Capítulo 3 👩🏾‍💻

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Sinto minha boca seca, meu corpo pesado e tremendo, abro os olhos lentamente e vejo que estava no mesmo lugar e que nada daquilo foi um pesadelo

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Sinto minha boca seca, meu corpo pesado e
tremendo, abro os olhos lentamente e vejo que estava no mesmo lugar e que nada daquilo foi um pesadelo. Estava encolhida no chão, nua, sangrando e ferida, tentando lembrar, mas somente vinham flesh na minha cabeça de algumas coisas, sendo a maioria, dos dois homens em cima de mim.

Q-quanto tempo estou aqui? A quantos dias?

Sinto meus olhos lagrimejarem e me arrasto para se sentar, mas sinto dor na minha parte intima e assim que olho, vejo que estava sangrando e choro por saber o que aconteceu, o que perdi da pior forma.

Tampo minha boca, não querendo mostrar que estava acordada, meu corpo se comportava como se tivesse dormido a dias. Ouço um barulho baixinho, olho em volta conhecendo o toque, sendo da barbe que o Gustavo colocou para me deixar brava e não consegui mais tirar.

Odeio barbe!

Procuro o aparelho e o encontro embaixo de uma cadeira que ali tinha, me arrasto não conseguindo me levantar e assim que o pego, vejo que estava 15%, marcava dia .... Dia 20? Eu- eu cheguei aqui dia 9.....

Antes de voltar a chorar, o celular volta a tocar e o nome do Gustavo brilhava na tela, e via que tinha 100 ligações dele, 50 do senhor Salles e 20 de número desconhecido. Atendo desesperada e ouço vozes ao fundo.

-- M-meu deus! Atendeu. – Ouço ele dizer. Sua voz estava estranha, como se não tivesse dormido e chorado muito. – Myn? Myn, é você? – Pergunta e começo a chorar baixo ao ouvir a voz dele. – Myn, por favor, fala comigo. Onde você está? Eu vi nas câmeras, dois homens te pegou. Diz para mim, onde você está, pequena. – Me encolho mais.

-- Gu-gusta-vo.... Me ajuda... Me ajuda, por favor. – Peço, na verdade, imploro. – Está doendo ....  Doí muito. – Minhas fungas ficam altas.

-- Onde você está pequena? Estamos tentando te rastrear, mas não estamos conseguindo. Ligue o rastreio, lembra aonde é? Lembra que te mostrei? – Confirmo lentamente, mesmo sabendo que ele não me via.

-- S-sim. – O respondo e ouço a voz do senhor Salles ao fundo, ele parecia nervoso.

Ele veio para cá? Gustavo foi embora e está me procurando por lá?

-- Então faça isso. – Diz e tiro o celular do ouvido, indo no lugar que ele me ensinou onde é o rastreio, já que sempre ficava me perdendo nos lugares, ele sempre me dizia para ligar isso que iria até mim quando precisasse. – Myn? Sabe onde você está? Ouve algo? Vê algo? –

-- Na-não.... Eu-eu não consigo levantar, está doendo. – Fecho meus olhos com força.

-- ..... Eles.... Eles tocaram em você? – Pergunta e fico quieta. – Tocaram como um homem ..... Toca em uma mulher, myn? – Pergunta, mas sinto que estava com medo.

-- .... Não sei, acho que sim. Não lembro das coisas, Gu. – A linha fica muda, somente dando para ouvir o meu choro. – Está doendo, muitão. –

-- .... Na sua parte de menina? – Somente resmungo confirmando. – Rastreia essa porra logo, não me interessa o que estiver na frente, destrua, caralho! – Fala com alguém e me encolho pela brutalidade que nunca ouvi ele dizer.

-- Gu? – O chamo baixinho.

-- Estou aqui, estou aqui, pequena. – Diz ofegante. – Me desculpa, me perdoa, não deveria ter deixado você sozinha. – Nego chorando. – Eu vou achar você, eu juro por tudo que é mais sagrado e vou te dá os marshmellow de frutas que você tanto queria. – Dá uma risada baixa.

-- Menos rosa. – Peço resmungando.

