Capítulo 8

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Estou sentada entre as suas pernas enquanto ele cuida dos meus ferimentos.

— Espero que elas sumam. — Ele diz enquanto passa o algodão por uma delas.

Não falo nada, não quero magoá-lo.

— Eu sinto muito. — Ele repete pela milésima vez.

— Eu sei, não precisa ficar se culpando.

— Doí muito? — não quero falar a dor absurda que eu estou sentindo, não suporto seu olhar de culpa.

— Já está passando — minto.

Quando ele termina, aconchego-me nos seus braços ali mesmo no chão onde estamos. Ele passa as mãos pelos meus cabelos.

— Mais tarde, quando eles chegarem, preciso que se comporte. Não fale nada, não os provoque. Apenas fique calada e os obedeça, só fale quando for permitido. Me prometa que vai se comportar.

— Eu prometo — digo. Ele me aperta mais ainda contra o seu corpo. Sinto-me segura, sinto-me bem apesar de toda essa dor. Ele me faz bem. — Posso te falar uma coisa?

— Pode.

— Eu acho que gosto de você – não parece ter sido o que ele queria ouvir, mas eu não poderia falar que o amo, eu nem mesmo sei o que é amor.

Quando o dia amanheceu, estava na cama. Ele deve ter me colocado depois que peguei no sono em seus braços. A dor em minhas costas ainda é terrível. O lençol tem um pouco de sangue. Encontro um vestido preto e sem graça sobre a cama, e um bilhete.

Eles chegarão às 10 horas. Esteja pronta.

Vou tomar um banho. A água faz os meus ferimentos arderem. Quando estou pronta, são nove e meia. Desço para encontrá-lo e vejo-o na cozinha terminando de preparar o nosso café.

— Está com fome? — Ele pergunta.

— Sim — sento-me na mesa em que costumava fazer as minhas refeições com a minha mãe. — Por que este vestido?

— Para representar a sua dor. A dor que para eles deveria ser um prazer pra você.

Não falo mais nada, apenas tomo o meu café ao seu lado em completo silêncio. Quando terminei, fomos para a sala e ficamos sentados no sofá esperando-os chegarem ainda em completo silêncio. Quando a campainha toca, meus olhos marejam.

— Não quero vê-los. Não sei se vou aguentar calada enquanto olham com prazer uma coisa tão cruel — digo antes dele se levantar. Em seguida ele se ajoelha na minha frente e enxuga as minhas lágrimas.

— Seja forte, Zara. — Ele se levanta. Respiro fundo e quando a porta se abre, meu coração está a mil por hora. Quero gritar para eles o quanto os odeio, descrever como é a dor e como gostaria que eles sentissem o mesmo.

— Nossa garota — um deles, o mais baixo e gordinho, diz vindo até mim com os olhos brilhando. Seguro as minhas lágrimas, não quero mostrar o medo de que eles me dão. — Gostaria de poder descrever a honra de ter uma garota tão linda como uma de nossas mulheres — continuo séria e calada.

— Uma garota tímida — o que mais aparenta ser o mais velho deles diz. Não o encaro, pois sei que lhe mostraria todo o meu ódio.

O garoto mais jovem estava no meio deles e é quem mais me chama a atenção. Seus olhos eram frios e não parecia fazer questão de comentar sobre mim. O primeiro a falar comigo se sentou do meu lado.

— Vamos começar com isso logo — o mais novo disse.

— Se levante, querida — o que está sentado ao meu lado diz. — Tire toda a sua roupa. — Eles se sentam e eu caminho, nervosa, para frente. Tiro o meu vestido, ficando apenas de calcinha e sutiã. Depois de um tempo em silêncio, ouço alguém bufar e o mais novo deles aparece em minha frente e retira o meu sutiã. Pelo menos de costas nem todos eles podem olhar os meus peitos. Fico ali parada por alguns minutos sem ouvir nenhum barulho. Sinto-me humilhada ao imaginar as suas caras de prazer me olhando. Babacas.

A escolhida. [amostra]Onde histórias criam vida. Descubra agora