Esse capítulo ficou longo por causa do Caio, então desde já peço desculpas 🫦
(...)
E é nesse vai e vem, que essa história anda sendo contada. Enquanto o mundo virava de cabeça para baixo lá fora, Sheila e Thaynara estavam chorando. Sim, as duas com suas visões turvas, vozes embargadas devido ao choro, bochechas úmidas de lágrimas e lenços sendo gastos, para assoarem seus narizes.
Sim, um bebê correndo risco de vida, conseguia mexer com os sentimentos de qualquer um. Sheila, sentada no sofá, tombou a cabeça para o lado, ficando emocionada com a cena do bebê logo em seguida sendo salvo pelos protagonistas.
— Você chora alto demais. — Thaynara comentou com a voz nasal, o nariz totalmente entupido.
— Ah, não seja chata. Você também! — Sheila rebateu, fungando profundamente, para rir em seguida ao encarar a mulher do seu lado.
Sheila era uma pessoa que conseguia transparecer facilmente tudo o que acontecia em seu interior. Embora fosse uma mulher já com os pezinhos na fase adulta, ela ainda guardava o ar rebelde da adolescência. Uma forma de não estar totalmente presa às amarras do seu pai.
Ela não assumiu, mas Thaynara foi alguém que acabou tirando uma venda de seus olhos. Crescer completamente só, não faz bem para a saúde mental de ninguém, fora que ainda havia a questão da socialização ser extremamente necessária para firmar quem seria ela próxima de outras pessoas.
Enfim, Sheila tinha sim um ar de menina arrogante e egoísta, mas no final das contas, era apenas uma casca que visava protegê-la de algo e de agora em diante, todos saberemos de quê.
Bastou uma ligação para que o mundo de Sheila viesse a virar de cabeça para baixo. Thaynara não conseguiu entender muito bem as ordens que recebeu, mas se trocou o mais rápido que pode e seguiu Sheila até o carro extra que ficava na casa de Caio, carro esse que pertencia a ela.
O trajeto até a delegacia foi marcado por um silêncio incômodo. Além do mais, Sheila mudou tão drasticamente que deixou a mulher do seu lado, incomodada. Olhava vez ou outra para ela, notando o seu semblante sério, quase caminhando para uma enorme raiva.
— A delegacia?
— Fica aqui! — Sheila ordenou, abrindo a porta do carro, mas Thaynara decidiu segui-la no mesmo instante. — Eu mandei você ficar no carro, droga.
— Você não está nada bem e nem me disse o que aconteceu, então eu vou com você sim e…
Ao adentrarem a porta da delegacia, ambas cruzaram com o prefeito Zacarias. O pai de Sheila estava visivelmente irritado enquanto gesticulava com alguns de seus acionistas. Quando viu a sua filha ali, apenas lançou um olhar de desprezo para ela, seguindo rumo ao carro que tinha dois seguranças do lado de fora, o aguardando.
A população que estava ali na porta gritando por justiça, cessou o seu discurso alto quando viu aquele homem caminhando rumo ao carro. Seu olhar sério não saía de cima deles, como se Zacarias fosse um predador prestes a fazer picadinho de suas vítimas a qualquer momento.
Thaynara observou aquilo com bastante atenção. Não havia respeito, mas medo. E se um líder causa isso na população, é bem nítido que aquele povo é cativo de um tirano.
— Vamos.
Sheila chamou por Thaynara, que virou o rosto na direção dela e entrou na recepção da delegacia. Haviam várias pessoas ali e o que Thaynara mais estranhou, foi o fato de que Silviane e Tatiana estarem lá, sendo que elas deveriam estar na casa de Tati.
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A Manifestação do Mal
HorrorA cidade de Aurora Celestina é a escolha de um grupo de amigas para sua viagem anual. De passagem pelo local, elas irão ver que, muitas das vezes, o Mal se materializa de forma humana, levando elas para um caminho sem volta.