Jucilene entrou no apartamento de Juliette e sua irmã estava logo a sua frente.
- Irmã... Quanto tempo. - ela disse um pouco emocionada e Juliette lhe abriu os braços.
As irmãs choraram um pouco e depois se olharam.
- Você está linda Leninha. - Juliette disse girando a irmã.
- E eu vou ser titia?
- Sim. De um menino.
Rodolffo estava bem aliviado com a interação, até a cunhada introduzir o assunto.
- Perdoa o pai minha irmã. Ele está morrendo.
- O quê ele tem?
- Um C.A. agressivo. Está na UTI.
Juliette ficou pensativa e calada.
- Irmã... Eu não posso ir. - por fim disse a Leninha. - O pai já não merece o meu perdão, mas eu o perdôo, porém não quero me arriscar numa viagem agora. Rodolffo há pouco deixou de ser paciente oncológico e eu estou grávida. O meu bebê está no topo das minhas prioridades nesse momento.
- Eu te entendo e o destino não pode lhe ser tão cruel dessa vez. O pai não pode ser responsável por outra perda na sua vida.
- Não quero falar mais disso. É algo que entreguei para Deus. Me machuca muito falar sobre isso e agora eu quero uma vida nova.
Juliette e Rodolffo se olharam. Ele juntou a ela e lhe ofereceu um abraço.
- Leninha, a Juliette é a mulher da minha vida. Eu amo a sua irmã.
- Eu percebi que realmente a ama. Fico muito feliz por essa família. Irmã você merece muito.
As irmãs se abraçaram e passaram o restante do dia juntas. Mas Juliette não mudou sua decisão, então Leninha e o marido voltaram a Paraíba sem ela.
- Não me julgue, mas o meu pai está pagando pelo mal que fez a muita gente.
- Eu gostaria que se abrisse comigo. Me fale o quê ele fez...
- Eu tinha 17 anos e comecei a namorar. Estava terminando o ensino médio e acabei engravidando, nessa época eu era ingênua. A gravidez doeu muito na minha família. Eles queriam que eu tivesse um futuro diferente, então meu pai batizou um suco meu. Eu abortei horas depois, mas não tinha ideia que ele era o culpado. Depois da morte da minha mãe ele me revelou isso.
- Meu Deus... Isso é terrível.
- É... Mas Deus sabe que esse pecado não foi meu. Eu não nego as coisas erradas que fiz, mas matar um filho não foi uma delas. Fui vítima de um crime, praticado por um homem conservador, autoritário e egoísta. Meu pai me perdeu para sempre e agora nós o perderemos para sempre. Não vou dizer que não sinto nada por que é mentira. Mas o entrego para Deus.
- Está certa. Isso demonstra que já não há rancor de sua parte. Eu tenho muito orgulho da mulher que você é e da mãe que está se tornando. O nosso bebê tem muita sorte. Eu sou o cara mais sortudo do mundo.
Juliette ficou emocionada e Rodolffo a envolveu num abraço carinhoso. Ela chorou e foi consolada.
- Eu te amo. Obrigado por existir, minha cura.
- Você também é a minha. Me libertou da minha pior versão. Me deu um filho... Ah... Obrigada. Eu te amo Rodolffo.
As lágrimas foram cessando com a troca de carinhos entre o casal.
...
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Suíte N°150
FanfictionEssa história traz a vida de uma advogada renomada, mas que tem um trabalho alternativo nas noites cariocas.