- Juliette espera! - disse um Rodolffo ofegante enquanto Juliette abria a porta do seu carro.
- Eu não quero falar mais nada com você.
- Você interpretou tudo errado.
- Além de tudo, ainda quer me chamar de ruim de interpretação? Eu sei bem o por quê de você me querer perto, grudada em você. Mas a culpa é minha... Eu era ciente que não podia me apaixonar por um cliente.
- Vamos para casa... Lá nós falamos mais. A nossa vida não precisa ser discutida no estacionamento da empresa...
- Eu vou para o meu apartamento e você vá buscar as suas coisas. Avisarei na portaria que lá você não entra mais.
- Juliette você não tem piedade?
- Piedade de quem? De você? Nenhum pouco. Mas veja seu pai, olhe para sua família no geral, eles te acham um incapaz, um prostrado, um homem que só vive por viver e você acha isso confortável. A vida nunca foi confortável para mim. Eu tive uma infância difícil, numa família humilde de tudo. Aos 12 anos eu consegui a primeira casa para limpar e desde lá não deixo de trabalhar. Estudei, casei, fiquei viúva e muito endividada, fiz coisas nunca deveria ter feito, mas não é possível voltar atrás. Mesmo assim eu não vivo me lamentando.
- Você não pode sair da minha vida assim. Eu não aceito.
- Dane-se. Eu não quero mais você.
- Tem uma parte minha contigo.
- Eu já falei que não vou negar o quê você quer com esse filho.
- Está louca? Eu não quero um filho só por que ele pode ser compatível comigo. Eu quero criá-lo, lhe dá amor.
- Eu sinto muito, mas não quero o meu filho junto de você e nem da sua família.
- Ele ou ela será criado por nós dois. Você vai me perdoar.
- Ah por que eu estou morrendo Juliette... Por que eu sou um decrépito... Por que eu tenho de não viver para ver nosso filho nascer... - ela falou o imitando. - Isso não me comove mais.
- Você é cruel. Você sabe que eu tenho uma doença.
- Sei. Do mesmo jeito que eu te aceitei com a sua doença você deveria ter aceitado o meu passado, mas não... Você mente que nem sente.
- Estamos exaltados agora... Vamos nos acalmar. Deixa eu ir para a nossa casa com você...
- Não... Acabou.
- Então espere eu morrer para ficar viúva por que o divórcio não te dou nunca.
- Entrarei na justiça e um dia eu me divorcio de você.
Rodolffo respirou profundamente e resolveu calar. Juliette o olhou uma vez mais e entrou no carro. Ela dirigiu com rapidez e ele voltou a sala do pai.
...
Juliette ficou tão abalada com sua visão já não estava boa para a direção. Numa praça qualquer, ela estacionou o seu carro e debruçou-se por sobre o volante. Seu choro era embalado por um canção no rádio que parecia tanto com o seu atual momento de vida.
...
No escritório de Matheus.
- Eu a perdi. - Rodolffo disse olhando para o chão.
- Eu acho que não...
- O quê eu faço? Pai... O câncer não foi capaz de me matar, mas a falta dela é bem capaz de me destruir.
- Você não confia nela... Por quê? Em qual circunstância vocês realmente se conheceram?
- Eu já te disse como conheci a Juliette e isso não é da sua conta. Só não posso
ficar sem ela.- Vocês tinham um caso enquanto ela era casada?
- O quê? Não. Eu não conheci Juliette nessa época.
- Tem algo que não fecha na sua história. Um encontro aleatório num restaurante. Nem lembro de você comer fora depois que ficou doente. Afinal você mal come e também mal saia de casa.
- Pai a forma como eu a conheci não importa. Preciso ter a minha família de volta e o senhor vai me ajudar nisso.
Matheus não tinha escolhas e ouviu o plano de Rodolffo.
...
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Suíte N°150
FanfictionEssa história traz a vida de uma advogada renomada, mas que tem um trabalho alternativo nas noites cariocas.