Entrei na loja meio inseguro, eu odiava lojas, me sentia inseguro com qualquer roupa e também as odiava, por isso costumava usar roupas largas. Odiava minhas coxas grandes, ela são tão desnecessárias, porque um menino precisava disso? É o que eu costumava pensar quando me pegava olhando para elas e pensando 'porque Deus teria me feito desse jeito', eu não entendo. Mas no fundo eu sabia que minha insegurança era só a superfície de um problema maior, algo que eu não queria entender, por mais que eu não considerasse um problema.
Me despertei dos meus pensamentos quando minha mãe quase gritou meu nome, pelo o que parece ter sido a décima vez, pela sua aparente cara de irritação.
- Louis! Você ta surdo menino? O que estava pensando que não me respondia?
- Hãm ? - eu disse automaticamente só para poder respirar e responder qualquer coisa logo, já que parecia que minha mãe estava muito irritada com minha "distração" -Nada não mãe, o que você disse mesmo?
-Vai ver algumas roupas pra você enquanto eu ajudo suas irmãs, sim? E vê se compra algo da sua numeração. Nada de coisas largas.
-Tudo bem -Foi tudo o que eu disse, depois de perceber que meu problema era aparente para ela.
Fui me arrastando até a sessão teen, na parte masculina. Seria difícil ver alguma coisa da minha numeração, mas estava disposto a levar pelo menos um sweater para casa, eu sou apaixonado por sweaters, tenho até uma coleção.
Fiquei passando minha mão nas fileiras de cabides até achar algo que me interessa-se. Fiquei tão concentrado em achar algo que me servia que não percebi que um garoto parou do meu lado, aparentemente fazendo o mesmo que eu. Não fiz o esforço de me virar para analisá-lo melhor, mas pelo canto do olho, pude perceber que ele era muito alto, ou eu era além de gordo, baixo demais. Achei melhor ignorá-lo por tempo, e assim o fiz.
Eu quase dei um mini pulo quando vi que o mesmo segurava um sweater igual o meu, e me encarava. Meus olhos ficaram alternando entre a âncora e a corda em forma de infinito no tecido do sweater, e o menino que me encarava sem a mínima preocupação de disfarçar o que estava fazendo.
-Você tem bom gosto- ele disse simples como se fôssemos próximos.
-Oi? - acabei falando sem pensar.
-Isso foi uma pergunta ? -Ele falou com um pequeno sorriso de lado revelando uma de suas covinhas. Com certeza corei, pois senti meu rosto quente.
-Acho que sim? -eu acabei falando entre um pequeno bufo que eu dei a mim mesmo.
-Outra pergunta ? - Foquei totalmente em seus lábios carnudos mexendo sensualmente, mas acabei percebendo que ainda não tinha respondido e estava encarando fixamente a sua boca. - Hum?
- Não -disse quando chocalhei minha cabeça para tirar a imagem daqueles lábios e aquelas malditas covinhas da minha cabeça, mas não funcionou.
-Então.. oi? -ele disse chegando mais perto de mim, como se fosse só pra mim escutar. Fiquei um pouco envergonhado quando ele se abaixou um pouco, porra, eu realmente novamente fiquei vermelho.
-Isso foi uma pergunta ? - Disse tentando imitar seu jeito doce de falar, fazendo uma careta para o mesmo.
Não sei o que eu fiz, talvez minha imitação dele tenha sido ruim ou minha careta acabou sendo engraçada para ele, só sei que ele riu. Um riso tão verdadeiro, que me perguntei se era mesmo, e aqueles cachos que balançaram juntos da sua cabeça, e aquelas malditas covinhas estavam de volta.
O silêncio me incomodou um pouco depois do riso, ele parece ter notado, porque antes que eu pudesse me esconder no meio daquelas roupas, ele abriu um sorriso e perguntou sereno: tudo bem ?