VIOLET QUERIA TRANSFORMAR AQUELE MOMENTO DE CONTAR A THALIA A VERDADE EM ALGO ESPECIAL, então, com o retinho de tarde que sobrou para ela, enquanto Thalia estava na reunião, Vi preparou algo.
Acima de seu apartamento, como se fosse uma laje, o telhado do decadente espaço, é reta e sem telhado, deixando um espaço que o proprietária descreveu como perfeito para lazer, a verdade, mais fácil de aconteceu uma infiltração e servia apenas para cobrar mais de aluguel, não que um lugar como esse cobre muito.
Violet aproveitou do espaço e tentou pensar no que Thalia gostaria com uma pitada de Vi. Reaproveitando o que poderia, Violet voltou ao antigo espaço que costumava passar tempo com seus irmãos anos atrás, a máquina de boxe havia desaparecido, algum idiota deve ter desmontado para vender as peças, então ela apenas levou os tatames, e um par de luvas perdidos por ali, e quando chegou, usou um pano úmido e limpou o pó de tudo, assim como fez questão de jogar água no chão da laje e limpar o que nunca tinha visto o vislumbre de um sabão.
Tudo devidamente limpo, Violet jogou os tatames no chão, deixou o par de luvas achado e o seu novo no canto, puxando um banquinho bambo e deixando em um canto, colocando sua vitrola ganhada por "estar velha demais" de Thalia, mesmo querendo, Vi nunca vai conseguir compensar os presentes constantes. Com cuidado, Violet passou seus dedos pela arte das duas crianças correndo, vendo o verde que um dia deve ter sido branco, analisando como os tons caíam e se tornavam lentamente um borrão, então a mente de Vi sapateia sobre imagem de Thalia, muito anos mais nova, com o mesmo rosto que viu na foto do arquivo do abrigo, aos seus dez anos, colocando esse mesmo disco para rodar e escuta-lo, imaginou ela se erguendo em um vestido gasto e quase fantasmagórico, olhando a vitrola girar o disco, então passando seu olhar receoso para Rose, que encarava a janela de forma distante, se perguntando se poderia dançar.
Vi suspira, encostando sua testa gentilmente no disco, quase como se fosse uma prece, ela está satisfeita com o trabalho de sua investigação, agora ela sabe toda a verdade, sabe quem foi a mãe de Thalia, sabe o que ela se tornou, sabe sobre sua amizade com Felicia, sobre seu envolvimento nos projetos de Vander para o futuro, Vi descobriu tudo que Rose foi e sente quase como se pudesse a conhecer, no entanto, ao mesmo tempo, ela sente um peso em suas costas, se arrastando onde ela vai, onde andar, espalhando como veneno em tudo que toca, uma coisa é descobrir o passado de Thalia, seus pais a amaram até lutar e morrer, fim, outra coisa é descobrir minuciosamente cada sofrimento que Thalia precisou passar tão nova.
Perder o pai.
Perder o irmão.
E perder a mãe lentamente.
Violet olha o disco mais uma vez e suspira, o deixando embalado em um lençol perto da banqueta, pegando alguns dos discos ─ que ela pode ou não ter pegado furtivamente na casa de Thalia ─ colocando em uma caixa do lado da vitrola, elas vão ouvir música. Um varal das mesmas luzes que Thalia pendurou em seu quarto passa do poste de energia, sendo firmado nas paredes dos vizinhos, deixando tudo brilhando para o momento.
Seria mentira se Violet dissesse que não se esforçou, quer dizer, ela se esforça, sempre se esforçou para às pessoas que ama, no entanto, sempre coisas minimalistas, pequenas e sutis que você percebe se olhar de outro ângulo, tentar fazer Thalia evitar o fosso, brincar com seus cachos, escolher sua roupa, tentar dizer a coisa mais reconfortante possível em vez de ser carrasca e direta como se acostumou a ser na prisão, seu creme para finalização acabou? No dia seguinte Vi chega com um pote novo e um extra, você gostou tanto daquela jaqueta? É sua, com vontade de comer no restaurante novo da rua? Imediatamente preparando algo.
Vi se importa e se esforça, mas coisas notáveis como isso, pensar, planejar, montar, um cenário tão delicado e particular, onde ninguém vai incomodar, coisas assim ficam com Thalia e suas mãos gentis, então, quando Violet termina, esfregando o suor da testa e analisando o trabalho feito, sorrindo para si mesma quando nota o entardecer e bufa cabelo longe, as luzes quentes e gentis do varal de pisca-pisca, os tatames bem posicionados formando uma arena, os discos e vitrola, perfeito.
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𝑅𝑖𝑡𝑚𝑜 𝑑𝑎 𝐷𝑜𝑟 ─ᴀʀᴄᴀɴᴇ─
Fanfic❞Os malditos olhos de Thalia, que marcaram sua alma e seu corpo, e agora, Vi se via viciada como uma droga na imensidão deles❞ ༗ Às vezes, o amor é lindo, como botões de rosas em seu desabrochar, pe...