Por volta da 7:30 Dona Ana me ligou para saber se estava acordada e pronta para ir ao medico. Eu estava para completar 7 meses e precisava de um acompanhamento mais rigoroso durante a gestação.
Já estava em pé fazia algum tempo, estava ansiosa com a consulta, queria saber o sexo do bebe, mas não queria estragar a surpresa.
Tomei um iogurte de morango e comi um pedaço de bolo.
Estava assistindo ao jornal quando Ana tocou a campainha.
–– Posso conversar com você antes da gente sair? Perguntou quando fui abrir o portão.
–– Claro. – eu engoli em seco.
Ela estava seria. E parecia zangada.
Nós nos sentamos no sofá e eu esperei que ela dissesse algo.
–– Não sei o que aconteceu entre você e minha filha Nanda, não sei quem está certa ou errada. Mas me doeu muito chegar em casa ontem e encontrar a Claudia no estado em que ela estava. – ela olhava diretamente em meus olhos enquanto falava, seu olhar era tão intenso que eu não podia desviar. – Ela estava chorando muito e as coisas dela estavam todas jogadas. – ela segurou minha mão. – Sei que isso não foi culpa sua, mas ela não quis me contar o motivo daquilo tudo.
Eu mordi o lábio inferior.
–– Dona Ana eu...
Ela fez um sinal para que eu a deixasse continuar. Eu assenti e me calei.
–– Como eu disse, não sei o que aconteceu, mas ela ficou muito mal. Claudia está passando por uma situação muito delicada e eu gostaria que você entendesse isso. Se coloque no lugar dela, ela não perdeu só você, ela perdeu a criança também. – ela colocou a mão na minha barriga. – Eu sei que ela errou, e sei que foi preciso você ficar um pouco afastada, mas ela precisa de você agora mais do que nunca. – ela fez uma pausa e olhou para o relógio. – Você sabe que eu voltei a trabalhar, o Rubens mal para em casa. Ela fica muito tempo sozinha, não quis mais ir ao psicólogo, começou a sair escondida com aquela menina que eu não suporto...
–– Emilia? Eu engasguei.
–– Eu não sei o nome dela, mas acho que sim. – ela deu de ombros. – A treinadora dela me ligou mês passado perguntando de uma autorização que a Claudia entregou dizendo que eu tinha permitido a volta dela pro vôlei. E é claro que eu não assinei nada, eu sei que ela ainda não está bem.
Ela suspirou pesadamente.
–– Eu só quero que você tente entender o lado dela Nanda. Ela ainda não está bem, nem ao psicólogo ela quer ir mais. Ela precisa de você, e você precisa dela que eu sei. Vocês são amigas a tanto tempo, não podem deixar que uma briga boba acabe com isso. É raro ter uma amizade assim hoje em dia.
Eu assenti meio cabisbaixa. Ela tinha razão.
–– Por que você não volta a morar cm a gente? Lá você não vai ficar tão sozinha quanto aqui.
Eu a encarei surpresa.
–– Olha Dona Ana, eu não posso. Não quero deixar minha mãe...
–– Sua mãe é mulher, ela é mãe, ela entende o que estou passando. Ela perdeu uma filha, e eu corro o risco de perder a minha. – seus olhos encheram de lagrimas. – Ela vai entender. Não é como se você estivesse abandonando-a. – ela enxugou as lagrimas que começaram a cair com as costas da mão. – Por favor Fernanda.
Ela segurou minhas mãos e ficou de joelhos.
–– Por favor Fernanda, ela também é sua amiga. – ela começou a chorar.
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Um fio de esperança. {EM REVISÃO.}
Kurgu OlmayanA primeira vez que ouvi falar em anorexia, não tinha mais do que 12 anos. E naquela época eu não conseguia entender como uma pessoa podia ter nojo da comida. Não sabia nada sobre o assunto. Até descobrir que Claudia estava indo por esse caminho tão...