A mesa de jantar da casa dos Green estava cheia. Frutas, pães integrais, ovos cozidos, algumas fatias de bacon sem gordura e café preto. Um café da manhã balanceado e saudável. Ao redor da grande mesa, três pratos. O de Benjamin Green, o de sua mãe Vanessa e de seu pai George. Normalmente haveria mais um prato para Franklin Green, entretanto, ninguém tinha notícias dele desde o último sábado.
Benjamin entrou na sala de jantar vestindo um roupão branco. Ele tinha acordado a pouco tempo. Seus olhos azuis estavam inchados e vermelhos, pois não tinha conseguido dormir bem naquela noite. Seu cabelo curto e ruivo estava bagunçado.
Ele sentou-se em seu lugar e colocou duas fatias de bacon em seu prato.
Os seus pais já estavam comendo. O pai estava de terno e gravata e sua mãe com um vestido verde limão.
Uma das empregadas da casa, que até onde Benjamin lembrava chamava-se Riley, retirou da mesa o prato vazio que antes tinha fatias de pão integral.
— Obrigado — agradeceu Benjamin gentilmente.
A empregada assentiu com a cabeça e levou o prato para a cozinha.
Ele olhou para seu pai e viu que a expressão dele não era das melhores. Ou ele estava irritado por Benjamin ter agradecido a empregada, ou aquela era a expressão comum dele. Era difícil de distinguir, já que o sr. Green passava a maior parte do tempo irritado por alguma coisa, que na maioria das vezes era Benjamin ou os problemas do seu restaurante, o Iowa Pit's.
— Por que você ainda não colocou sua roupa? — perguntou o sr. Green de forma severa.
O garoto olhou para si mesmo.
— Eu não vejo problema em ficar de roupão na minha própria casa — Benjamin pegou mais um pedaço de bacon.
O sr. Green soltou uma risada irônica.
— Não entendo — admitiu Benjamin confuso.
— Você acha mesmo que vai ficar em casa hoje? — George cruzou os braços. — Você irá para a escola.
— Pai, eu estou realmente exausto, toda essa confusão com o Frank está me deixando nervoso, eu quero ter um tempo para...
Antes de Benjamin poder completar a frase, o sr. Green levantou a mão fazendo sinal para ele parar de falar.
O garoto ficou atônito. Como o pai poderia obrigar ele a ir para a escola mesmo depois de tudo o que aconteceu no sábado. A festa, o galpão, o escuro, o desaparecimento de Franklin. Aquilo não era normal, era algo que deixava Benjamin preocupado. Mas para o pai, o que interessava era manter a boa imagem, não importava o que acontecesse. Aquilo era um absurdo.
Benjamin olhou para a mãe, com esperança de que ela fosse lhe defender.
— Seu pai está certo, Bennie — falou a sra. Green enquanto cortava um ovo cozido. — Você deve ir para a escola.
Estressado com a situação, Benjamin pegou mais alguns pedaços de bacon com a mão e correu para seu quarto.
Ao chegar em seu quarto, Benjamin estava bufando de estresse e enfiou todo o bacon que tinha nas mãos em sua boca. Ele tirou o roupão branco e tocou em sua cama, cheio de raiva. Pegou uma calça jeans e uma camisa azul e vestiu-se.
Ele foi até o banheiro do seu quarto e começou a escovar os dentes. Ao observar o próprio rosto no espelho, percebeu que sua aparência estava horrível. Mas ele não podia fazer nada. Desde o sumiço de seu irmão gêmeo Franklin, ele não conseguia dormir de jeito nenhum, pensando em mil possibilidades do que poderia ter acontecido.
No domingo, ele teve que prestar queixa na delegacia para o detetive Slater e relatou tudo que tinha acontecido. Exceto uma coisa. Algo que ele realmente não podia contar.
Benjamin guardava um segredo para Franklin.
Na sexta-feira, um dia antes da festa no galpão, Franklin havia saído de casa por volta das 23:00. Benjamin ficou curioso e decidiu segui-lo. No final, o irmão tinha ido a um beco em uma rua sem saída.
