꧁•⊹٭𝙲𝚊𝚙í𝚝𝚞𝚕𝚘 30٭⊹•꧂

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Fecho a porta por onde entrei e a tranco.

Ele me avalia.

Respiro lentamente para tentar acalmar o meu coração acelerado.

Mas parece que nada dá certo. Ainda mais quando Kael está bem aqui, diante de mim e me olhando como um predador olha para sua presa.

O que você... — começo quando tenho certeza que minha voz não vai vacilar.

Ele não me deixa terminar a frase.

Não. Isso não é relevante. — Kael diz, se levantando de onde estava sentado. — Porque demorou?

Abro a boca pra falar, mas não sei o que dizer. Que merda ele tá perguntando?

Meu coração parece um tambor conforme ele se aproxima cada vez mais de mim.

Até que eu esteja colada a porta, e ele, bem diante de mim, a poucos centímetros de encostar no meu corpo.

Mas um passo e estaríamos com os corpos colados.

Estou encarando seus olhos, e esse é o ato mais corajoso que consigo ter neste momento.

Como ele entrou? Eu tranquei tudo antes de sair, e sem perceber... olho pra janela. Isso mesmo, tranquei a janela antes de sair e ela está do mesmo jeito que deixei.

Como você entrou no meu quarto? — pergunto, sentindo minhas pernas vacilarem.

Tento manter a postura.

Ele dá um passo muito pequeno, e sinto algumas partes do seu corpo encostarem no meu.

Porque demorou? Você devia ter chegado a... — ele olha o relógio de pulso. — 11 minutos atrás.

Pisco os olhos lentamente. Aonde ele quer chegar?

Você me espionando por acaso?

Agora, Kael se aproxima tanto que sinto seu hálito na minha bochecha, ele está um pouco curvado para ficar na mesma altura do meu rosto.

E se eu estiver? — ele pergunta, sua voz na minha orelha me causa arrepios.

Estou resistindo a todos os impulsos que gritam para que eu o toque.

Porque demorou 11 minutos, Carson? — ele pergunta, se referindo a mim da mesma maneira que fazia quando estávamos naquela casa de campo. — Eu não sou o suficiente pra você? O que estava fazendo nesses 11 minutos com aquele moleque?

Sinto o corpo dele pressionar o meu ainda mais. Há uma ira mas também algo frágil na maneira como ele fala a última sentença.

Como se temesse que eu realmente estivesse tendo algo com Héctor.

Mal sabe ele que esses supostos 11 minutos foram porque neguei a carona de Héctor e tive que esperar um uber que vinha do outro lado da cidade...

Porque se importa? — pergunto, com a voz que parece mais um sussurro.

Ele me afeta muito.

Ouço ele estalar a língua. Seu rosto não está mais na mesma altura que o meu, agora, ele encara a porta.

Sinto o aperto de Kael se afrouxar, como se ele estivesse recuando.

Ele se afasta, e agora, consigo ver seus olhos outra vez.

E parece que ele está atormentado.

É incrível como ele é capaz de matar, de torturar, de enfrentar tudo e todos, mas aparentemente, quando o assunto envolve como eu me sinto em relação a ele, Kael parece se tornar tão... frágil, inseguro e receoso.

𝓨𝓸𝓾𝓻, 𝙵𝚘𝚛𝚎𝚟𝚎𝚛 𝘢𝘯𝘥 𝙀𝙫𝙚𝙧Onde histórias criam vida. Descubra agora