se aconchegasse contra ele.

O filme começou, e logo a trama envolveu os dois. Era sobre um casal que superava as dificuldades para finalmente se casar, uma história cheia de momentos emocionantes e declarações sinceras. Jinx ficou quieta durante a maior parte do tempo, o que não era comum. Ekko notou como seus olhos brilhavam em algumas cenas e como ela parecia particularmente tocada pelas juras de amor no altar.

Quando o filme terminou, o silêncio se estendeu pela sala. Ekko olhou para Jinx, que ainda estava absorta, com o olhar distante.

— O que você achou? — ele perguntou, interrompendo seus pensamentos.

— Foi bom... — disse ela, hesitando um pouco. — Meio clichê, mas bom.

Ekko riu suavemente.

— Clichê é um jeito bonito de dizer que você amou.

Ela deu um soco de leve em seu ombro, mas não negou. Após alguns minutos de silêncio confortável, ela virou-se para ele, a expressão curiosa.

— Você já pensou sobre isso?

— Sobre o quê? — perguntou Ekko, embora soubesse exatamente a que ela se referia.

— Casamento — respondeu Jinx, baixinho, quase como se estivesse com medo da palavra.

Ekko ficou quieto por um momento, seu olhar suavizando enquanto observava o rosto dela.

— Talvez — disse ele finalmente. — Mas não é algo que eu achava que precisávamos discutir agora.

— E por quê não? — perguntou Jinx, cruzando os braços e encarando-o.

— Porque... bom, estamos passando por tanta coisa já, com o bebê e tudo mais...

— Ekko. — A voz dela cortou gentilmente, mas firme. — Eu não tô falando de um grande evento, com um vestido branco e convidados. Tô falando de nós. Só nós dois.

Ekko respirou fundo, um sorriso pequeno surgindo em seus lábios.

— Nesse caso... acho que já estamos casados, de certa forma.

Jinx o olhou por alguns segundos antes de sorrir.

— Então vamos oficializar. Agora.

— Agora? — Ekko perguntou, surpreso.

— Agora — confirmou ela, levantando-se do sofá e puxando-o pela mão.

Eles foram até o jardim pequeno atrás da casa, onde a lua brilhava intensamente no céu. Jinx parou, segurando as mãos de Ekko enquanto olhava em seus olhos.

— Tá bom, o que a gente diz agora? — perguntou ela, com um sorriso travesso.

Ekko riu, balançando a cabeça.

— Tá bom. Eu começo.

Ele apertou suavemente as mãos dela e olhou para o rosto que ele tanto amava.

— Jinx, eu prometo estar com você em tudo. Nos momentos bons e nos difíceis, com risos ou lágrimas, caos ou calma. Eu prometo cuidar de você, do nosso bebê e de tudo que formos construir juntos.

Jinx piscou rapidamente, tentando esconder a emoção, e depois deu de ombros, fingindo despreocupação.

— Tá bom, minha vez. Ekko, eu prometo... tentar não explodir coisas demais. — Ela sorriu enquanto ele revirava os olhos, e então continuou, mais séria. — E prometo ficar ao seu lado, não importa o quão difícil ou maluco o mundo fique. Você é meu parceiro. Sempre vai ser.

Eles ficaram em silêncio por um momento antes de Ekko puxá-la para beijo calmo.

— Casados, então? — ele perguntou, a voz abafada contra o cabelo dela.

— Casados — respondeu Jinx, com um sorriso que ela não conseguia esconder.

E naquela noite, sob a lua e as estrelas, sem testemunhas ou documentos, eles fizeram uma promessa que sabiam que duraria.

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A noite estava silenciosa, interrompida apenas pelo som suave do vento soprando lá fora. Jinx estava deitada na cama, o corpo ainda relaxado depois das horas de intimidade com Ekko. Ele já havia adormecido, respirando de forma profunda e tranquila ao lado dela, com o braço estendido sobre sua cintura, como se instintivamente quisesse protegê-la, mesmo dormindo.

Jinx, no entanto, não conseguia fechar os olhos. Seu olhar estava fixo no teto, mas sua mente vagava por memórias antigas, por versões de si mesma que ela quase não reconhecia mais.

Casada com Ekko.

A ideia parecia surreal, algo que ela nunca teria imaginado há alguns anos. Naquele tempo, o amor e a estabilidade eram conceitos tão distantes quanto as estrelas no céu. Tudo o que ela conhecia era o caos, a raiva e a solidão. Mas agora, ali estava ela: grávida, deitada ao lado de alguém que a amava de verdade, alguém que ela sabia que nunca a abandonaria.

Um sorriso suave escapou dos lábios dela. Como isso aconteceu? Quando ela se permitiu ser feliz desse jeito?

Ela virou a cabeça para olhar Ekko, observando as linhas suaves do rosto dele à luz da lua que entrava pela janela. Ele parecia tão sereno, tão confiante mesmo em seus sonhos.

"Eu nunca achei que teria algo assim," pensou Jinx. "Nunca achei que ficaria com alguém como ele. Nunca imaginei que ficaria com o garoto Salvador. Que alguém acreditaria em mim o suficiente para ficar."

Ela suspirou, deslizando a mão para segurar suavemente a dele, ainda descansando em sua barriga. Um arrepio percorreu sua pele ao lembrar de como ele havia sussurrado para ela mais cedo, durante o "casamento" improvisado, prometendo cuidar dela e do bebê. Ele fazia tudo parecer tão fácil, tão certo.

"Se alguém me dissesse anos atrás que eu estaria assim, com Ekko, e que eu seria... feliz... eu teria rido na cara deles."

Mas agora ela sabia. Sabia que, por mais estranho que fosse, isso era o que ela sempre quis. Não um casamento cheio de pompa, nem a vida perfeita, mas alguém que a amasse mesmo quando o mundo desabasse. E isso, Jinx sabia, ela tinha.

Com outro sorriso, ela sussurrou para si mesma:

— Eu ainda não acredito nisso.

Fechando os olhos finalmente, ela se aninhou mais perto de Ekko, sentindo o calor do corpo dele e o conforto da presença dele. Enquanto o sono a envolvia, a última coisa em sua mente foi uma simples, mas poderosa verdade:

Ela nunca havia se sentido tão em casa como agora.

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Ecos do passado- timebomb Onde histórias criam vida. Descubra agora