— Acho que vou sair mais tarde. — Avisou Youngjae, soltando-se dos braços apertados de Daehyun. Este reclamou qualquer coisa, mas não impediu que o moreno saísse da cama.
— Precisa de companhia?
— Não, obrigado. É um assunto que prefiro resolver sozinho. — Juntou toda a roupa espalhada pelo quarto e saiu do 869. Abriu a porta de seu apartamento, o 868, e inspirou com prazer o cheiro de limpeza que exalava. Jogou tudo o que trouxera na lavanderia e aproveitou para retirar as peças que vestia também, caminhando seminu até seu banheiro. Com uma calma invejável, se analisou no espelho embutido e apalpou todas as partes do corpo. Tinha alguns arranhões e chupões no pescoço e nas costas, que latejavam e ardiam ao mínimo toque. Deveria repreender Daehyun por ser tão selvagem, mas não negaria que gostara das marcas. Ninguém nunca havia sido tão íntimo e próximo de Youngjae antes; os beijos, os apertões, os aranhões e os chupões provavam o que pensava: era desejado e desejava também. Riu para o espelho, tentando não lembrar dos momentos de amasso com o cantor.
Ligou o chuveiro e a água quente acertou em cheio o corpo gelado, fazendo-o se encolher. Ensaboou os braços até ficarem brancos e retirou o sabão, repetindo o processo três vezes seguidas, mal percebendo o que fazia. Estava perdido em pensamentos obscuros sobre a conversa que tivera com DaeHyun sobre religião, família e sexualidade.
— Devo mesmo me assumir? — Indagou em um sussurro para a parede, esperando uma resposta divina talvez.
Os riscos de ser repelido e enxotado por sua família eram reais. Entretanto se eles o amavam, como diziam todas as vezes que se encontravam, o aceitariam do jeito que era, seja namorando um homem ou uma mulher.
— Devo mesmo me assumir? — As palavras saíram mais firmes e fortes, delineando a sua dúvida latente. Enfiou o rosto embaixo da água e apoiou as mãos no azulejo. Ele pensou, pensou, pensou e pensou. Então, chegou a uma conclusão: se sentia um amor tão forte e ardente por Daehyun, por que sofrer a vida toda para satisfazer sua família, sendo que o coração era seu?
Dalhee poderia facilmente encontrar outro pretendente. Tinha certeza de que ela estava rodeada por diversos deles. Inundado pela coragem e pela certeza, desligou o chuveiro e saiu.
Parecia que um novo Yoo Youngjae havia acabado de nascer. Estava mais calmo, feliz e concentrado.
No meio do vapor confortável causado pela água quente, localizado sobre o tapete felpudo e enrolado na toalha azul de banho, Youngjae se encarou no espelho novamente. As madeixas escuras espalhadas pela testa pingavam gotas por todo o rosto, impedindo-o de se enxergar com nitidez. Mesmo assim, conseguiu notar algo diferente em seus olhos. Um brilho que não via em si havia meses. O mesmo brilho que carregava quando havia chegado em Seul, quando estava pronto para uma nova vida e para realizar seu sonho.
A felicidade nunca estivera tão certa e tão próxima. Especificamente, a alguns passos de distância, no apartamento da frente.
...
Poucas horas mais tarde, Youngjae saía do 868, perfeitamente vestido e cheiroso, e esperava por Daehyun na sala do próprio.
— Precisamos conversar. — Avisou, sentando no sofá e balançando a chave do carro nos dedos.
— Isso nunca me remeteu momentos agradáveis. — Comentou Daehyun andando sem pressa até o lado do moreno e jogando o peso todo no móvel. Deu-lhe um beijo de tirar o fôlego e sussurrou o quão bonito e arrumado estava. Não queria admitir, mas estava surpreso. O corpo já se remexia e balançava desconfortável por culpa da ansiedade.
— Eu só gostaria de deixar algumas coisas claras para que o meu subconsciente não fique mais perturbado ou preocupado.
— Então diga. — A voz do cantor estava calma e suave, quase sussurrava. Por fora estava daquele jeito, todavia por dentro parecia uma panela de pressão prestes a explodir.
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Cobertor
FanfictionYoo Youngjae, um rapaz religioso e centrado, procura por uma moça com os mesmos princípios que os seus. Deixa a Ilha de Ulleung, onde vivia com seus pais, para tentar realizar seu sonho em Seul. Nunca tivera muito contato com o mundo exterior e será...