Visão Duda
Finalmente cheguei a uma conclusão após minha discussão com a Sofia. Eu realmente estava apaixonada por ela, e estar afastada dela estava me devastando. Bom isso a Eduardo do futuro iria resolver.
Eu estava ali perdida em meus pensamentos, e sem saber oque fazer. Resolvi ir no banheiro jogar água em meu rosto para acordar do devaneio.
Quando chego no banheiro e estava prestes a abrir a torneira, ouço uma voz bem familiar dentro de uma das cabines. Ana Luísa.
-Amiga, foi bem fácil na verdade. Eu sei que a Sofia odeia quando meche com alguém que ela gosta.
Ouvi ela sussurrar onde parecia uma ligação.
- e Você conseguiu enganar a Eduarda tão fácil assim? Uma voz que não consegui identificar me mencionou.
Ela riu e começou.
- claro que foi né amiga, eu só joguei meu charme e ela já se apaixonou. Agora eu vou quebrar o coraçãozinho dela, e a Sofia vai ficar devastada tadinha. Ela fala em tom de ironia.Minha paciência com Ana Luísa já estava no limite, mas quando ouvi aquele áudio dela, tudo ficou claro. Não era sobre gostar ou não gostar dela, porque a verdade é que meu coração nunca foi dela. Era da Sofia. Sempre foi. Mas ouvir aquelas palavras me fez perceber o quanto Ana Luísa estava brincando comigo e, pior, usando isso para atingir Sofia. Aquilo foi a gota d'água.
Saí do banheiro decidida, mas com o peito apertado. Não era só raiva que me consumia; era o medo de que Sofia nunca soubesse como eu realmente me sentia. E se fosse tarde demais?
Encontrei Ana Luísa perto do bar, cercada por algumas pessoas. Me aproximei sem pensar duas vezes.
— A gente precisa conversar. Agora. — Minha voz saiu baixa, mas carregada de seriedade.
Ela tentou manter a pose, mas quando percebeu que eu não estava ali para brincar, levantou as mãos, teatral.
— Tá bom, Duda. Pode falar. O que foi agora?
Engoli em seco. Não queria uma cena, mas não tinha escolha.
— Eu ouvi tudo. O áudio, a conversa. Você me usou, Luísa. Você usou isso pra machucar Sofia. — Falei em um tom firme, e pela primeira vez, ela pareceu perder o controle.
— Duda, não é o que você pensa... — começou, mas eu a cortei.
— Não importa mais. Você nunca teve meu coração, porque ele nunca deixou de ser dela. — Minhas palavras a atingiram como uma lâmina, e antes que ela pudesse responder, saí de lá.
Ainda tremendo, voltei para a mesa onde Caick estava. Ele me olhou, confuso, quando peguei o celular dele sem pedir.
— Empresta. Preciso confirmar uma coisa.
Eu não sabia o que estava procurando, até que encontrei. Uma mensagem de Sofia para ele: "Caick, eu não sei mais o que fazer. Gosto tanto da Duda, mas ela parece tão distante de mim ultimamente. Você acha que devo falar com ela?"
Minhas mãos tremiam enquanto lia. Então era verdade. Sofia sentia o mesmo. Fechei o celular e saí da festa. Pedi um Uber e, no caminho, a chuva começou a cair, como se o universo quisesse lavar toda aquela confusão.
Quando cheguei na casa de Sofia, meus nervos estavam à flor da pele. Vi uma garota saindo pela porta e rindo com ela. O toque no ombro de Sofia pareceu íntimo demais, e eu senti algo que não deveria: ciúmes. Antes que pudesse pensar, virei as costas e corri, a chuva encharcando minha roupa e disfarçando as lágrimas que insistiam em cair.
— Duda! Espera! — ouvi Sofia gritar atrás de mim, mas continuei correndo.
De repente, uma mão segurou meu braço, mas não era Sofia. Era a garota.
— Você está indo embora por nada. Ela gosta de você. Não tem nada entre nós — disse, com um sorriso gentil. Antes que pudesse responder, ela voltou para a casa.
Sofia se aproximou, ofegante, a chuva escorrendo pelo rosto dela.
Sofia parou a poucos centímetros de mim, o olhar dela queimando de intensidade, como se estivesse tentando ler cada pensamento escondido no fundo da minha alma. A chuva continuava a cair, escorrendo pelos nossos rostos, misturando-se com as lágrimas que eu mal percebia que estavam ali. Minha respiração estava entrecortada, e o peso de todas as palavras não ditas parecia nos envolver.
— Por que você sempre foge? — Sofia perguntou novamente, a voz rouca, cheia de emoção.
Eu queria responder, mas as palavras ficaram presas. Tudo o que saía de mim era um suspiro trêmulo, carregado de desejo e frustração.
— Porque tenho medo... medo de perder você, medo de tudo isso ser só coisa da minha cabeça. — Minha confissão saiu em um sussurro quase inaudível, mas Sofia ouviu. Eu vi algo mudar nos olhos dela, uma mistura de alívio e determinação.
Ela deu mais um passo, e o mundo ao nosso redor pareceu desaparecer. Tudo o que eu sentia era a presença dela, o calor que parecia irradiar, mesmo com a chuva fria nos encharcando. Sofia levantou a mão e a passou suavemente pelo meu rosto, afastando uma mecha molhada do meu cabelo. O toque dela era delicado, mas carregado de urgência, como se cada segundo perdido fosse insuportável.
— Não precisa ter medo. Eu estou aqui. Sempre estive. — As palavras dela me desarmaram completamente.
E então aconteceu.
Os lábios dela encontraram os meus com uma força que roubou o ar dos meus pulmões. Não era um beijo tímido ou hesitante; era um turbilhão, intenso e avassalador. As mãos dela deslizaram para a minha cintura, puxando-me para mais perto, como se ela tivesse medo de que eu pudesse escapar novamente. Eu me agarrei aos ombros dela, sentindo o tecido molhado do vestido contra meus dedos enquanto me entregava completamente.
A chuva caía com mais força agora, mas era como se estivéssemos em um mundo à parte, onde o frio não existia, onde nada importava além do calor que nos envolvia. O gosto dela era uma mistura doce e salgada, e cada movimento parecia selar uma promessa não dita. O beijo foi profundo, cheio de sentimentos acumulados por tanto tempo, carregado de tudo o que evitamos dizer em palavras.
Quando finalmente nos separamos, nossas testas encostadas, os olhos de Sofia procuraram os meus, agora brilhando de um jeito que eu nunca tinha visto antes.
— Você não faz ideia do quanto eu esperei por isso, Duda. — A voz dela saiu baixa, quase como um segredo compartilhado só entre nós.
Eu sorri, ainda sem fôlego, e, pela primeira vez em muito tempo, me senti completa.
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O que nós somos? - Soarda
FanfictionTudo o que esta escrito é oque basicamente queriamos que estivesse acontecendo. O ponto de partida da historia é quando a Sofia, em um pograma, coloca a mão por debaixo da mesa, na perna de Duda.