Capítulo 9

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Acordei com uma vontade enorme de comer sonho e por isso fui até a padaria.

-- Fernanda? Ouvi alguém me chamando.

Olhei para traz e vi a garota de cabelos loiros com as pontas vermelhas.

-- Oi. - disse um pouco confusa. Não me lembrava dela.

-- Estudei com você no primeiro ano. - disse. - Nicole. - disse por fim.

Nicole? Aquela garota não era a Nicole, Não a Nicole que eu conhecia. Ela tinha cabelos compridos e escuros, não usava maquiagem forte e muito menos roupas extravagantes.

-- Meu Deus, Nicole? Como você está diferente. - disse lhe dando um abraço.

-- Eu sei, mudei bastante desde o segundo ano. - ela deu de ombros - E ai? O que anda fazendo da vida? Como está a sua irmã?

Eu abaixei a cabeça tristonha.

-- Disse algo de errado? Perguntou.

-- Não, é que... Na verdade não é nada.

-- Ah, me desculpe. - ela mudou de assunto. - Vou dar uma festa esse fim de semana, por que não aparece? Ela me entregou um convite.

-- Claro, por que não?

Fiquei mais um tempo conversando com Nicole, sobre como tudo tinha mudado desde a escola. Mas era bom saber que ela se lembrava de mim, e que ainda me considerava uma amiga.

Nenhuma das duas tinha planos para aquela tarde, então fomos para o cinema.

Nicole não chegou a ser da mesma turma de Claudia, por isso nem toquei no assunto com ela, então só disse do acidente.

Tinha perdido o contato com Nicole quando ela foi morar com seu tio no Rio de Janeiro. E agora ela estava de volta, reencontrando os velhos amigos, era esse o motivo da festa.

-- Por que decidiu voltar? Perguntei depois de morder a casquinha do meu sorvete.

-- O Rio é ótimo, mas não tinha muitos amigos lá, e meu tio já se cansou de mim. - ela deu de ombros. - Mas e o seu namorado? Como era mesmo o nome dele? Paulo?

-- Eu terminei com ele, aquele canalha estava me traindo com a Samara.

-- Aquela vaca ladra de namorados. - ela disse aparente com raiva. - Eu adorei te reencontra Nanda, serio, foi muito bom mesmo, mas agora eu tenho que ir, tenho que dar uma geral lá em casa se não a festa vai ser na rua. - ela riu.

Nós nos despedimos.

Sentei na praça de alimentação para comer . Tinha visto um casal comendo comida japonesa e aquilo parecia ser bom.

-- Posso me sentar aqui? Perguntou alguém.

Estava tão distraída tentando comer com o Hashi que não tinha visto Lucas.

-- Oi. - disse abrindo um sorriso involuntariamente.

Acabei derrubando meu sushi.

-- Acho que alguém precisa de ajuda para usar o Hashi. - ele sorriu.

-- Não sou muito familiarizada com eles. - disse colocando de lado. - você quer? Perguntei apontando para a bandejinha.

Ele puxou a cadeira para o meu lado.

-- É assim que se pega o Hashi. - disse pegando o palitinho junto com minha mão.

Ele só soltou quando o sushi estava em minha boca.

-- Hmmm.

Ele riu.

-- Acho que não entendi. - disse.

-- Isso é bom. - disse depois de engolir. - Sua vez.

Ele pegou um Sashimi e molhou no Shoyu, mas não comeu, ele colocou na minha boca.

Ele riu. E então comeu um Sashimi também.

-- Posso tentar?

Ele me entregou o Hashi.

Consegui pegar um bolinho de arroz cheia de dificuldade e então mergulhei no Shoyu.

-- Não, não... - ele fez uma careta.

Eu parei imediatamente. O Shoyu pingou na mesa.

-- Não se molha o Shari no Shoyu. - ele riu.

Eu fiz uma careta, sem saber se comia ou se devolvia o bolinho de arroz ensopado.

-- Tudo bem, pode comer. É só que ele pode se desman...

Estava tão distraída enquanto ele falava que nem percebi que segurava apenas o Hashi.

Nós rimos.

-- Tente esse aqui. - disse pegando mais um Sashimi. - é mais fácil.

-- Como me encontrou aqui? Perguntei.

-- Estava dando uma volta e te vi sentada aqui. - disse.

Eu o encarei desconfiada. Qual era a chance disso ser verdade? O shopping de São Paulo era enorme.

-- Minha vez. - disse me mostrando uma notinha.

Fiquei confusa de inicio e então percebi que ele estava indo retirar o seu pedido.

Esperei que ele voltasse.

-- Está brincando não é? Perguntei quando ele chegou com uma bandeja de comida japonesa.

-- Não. Eu adoro comida Japonesa. - ele sorriu.

Lucas ainda conseguiu terminar de comer antes de mim, me atrapalhei um pouco na hora que tentei molhar apenas o peixe do bolinho de arroz.

-- Claudia ficou fora o dia todo hoje. - disse enquanto andávamos pelos corredores do shopping.

Eu tentei não parecer preocupada, mas aquilo era inevitável. Claudia era minha melhor amiga desde pequena.

-- Eu sei o que ela fez, mas releva, por favor, ela precisa tanto de você...

-- Eu não estou brava com ela. - disse. - Estou brava com a Emília. - fechei a cara.

Passamos enfrente a uma barraquinha de amendoins torrados. Meu estômago se embrulhou.

Saí correndo que nem uma doida até chegar ao banheiro. Lucas veio atrás de mim sem entender.

Lavei minha boca na pia do banheiro mesmo. Só de pensar que aquilo ia piorar.

-- Você está bem? perguntou quando saí do banheiro. - O que aconteceu? Ele segurou meus ombros.

-- Estou bem. - disse.

-- Acho melhor se sentar um pouco, você está um pouco pálida. - ele me levou até um banco vazio.

-- Lucas, eu estou bem.

-- Acho que você comeu muito Shoyu. - ele parou de falar e pegou o celular de dentro do bolso da calça. - Alô. Como é? Tudo bem.

-- O que foi? Perguntei vendo seu rosto virar uma mascara de preocupação.

-- Claudia está bêbada e quer que eu vá busca-la.

Eu me levantei.

Mais essa agora. Claudia estava começando a beber.

Um fio de esperança. {EM REVISÃO.}Onde histórias criam vida. Descubra agora