-- Menos rosa, pequena. – Sabia que estava mordendo os lábios. Ele fazia isso quando ficava quieto. -- .... Myn? Você .... – Ele é cortado quando a porta daqui é aberta, tento esconder o aparelho, mas o homem vê e vem na minha direção com raiva.

-- SUA VADIA, DESGRAÇADA! – Me dá um tapa forte no rosto, logo depois um soco e joga o aparelho longe. – Eu vou te ensinar o que acontece com meninas malvadas. – Sobe em cima de mim, começando a me bater e tento minimamente me defender, cobrindo o meu rosto, mas nada adiantava.

Pegando no meu cabelo, ele começa a bater no chão, me sufoca e o arranho, querendo puxar ar e novamente, minha visão começa a embaçar. Vejo ele pegando uma faca de trás das costas, passa pelo meu rosto e pescoço, descendo pelo meu seio e para na barriga, fazendo alguns cortes e sorrindo.

-- Por que não vamos dá um passeio? – Pergunta, pega no meu cabelo e bate com força no chão, me fazendo apagar novamente.

(.....)

Sinto meu corpo ser solto no chão, embaixo de mim sentia somente algo frio e saiba que era neve, mas estava mais frio do que na cidade e no lugar que estava. Parecia que aquela neve subia pelo meu pé, indo para o corpo inteiro.

Não conseguia abrir meus olhos, os sentia pesado e minha mente implorava para eu dormir e não acordar mais, ela estava cansada, exausta.

-- Tem certeza que aqui é seguro deixar ela? – Ouço uma voz distante perguntar.

-- Ninguém vem para esses lados, Benjamin! Aqui é o lado mais frio que tem e se a vadia não morrer por algum animal, morre de frio. – Dá risada e ouço passos se afastando, logo sendo o barulho de carro.

Estava tremendo, mas não consegui me mover, o meio das minhas pernas doloridas, mas nada conseguia fazer. Minha cabeça lateja e formiga, minha respiração sentia que ficava lenta aos pouquinhos.

Eu não quero morrer agora, não agora, não aqui, não sozinha, nua, ferida, sendo devorada por ursos polares, o nosso amiguinho da coca cola.

Eu amo coca cola...

Penso no senhor Salles, na sua mulher e no gu, que me tratava mais como se fosse meu pai do que amiga ou funcionaria. Pai? Mãe? As imagens deles são um borrão em meus pensamentos, nunca foram algo que podia dizer que amo ou já amei, eles não me deixaram ter essa chance, somente me jogaram em um orfanato.

Não sei o que é ter uma mãe para conversar sobre coisas de menina, tive que aprender sozinha, nunca tive um pai para reclamar dos namoradinhos e o mais engraçado, é que quando penso em pai, o senhor Gustavo sempre vem em meus pensamentos.

Talvez ele tenha sido nesses 5 anos, o que não tive na minha vida toda, na verdade, talvez não, ele foi, foi o que não tive e sorrio o agradecendo mentalmente. Vou sentir saudade deles, muitas saudades. Será que vão sentir de mim? Eu espero que sim, mas também não quero os ver sofrerem.

Sinto algo se aproximando pelas minhas costas, algo gelado encostar na minha nuca e fungadas me cheirando se faz presento e quase grito de dor quando sou virada de barriga para cima com força, sentindo garras me furarem.

Continuando me cheirando, a coisa sobe com as duas patas em cima de mim e quando penso que vai me morder, ouço um rugido alto e raivoso, logo o peso em cima de mim some e rosnados ao longe consigo ouvir.

Isso se estende por uns minutos, logo ouvindo um choramingo e o silencio é grande, mas um grunhido ameaçador e passos vindo até mim me fazem tremer, mais.

Outro negócio gelado me toca, mas esse sentia que era com cuidado e ouvia bem baixinho como se fosse um choramingo e uma cabeça com pelos quentinhos passar pelo meu rosto, mas como das últimas vezes, perco a consciência, pensando que ali seria o meu último dia respirando. Estava cansada, meu cérebro quer só desligar, meu corpo quer descansar e é isso que dou a ele quando apago, descanso.

🌟.....

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