Capítulo 8- Lua Carmin
Meu perseguidor sumiu há um dia. Não deixou mensagens, bilhetes, nada. O silêncio me deixa inquieta, como se fosse a calma antes da tempestade. Ele vai agir novamente, disso eu não tenho dúvidas.
Levanto-me, tentando afastar os pensamentos. Preciso me arrumar para o plantão no hospital pediátrico da cidade. Tenho apenas meia hora para estar pronta e mais dez minutos para chegar. Apresso-me, vestindo o jaleco enquanto tento domar o turbilhão na minha cabeça.
Chego pontualmente ao hospital, como sempre. Vou direto para a ala de neonatologia, onde trabalho. Estar ali me traz algum conforto. O choro suave dos recém-nascidos e o sorriso das mães me lembram por que escolhi essa profissão. Eu sempre quis ser mãe, mas meus pais fizeram questão de me convencer de que eu não merecia amor ou compaixão. Então, faço o que posso: cuido das mães e dos filhos que não são meus, mas que me dão sentido.
Meu plantão termina por volta das 21h45. O vento gelado da noite envolve meu rosto enquanto caminho pelas ruas quase vazias de São Paulo. A sensação de que estou sendo observada começa a me incomodar, mas olho em volta e não vejo nada. Tento me convencer de que é apenas paranoia.
De repente, sinto uma mão forte me puxar. O grito que escapa da minha garganta é alto, mas parece se perder na noite. Meu corpo se arrepia e o medo toma conta.
Dois homens estavam me seguindo, e eu nem percebi. Um deles me segura com força, enquanto o outro me encara com um sorriso malicioso.
— Me soltem! Socorro! — grito, debatendo-me com toda a força que tenho.
— Calma, gracinha. O chefe não está aqui, então podemos nos divertir um pouco, não é, Luís? — diz o homem que me encara, um sorriso cínico no rosto.
Luís, o outro homem, permanece em silêncio, apenas me segurando, os olhos fixos no vazio. Há algo na quietude dele que me aterroriza ainda mais.
— Socorro, pelo amor de Deus! — grito novamente, minha voz falhando pelo desespero.
— Cala a boca, sua vadia! — O tapa vem rápido, queimando minha bochecha. As lágrimas escorrem, mas eu continuo lutando.
— Por favor, não... — imploro, mas minha voz soa fraca, impotente.
Ele ri, como se minha súplica fosse um estímulo.
— Reza aí, vai. Quero ver se Deus aparece pra salvar você. — Sua voz está carregada de sarcasmo, e o sorriso em seus lábios me enoja.
Sinto as mãos dele descendo pelo meu corpo, tocando onde não deveriam. O nojo e o medo se misturam, me paralisando por um momento.
— Não, por favor! — grito novamente, mas ninguém parece ouvir.
— Que gracinha. Agora entendo por que o chefe gosta de você. — Ele ri mais uma vez, enquanto o outro homem, ainda segurando-me, finalmente fala:
— Anda logo, Drake. Ekaterine vai notar se demorarmos.
Ekaterine. O nome me soa familiar, mas minha mente está confusa demais para fazer qualquer conexão.
Luís começa a abaixar minha calça de forma brusca. Meu corpo estremece, e o choro vem com mais força.
— Por favor... não faça isso... — minha voz sai como um sussurro.
De repente, um disparo ecoa pela rua. O corpo do homem que me segurava cai no chão, sangue jorrando em todas as direções. Meu coração dispara. Antes que eu possa processar, outro tiro. Luís cai aos meus pés. Sangue quente espirra no meu rosto.
Não espero para descobrir o que aconteceu. Com mãos trêmulas, puxo minha calça para cima e corro o mais rápido que posso pelas ruas desertas. Meu peito dói, o ar frio queimando meus pulmões, mas eu não paro.
Quando finalmente chego em casa, tranco a porta e escorrego até o chão. Meu corpo treme incontrolavelmente.
— Que merda foi essa... — murmuro, tentando entender o que acabou de acontecer.
Arrasto-me até o banheiro, tirando as roupas sujas de sangue. A água quente escorre pelo meu corpo, mas não alivia a sensação de sujeira. Esfrego a pele com força, como se pudesse apagar o que aconteceu.
A pergunta me atormenta: isso é culpa minha? Não era meu tio, não eram aqueles homens. Era eu. Sempre fui eu.
♡Continua♡
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Night Stalker Endless Pursuit
Romance!Não é relacionada ao caso do perseguidor noturno! 🔞Dark romance 🔞totalmente indicado para maiores de 18 anos Uma garota que se agarra na vida por uma simples promessa começa a receber cartas com.... Ela fica entre o medo e algo novo para lhe dar...