Era escuro no beco, e Benjamin não conseguiu enxergar muito bem, mas pode ver que havia alguém falando com seu irmão gêmeo. Alguém de capuz preto, e uma máscara branca sorridente e aterrorizante. Franklin balançava a cabeça fazendo sinal de negativo. A pessoa de máscara ficou furiosa e saiu correndo do beco. Franklin esperou um pouco e saiu também. Porém, quando saiu do beco, deu de cara com Benjamin. Ele se assustou.
— O que você está fazendo aqui? — havia perguntado Franklin, que estava suando. Talvez de nervosismo, ou de medo.
— Eu segui você — admitiu Benjamin. — Quem era aquela pessoa com máscara?
Franklin secou a testa suada com o pulso.
— Ninguém — mentiu ele anda nervoso. — Estava só resolvendo um problema.
Benjamin cruzou os braços, esperando uma resposta de verdade.
— Escute, Bennie, é só uma confusão que eu me meti — continuou Franklin. — Você não precisa se preocupar com nada disso.
Os dois começaram a andar, em direção a casa deles, que não era muito distante dali.
— Só me prometa uma coisa, Bennie — pediu Franklin. — Você não pode contar nada do que viu aqui para ninguém.
— Eu não entendo, se não é algo que devo me preocupar, por que não posso contar pra ninguém?
Franklin abriu um sorrisinho.
— Chega de perguntas, só me prometa que nunca contará nada.
Benjamin suspirou.
— Ok, eu prometo.
Depois do que aconteceu no galpão, e Franklin desapareceu, Benjamin tinha pensado que talvez aquela pessoa mascarada que tinha conversado com seu irmão tivesse alguma culpa nisso tudo. Entretanto, a verdade era que Benjamin ainda tinha esperança de que seu irmão estivesse bem, são e salvo. Por isso, não tinha contado nada sobre a pessoa mascarada para ninguém. Nem mesmo para a polícia. Afinal ele havia prometido, e tinha que cumprir sua promessa, já que não tinha certeza se seu irmão voltaria ou não.
Assim que terminou de escovar os dentes, Benjamin guardou sua escova de dentes e passou gel em seu cabelo ruivo.
Apesar de agora estar com o cabelo arrumado, a sua aparência continuava terrível. Nem mesmo um pote inteiro de gel ajudaria em uma situação daquelas.
Enquanto guardava o pote de gel no armário do banheiro, Benjamin escutou um barulho forte vindo de seu quarto. Algo como se tivessem derrubado alguma coisa extremamente pesada no chão.
— Pai? Mãe? — questionou ele para saber quem estava no quarto. Nada de resposta. — Riley? Alguém? — o silêncio continuava. — Quem está aí?
Benjamin abriu a porta de seu banheiro e foi para o quarto. Não havia ninguém lá. Todos móveis estavam no seu devido lugar, e aparentemente não havia nada caído no chão.
O garoto estranhou.
Ele foi até sua cama para pegar sua mochila. E então viu algo ali.
Em cima de seu travesseiro havia uma foto dele e de Franklin. Os dois, um ao lado do outro, no pátio de sua casa. Benjamin lembrava da foto, não era muito antiga. Quando olhava algumas fotos, Benjamin percebia o quanto ele e Franklin eram idênticos. O mesmo cabelo curto ruivo e os mesmos olhos azuis. A única diferença entre os dois era que Franklin tinha uma pinta marrom em seu pulso esquerdo, e Benjamin não.
Ao olhar melhor a foto, Benjamin ficou assustado. Em cima do rosto de seu irmão havia um grande 'X' desenhado com uma caneta vermelha.
Aquilo era repugnante. Quem poderia ter feito algo tão maldoso?
Benjamin virou a foto e percebeu que havia uma coisa escrita no fundo branco com uma caneta vermelha. Estava escrito apenas uma única palavra:
ANÔNIMO.
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Anônimo
Misterio / SuspensoEm Iowa City, as vidas de Robert Stevens, Luana Chesterfield e Benjamin Green irão mudar após a chegada de um perseguidor psicopata em suas vidas, denominado de Anônimo. Agora, os três juntos terão que pensar e tentar desvendar o enigma da perseguiç...