Quando percebi, Miles já tinha ido embora correndo, sem falar nada, meu pai tava sentado na cozinha e pareceu não ligar muito, deixamos ele lá e fomos para o quarto da minhã mãe pra conversar.
- Pode falar, mãe.
- Alasca, olha...
- Fala logo, tenho que ir atrás do Miles.
- Eu já sabia.
- Ah é? E soube como?
- Praticamente tudo aponta a isso, né querido?!
- O que quer dizer?
- Suas roupas, o jeito que fala, o jeito que me xinga quando uso roupas que você não gosta, seu amor incondicional pela Lady Gaga. Tudo isso aponta pra homossexualidade.
- Jesus Cristo mãe! Por que não me falou nada antes? Parece que tirei uma Sra. Brighton das costas!
- Quem é Sra. Brighton?
- Minha professora de História da Arte. Ela é tão gorda, mas tão gorda, que já quebrou várias mesas da escola sentando nelas.Minha mãe riu, nos abraçamos, me arrumei, tomei um calmante e fui atrás do Miles. Quando cheguei na esquina da frente, vi uma aglomeração horrorosa e umas ambulâncias, e como eu não perco uma fofoca fui correndo saber o que tinha acontecido.
Foi aí que meu mundo caíu, era Miles o protagonista do acidente, ele estava todo estourado, caído, desmaiado. Os paramédicos estavam colocando ele na maca e enfiando na ambulância. Não aguentei, eu que já tinha tomado uns remédinhos, desmaiei assim que assimilei tudo.
Acordei com um cano na minha veia (que eu arranquei assim que eu vi, não suporto coisas espetadas em mim), levantei e percebi que eu tava com aqueles vestidos que os pacientes usam e tentei sair do quarto que eu estava. Após centenas de tentativas falhas, eu resolvi usar meu telefone que estava no criado mudo e ligar para a polícia para denunciar quem me prendeu naquele inferno.
- Alô? Polícia?
- Sim, qual sua emergência?
- Fui sequestrado, to com um vestido de paciente de hospital que não me cai nada bem e um cano introduzindo substâncias suspeitas em minhas veias, já me sinto drogado!!!!
- Você tem certeza?
- Sim, me tire daqui logo!
- Por que o senhor não vai passar trote pra outro órgão do governo? Passar bem.E desligou.
Me senti um otário, lembrei que eu tinha desmaiado, que provavelmente eu estava num hospital, E LEMBREI QUE O MILES TINHA SOFRIDO UM ACIDENTE, EU TINHA QUE SAIR DE LÁ!
Comecei a bater na porta igual um esquizofrênico até que uma enfermeira abriu e perguntou o que estava acontecendo, empurrei a vadia e vasculhei todos os quartos do andar, todos do andar de cima, e mais varios outros, até que tive a brilhante idéia de ir na recepção pedir informações. Chegando lá eu encontrei um doutor (gatíssimo, aliás), que me parou e perguntou:
- Pera aí mocinho, onde pensa que vai?
- PRECISO SABER O QUE HOUVE COM MEU NAMORADO, ELE SOFREU UM ACIDENTE AINDA A POUCO, EU PRECISO DE INFORMAÇÕES!
- Tenha calma, tenha calma? Eu vou te ajudar, vamos na recepção.No caminho, fiz o médico comprar algumas batatas pra mim na máquina de doces alegando que minha pressão estava baixa e eu ia desmaiar se não comesse nada salgado, ele foi bem legal, conversou comigo o tempo todo, mas aí chegamos na recepção.
- Qual é o nome do seu amigo?
- É namorado - disse eu - Miles Halter.
- Só um minuto, por favor.
- Anda logo!
- Branco, 16 anos, atropelamento. Certo?
- Sim, acho que sim.
- Eh... Sinto muito, mas, aqui diz que ele faleceu faz poucas horas.
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Quem sou eu, Alasca?
Teen FictionDopado, rindo, fumando, bebendo, conversando em grupos no Whatsapp, estudando, trabalhando, esperando a morte chegar. Isso é 120% da vida de Alasca Young, um adolescente feliz, apaixonado, depressivo, as vezes meio bêbado que resolveu escrever um li...