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//Capítulo 5// 


"E eu preocupava-me."


              E bem, passou uma semana desde a última vez que eu e o rapaz moreno nos falámos. Eu não tenho intenções de ir falar com ele e ele parece não ter intenções em falar comigo.

              No entanto, estou curiosa por saber o porquê de ele ter deixado de falar comigo depois de ser tão simpático. Não seria a primeira vez que eu perguntava a alguém porque se afastavam de mim, tinha feito isso muitas vezes quando comecei a ter sinais de fobia, por isso não seria diferente. Ou se calhar seria, porque quando eu era mais nova, apesar de estar numa idade onde já se consegue raciocinar o que se está a passar, eu era apenas uma rapariga curiosa que nunca tinha conhecido ninguém com fobias e não sabia como é que as pessoas costumavam reagir a elas.

             A minha mãe tentara explicar-me que as pessoas apenas gostam de julgar os outros e que eu não deveria levar a peito se um desconhecido me dissesse que eu não era normal. O que não aconteceu porque cada vez que alguém de ofendia eu tinha vontade de chorar. A verdade era que nem eu sabia como reagir tendo uma fobia da qual nunca tinha ouvido falar. Era estranho. Eu estava habituada a ser uma pessoa que gostava de mostrar afeto, abraçando familiares e amigos cada vez que queria, por isso, passar a não suportar toques de ninguém de um dia para o outro, foi chocante tanto para mim, tanto para as pessoas à minha volta.

            Mas ninguém se deu ao trabalho de me tentar perceber. A minha irmã teve o cuidado de explicar tudo o que aconteceu, visto eu estar em choque, e a minha mãe mostrou preocupação, como qualquer outra mãe deveria fazer. De resto, amigos perdi-os, não porque eles não me percebiam (eles não entendiam de qualquer maneira), mas porque eu os afastei com medo de que eles ultrapassassem o limite. A família deixou de ser tão alegre, visto o que aconteceu ter afetado a todos.

             Calum não parecia afetado com o facto de eu ter afefobia, daí eu supor que ele se afastou porque não está habituado a conhecer pessoas como eu. E isso é compreensível.

            Eu até fico feliz que ele já tenha arranjado alguns amigos. Pelo que vi, não são más companhias, e isso é bom. Ele poderia estar a andar com gente idiota e fútil, mas está com pessoas decentes.

            O que eu não gosto dos amigos dele é que sempre que passo por eles, eles começam a sussurrar. Já antes faziam isso, mas agora que sei que Calum se dá com eles, com certeza que também ele me anda a julgar, mesmo que só tenha falado comigo cerca de três vezes.

           Honestamente, nem me afeta. Apenas os toques deles me afetam.

           Mas havia algo de diferente nele, algo que me fazia querer contar-lhe mais sobre mim, mesmo sabendo que não o farei; algo que me fazia querer que ele me tocasse, mesmo sabendo que isso não aconteceria; algo que libertou tristeza pelo meu corpo por saber que nunca mais iríamos falar.

            E isso não me agradava. Já me chegava ficar dependente do Luke e da minha irmã para me puder acalmar cada vez que tinha um ataque de pânico, não queria, de todo, sentir necessidade de estar ao pé de uma certa pessoa.

            A escola já tinha acabado e, mais uma vez, estava à espera que todos saíssem para que eu pudesse ir para casa em paz.

           Apenas estava eu e outro rapaz na escola, suponho que ele estivesse à espera de que alguém o viesse buscar. Mas havia um grupo de rapazes perto do portão, fazendo com que a minha passagem por lá fosse impossível.

Dark Past || Hood [PARADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora