Robert Stevens

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— Parece que vai chover hoje — disse o pai de Robert Stevens, Mark, enquanto lia o Press-Citizen daquela dia, um famoso jornal de Iowa City. Era uma segunda de manhã, e ao olhar pela janela da cozinha o sr. Stevens conseguiu ver algumas nuvens negras.

Robert sentou-se em uma das cadeiras de madeira bruta da mesa de jantar e se posicionou ao lado do pai.

A sra. Stevens sentou-se também. Tinha lavado a louça do café da manhã que eles haviam tomado há poucos minutos. Ela era uma daquelas mães que tinha pavor de sujeira. No último ano, ao visitarem a casa de um dos associados do sr. Stevens, Martha os fizera passar vergonha quando decidiu varrer a sala de estar deles.

— Não se preocupem — dizia ela enquanto varria. — Vou ser rápida, só quero tirar essa camada de pó do chão.

Mas infelizmente, depois do que Robert fizera no verão, os Stevens não costumavam mais visitar outras famílias. Não costumavam mais visitar ninguém. Enquanto andavam pelas ruas, as pessoas os olhavam de canto, como se sentissem vergonha deles. Porém, era compreensível esse tipo de atitude da sociedade. O que Robert fez não foi tão simples assim.

Naquele momento, sentado na cozinha, Robert puxou do bolso seu IPhone e abriu a lista de contatos. Ele clicou no contato adicionado como "Linda". Era sua atual namorada. Ele digitou rapidamente com as duas mãos uma mensagem de texto.

Tô c/ sdd, linda. Espero te ver na escola hj. Bjos.

Ele enviou a mensagem e guardou seu celular.

A sra. Stevens segurou a mão do filho e acariciou-a com delicadeza.

— Eu sei que não tem sido fácil para você passar por tudo isso, querido, mas nós estamos aqui para te ajudar com qualquer coisa.

Robert assentiu.

— Eu sei.

Martha abaixou a cabeça e largou a mão do filho. Ela era uma mulher de personalidade forte, e não deixava muito claro suas emoções, mas Robert podia ver que lá no fundo ela estava se sentindo mais solitária do que nunca. A culpa era dele. E ele sabia.

Robert Stevens já havia sido um bom menino um dia. Ele havia feito coisas boas. Mas por culpa de um erro que ele cometeu no verão, toda a bondade se foi.

Robert suspirou.

O sr. Stevens pigarreou.

— Vocês ficaram sabendo da tragédia que aconteceu sábado de noite? — perguntou ele. — A com a família Green.

Martha balançou a cabeça.

O sr. Stevens atirou o jornal em cima da mesa e começou a contar a história para sua esposa.

Robert não estava prestando atenção. Na verdade, ele era um tanto desatento. Claro, algumas vezes durante as aulas ele acabava se obrigando a concentrar-se. Ou quando via alguma garota "gostosa" na rua. Até mesmo quando alguém da escola vinha falar com ele, o que era muito raro.

Ele imaginou que essa tal "tragédia" que o pai mencionara nem era tão grave assim. O sr. Stevens era muito exagerado, sempre aumentava a seriedade das situações. Se ele dizia que era dois, significava que era um.

O garoto percebeu que o pai continuava falando. Aparentemente, era uma notícia um pouco longa. Robert olhou para a capa do Press-Citizen que o pai havia terminado de ler. Ele, diferente do pai, não se interessava nem um pouco por jornais. Mas naquele momento, ao ver a capa, decidiu dar uma olhada. Uma manchete principal escrita em negrito dizia: "Festa em galpão da família Green termina em desastre. Leia mais na pág. 12."

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