Passado Presente - Gerson

020- barreira

Laura Freitas.

- merda - murmurei, revirando minha bolsa pela quarta vez já, a procura da bendita da minha chave

Hoje a vida parece estar contra mim, está acontecendo de tudo pra tirar a pouca paciência que ando tendo ultimamente. E agora, ao chegar na porta da minha casa, não sei aonde foi parar minha chave.

Eu fui deixar o Arthur na casa dos meus pais, onde ele vai dormir hoje. Só que fui e voltei de uber, não estava afim de dirigir hoje. Agora, não sei onde está minha chave de casa, meu celular descarregou, e nem tenho como pedir outro carro pra ir até a casa dos meus pais novamente, pois devo ter deixado minha chave lá. Como fui de uber, deixei o cartão do meu carro, dentro do meu AP. Estou definitivamente presa pra fora de casa, sem ter oque fazer. Eu devo ter tacado muita pedra na cruz, só pode.

Pra melhorar minha situação, a porta do elevador se abriu, revelando quem eu menos queria ver agora, ele mesmo. Fingi não notar sua presença, tirando rapidamente o olhar da caixa de metal, e voltando a mexer em minha bolsa, retirando tudo que tem dentro dela.

- tudo bem aí, Freitas? - sua voz grossa fez meu corpo estremecer

- tudo ótimo - respondi seca

O jogador não disse mais nada, apenas foi até a porta do seu apartamento, e entrou. Estranhei um pouco tal atitude, por ele não ter insistido e nem falado alguma de suas gracinhas. Mas dei de ombros, ainda insistindo em achar minha chave.

- tomar no cu - me dei por vencida, jogando tudo de volta dentro da bolsa, e desistindo de procurar

Não falo com ninguém nesse condomínio, só com meu indesejado vizinho de porta. Eu não queria fazer oque estou pensando, mas não tenho opção.

Respirei fundo algumas vezes, antes de parar em frente a sua porta, tocando a campainha. Ao abrir, Gerson pareceu estar surpreso ao me ver indo atrás dele.

- quer alguma coisa?

- sim - expliquei a ele toda a situação da chave e do meu celular descarregado - posso pelo menos carregar meu celular aqui na sua casa? Depois eu volto pra casa dos meus pais

- acho que o destino que fez tudo isso acontecer - sorriu de canto - porque tudo conspirou pra você bater na minha porta - balançou as sobrancelhas

Está aí o Gerson que eu conheço, com suas gracinhas.

- só tu não ver que o destino está fazendo de tudo pra juntar a gente de novo

- então o destino está fazendo tudo isso atoa, porque eu e você não vai rolar mais - falei firme

- eu acho que você está errada, e quer pagar de durona apenas. Mas sei que no fundo, ainda me quer, e tanto quanto eu te quero - seu sorriso era convencido

Sim, ele está certo. Eu queria poder não sentir nada pelo camisa oito, mas infelizmente sinto, e muita coisa ainda.

- quer saber!? Deixa pra lá, dou outro jeito de carregar meu celular - virei de costas pra ele

Não é mentira as coisas que ele diz, então nem tem como eu rebater, por isso sempre tento fugir.

- para de graça, Freitas. Entra aí logo