Minha mãe não achou ruim de eu ter pedido para dormir na casa de Claudia, só ficou um pouco brava por não ter avisado antes.
Tivemos uma pequena batalha no Guitar Hero, acabei ficando em ultimo já que não sou muito de jogar vídeo game.
Lucas fez pipoca para assistirmos uma comedia, ficamos deitadas eu e Claudia juntas no sofá grande e Lucas sozinho no pequeno.
Claudia estava com sono antes do final do filme. Também, tinha tirado a pobrezinha da cama as 5 da manhã.
Também não demorei para dormir depois que vimos o filme, tinha sido um dia cansativo para mim também.
Graças a Deus não tive nenhum sonho bizarro naquela noite, em vez disso foi apenas mais uma noite sem sonhos.
Quando acordei Claudia não está mais deitada. Me levanto e vou até o banheiro, feliz por já ter deixado coisas minhas lá, como escova de dente e roupa - exatamente para ocasiões como essa.
Dona Ana está na sala assistindo um programa na TV quando passo por ela.
-- Bom dia minha linda, como dormiu? Pergunta ela abrindo um sorriso.
-- Bem, obrigada. - respondo sorrindo também. - Onde está a Claudia? Pergunto tentando parecer casual.
-- Está na cozinha tomando o café.
-- Obrigada. - disse caminhando pelo corredor.
Me encosto no arco da parede da cozinha e paro para observar Claudia, fico intrigada no que ela está fazendo, então continuo em silencio enquanto a vejo despedaçar o pão em pequenos pedaços e jogar dentro do copo de leit.
Segurei o riso, em todos esses anos frequentando sua casa eu nunca a tinha visto fazendo isso.
Ela se levantou com o copo intacto e jogou o seu café da manhã pia abaixo, sem saber que estava sendo observada, continuo parada agora um pouco espantada. Na verdade bem espantada.
-- Santo Deus! - diz colocando a mão no peito. - Quase me matou do coração Nanda.
Vou até a geladeira, pego o leite e então encho um copo.
-- Café ou Nescau? Pergunto antes de me virar para o armário e pegar um pão de leite dentro do saco.
-- Nanda...
-- Não vai discutir comigo. Eu vi o que você fez. - passo requeijão no pão e entrego a ela.
Coloco Nescau no leite e também entrego a ela.
-- Muito bem, não vou sair daqui até ter certeza de que você comeu. - disse me sentando na cadeira a sua frente.
Ela revirou os olhos e faz careta
-- O leite está com bolinha... Não bebo leite com bolinhas. - reclama.
Pego a colher e tiro as malditas bolinhas do leite e coloco na pia.
-- Beba, antes que eu tenha que chamar o Lucas. - disse tentando me manter calma.
Faço meu café da manha e a acompanho.
-- Não é tão ruim assim - disse tentando encoraja-la.
Sei que minha reação tinha sido um pouco de mais. Mas não podia deixar que ela ficasse sem comer.
-- Você não faz ideia - ela disse com o olhar baixo.
Pego sua mão e espero que ela olhe para mim.
-- Ei, vai dar tudo certo. - disse.
Ela suspira e então deixa o copo de leite de lado.
--Eu acho que a Emília tem outra pessoa.
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Um fio de esperança. {EM REVISÃO.}
No FicciónA primeira vez que ouvi falar em anorexia, não tinha mais do que 12 anos. E naquela época eu não conseguia entender como uma pessoa podia ter nojo da comida. Não sabia nada sobre o assunto. Até descobrir que Claudia estava indo por esse caminho tão...