O celular chamou apenas uma vez e então eu desisti. Eu não podia fazer isso com Lucas. Era ele quem estava ao meu lado sempre que eu precisava.
Olhei para o céu cheio de nuvens.
Fiquei assim por alguns minutos, até meu celular começar a vibrar.
– Oi meu amor, você me ligou. – disse assim que atendi.
– Oi Lucas.
– Aconteceu alguma coisa, Nanda?
– Não, é que, eu acho que devíamos conversar.
– Pode me dizer.
– Não por telefone.
– Droga. – ele parecia triste – Você está terminando comigo?
Respirei fundo.
– Eu não quero fazer isso por telefone. – disse por fim.
– Você está terminando comigo!
– Eu sinto muito. – disse.
– Tudo bem. – disse devagar. – Só me diz o motivo.
– Não estamos dando certo Lucas. Não é como quando nos conhecemos. Nós dois nos afastamos muito. E eu preciso de alguém pra abraçar de vez em quando.
– Então o problema é à distância?
– Sim, ela nos afastou mais do que devia.
– Tudo bem, eu concordo. Mas nós podemos dar um jeito nisso, não podemos?
Eu fiquei em silêncio.
– Não podemos Nanda?
– Lucas, você é muito novo para entender isso, mas eu vou ter um filho daqui a três meses. E quando o bebe nascer, não vou ter tempo para você. E eu não quero que você passe por isso.
Ficamos em silêncio por alguns minutos.
– Então isso é um adeus? Perguntou.
–Sim. – eu disse.
– Bom então adeus Nanda. Eu espero que seja muito feliz, de verdade. Eu te amo.
Aquele ultimo, "eu te amo" entrou como uma faca em meu peito.
– Também te desejo toda a felicidade do mundo Lucas.
– Então é isso, tchau Nanda.
– Tchau.
– Até algum dia. – Ele desligou.
Senti algo estranho na boca do estomago. Um gosto amargo na boca. Mas aquilo era o certo a se fazer.
Continuei sentada alguns minutos com a mão na barriga. O bebe estava chutando bastante. Sorri largamente enquanto conversava com minha barriga para me distrair. Isso era algo que eu adorava fazer. Conversar com o meu bebezinho e sentir seus cutucões dentro de mim.
Depois de meia hora sentada no banco da praça, me levantei e fui para o ponto de ônibus.
Eu precisava comprar bastante coisa para o enxoval. Só tinha as roupinhas que Claudia tinha comprado. O que não era nada comparado com o que precisava.
Tinha economizado dinheiro suficiente pra comprar roupas e fraudas e as coisas mais básicas. Mas não para o berço, banheira, cômoda e etc.
Chegando ao shopping entrei em uma loja de roupas para bebês. Era uma loja pequena e com roupas lindíssimas. Mas todas eram muito caras também.
Fui para outra loja de roupas variadas, adultos, jovens e crianças. A diferença de preço era mais de 100%. Obvio que o estilo de roupas de uma loja para a outra era bem diferente. Mas de qualquer forma pagar 350 por um vestidinho vinho com alguns babados branco, era de mais. Com 350 reais eu podia comprar três ou mais vestidinhos tão lindos quanto aquele. Peguei uma daquelas sacolas de colocar as roupas e fui escolher alguns macacõezinhos. Eu ainda não sabia o sexo. Peguei dois macacões do mesmo modelo, um branco e um amarelo. Praticamente essas eram as cores que combinariam tanto com menino quanto com menina. Peguei outros macacões de outros modelos e depois fui pegar camisetas e calças. Estava começando a considerar a ideia de ligar para o meu medico e perguntar se meu bebê ficar melhor de rosa ou azul. Tinha tanta coisa linda para comprar, mas tinha que me limitar a branco e amarelo por pura frescura minha de não querer saber o sexo. Peguei algumas meinhas e dois gorrinhos para o frio. Passei para a parte da perfumaria, escolhi a mamadeira, sabonete, shampoo, loção e etc.
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Um fio de esperança. {EM REVISÃO.}
Non-FictionA primeira vez que ouvi falar em anorexia, não tinha mais do que 12 anos. E naquela época eu não conseguia entender como uma pessoa podia ter nojo da comida. Não sabia nada sobre o assunto. Até descobrir que Claudia estava indo por esse caminho tão...