Visao o Sofia
Aquele dia na festa, as palavras de Duda entraram como agulhas perfurando meu coração. O pior? Ela não trouxe linha para consertá-lo. Em vez disso, mergulhou de cabeça, embolando todo o seu coração em Luísa.
Por outro lado, serviu para eu perceber que meus sentimentos não eram correspondidos. Passei duas semanas evitando ver a Eduarda. Nem fazia questão de gravar programa mais. Nós até demos uma pausa, já que tínhamos vídeos prontos para soltar. Me forcei a enfrentar minha dor depois de uma semana, porque não havia escolha. Eu evitava todos os rolês da mansão Hype onde ela estaria, e, por sorte, o dessa semana os meninos garantiram que Duda não iria.
Combinamos de nos encontrar na balada às 19h. Perto das 17h, comecei a me arrumar. Escolhi um vestido vermelho, justo o suficiente para destacar minhas curvas, com um pequeno decote que desenhava meu peito.
A hora de me arrumar é uma das melhores partes do meu dia. É onde posso me produzir, me sentir bonita e, principalmente, refletir sobre tudo que está acontecendo. E se vocês acham que eu esqueci a Duda, estão muito enganados. Aquela garota me lançou um feitiço poderoso. Não paro de pensar nela nem por um segundo, mas, diferente das outras vezes, desta vez não vou correr atrás. Por mais que eu a ame.
Enquanto me arrumava, Pablo me mandou mensagem contando que ele e Caick finalmente se resolveram. O moreno admitiu que só tinha ido à festa para esquecer Pablo, mas, durante a noite, percebeu que estava desenhando o rosto dele em outra pessoa. Foi ali que caiu a ficha de que estava apaixonado. Pelo visto, agora estão mais felizes do que nunca.
Terminei a maquiagem, passei meu delineado impecável e finalizei com gloss de morango – o preferido dela. Pedi um Uber, já que estava afim de beber e, obviamente, não ia dirigir bêbada.
A balada era incrível: moderna, espaçosa, e tinha um balcão recheado de bebidas que pareciam tão boas quanto bonitas. Enquanto observava o ambiente, procurei os meus amigos. Depois de alguns minutos, os encontrei.
Caminhei em direção a eles, mas parei no meio do caminho ao me deparar com a pior cena da minha vida: Eduarda e Luísa grudadas, na maior intimidade do mundo.
O ciúmes que senti foi inexplicável. Minha vontade era atravessar o salão, me enfiar entre as duas e quebrar a cara da Luísa. Em alguns momentos, percebi que Duda me olhava, e, é claro, não perdi a oportunidade de provocá-la. Movi o cabelo lentamente, passei a mão nele, deixando-o cair no ombro, e finalizei com o truque de mestre: retoquei meu gloss de morango.
Duda estava maravilhosa como sempre. Vestia uma saia preta com uma blusa branca da Nike. Uma gostosa. Mas, na minha memória, ela é ainda mais perfeita nua, sem um pano sequer cobrindo as curvas espetaculares do seu corpo.
Sentei com os meninos e tentei manter a expressão tranquila, mas, por dentro, um turbilhão de sensações me dominava. Tentava rir, fingir que estava tudo bem, mas a verdade era outra.
Foi então que Luísa saiu para dançar, deixando Eduarda sozinha. Aquilo era raro. Duda sempre foi ciumenta, então, vê-la quieta, sem seguir a Luísa, me fez arquear uma sobrancelha.
Como se o universo conspirasse a meu favor, o mestre Baco começou a tocar. E quando ele cantou os versos de "Girassóis de Van Gogh", senti um nó na garganta.
"Cê tem uma cara de quem vai foder minha vida
O seu olhar é um caminho sem saída."No instante em que ouvi a letra, encarei Duda. Mas, para minha surpresa, ela já me olhava. Seu olhar parecia me despir, como se decifrasse tudo o que eu sentia. A tensão no ar cresceu e, naquele momento, o mundo ao redor se apagou. Não desviaria o olhar por nada, e eu sabia que Eduarda muito menos. Foi então que ela sorriu, aquele sorriso malicioso que só ela tem.
"Você vai aprontar, né, Eduarda?" pensei, sem conseguir conter o nervosismo.
Como estávamos frente a frente, nossos pés começaram a se esbarrar "sem querer". Mas ela aproveitou o momento e, lentamente, subiu o pé pela minha perna, com uma leveza que me deixou sem ar.
Meu corpo inteiro reagiu. Eu queria fugir, mas, naquele momento, estava completamente entregue.
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Gente, me perdoem por esse capítulo, eu sei que sem falas é horrível, mas não encontrei outra forma tão boa de expressar oque Sofia estava sentindo.
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O que nós somos? - Soarda
FanfictionTudo o que esta escrito é oque basicamente queriamos que estivesse acontecendo. O ponto de partida da historia é quando a Sofia, em um pograma, coloca a mão por debaixo da mesa, na perna de Duda.