Capítulo 24

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Meu celular despertou uma música gritante. Resmunguei um pouco até criar coragem para levantar.

Já era segunda?

–– Bom dia. – Claudia disse saindo do banheiro.

–– Bom dia. – disse sem vontade nenhuma de ir para o trabalho. – Que dia é hoje? Perguntei.

–– Dia de saber o sexo do meu afilhado. – ela sorriu.

Pisquei algumas vezes confusa. Era dia de ir ao médico.

–– Eu não quero saber o sexo. – disse voltando a me deitar.

Claudia me olhou torto.

–– Mas, EU quero. E como madrinha eu tenho todo o direito de saber. – disse um pouco irritada.

–– E eu como mãe tenho o direito de não saber. – disse por fim.

Claudia puxou meu cobertor.

–– Levanta logo e vai tomar um banho. Vou acordar minha mãe.

–– Claudia. – reclamei.

Me arrastei até o banheiro com minhas coisas e abri o chuveiro. A água estava tão gostosa que eu poderia ficar ali para sempre.

–– Ande logo Nanda. – Claudia bateu na porta depois de 10 minutos.

–– Já vou, já vou. – disse desligando o chuveiro.

Não estava nem frio e nem calor. Coloquei uma camiseta folgada e uma calça jeans.

Eu estava virando uma bola. Minhas roupas já estavam ficando apertadas.

–– O café está na mesa meninas. – Dona Ana chamou da cozinha.

Vesti minha rasteirinha e acompanhei Claudia até a cozinha.

–– Eu vou com vocês. – disse se sentando ao meu lado.

–– Mas e a escola? Perguntei me servindo com um copo de leite e uma fatia de bolo.

Me perguntei quando Ana teve tempo para fazer bolo. Talvez ela tenha feito ontem quando eu estava dormindo.

Claudia se levantou e pegou uma tigela e o cereal.

–– Não vai ter nada de interessante hoje. Então não tem problema eu faltar.

–– Não quer um pedaço de bolo filha? Ana perguntou. Ela estava bebendo só uma xícara de café preto.

–– Eu odeio bolo de inhame. – ela fez careta.

Mentira. Era um de seus bolos favoritos.

Eu a observei atentamente. Seu rosto estava pálido. Ela parecia cansada. As olheiras em baixo de seus olhos estavam ficando mais fundas.

Ela foi até a pia se servir de leite e cereal.

Ela podia ter feito isso na mesa.

Fiquei com vontade de pegar o pedaço de bolo que estava em minha mão e lhe enfiar goela abaixo.

–– Claudia sente-se na cadeira e termine o seu café. – disse um tanto ríspida.

–– Eu só estava pegando uma colher. – Ela encolheu os ombros.

Dona Ana me olhou sem entender.

Como ela não via o que sua filha estava fazendo?

Ela estava trapaceando, estava mentindo outra vez.

–– Vou terminar de me arrumar. – disse terminando de beber meu leite.

Penteei o cabelo e escovei os dentes.

Um fio de esperança. {EM REVISÃO.}Onde histórias criam vida. Descubra agora