Capítulo 37

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A vida não da segundas chances, eu ouvia muito isso quando era mais nova, mas sei que é mentira. A vida dá sim uma, duas, três quatro e quantas chances precisar. Algumas pessoas são tão miseráveis que não percebem e acabam deixando passar por estar ocupado de mais se lamentando. Algumas pessoas tem um ego tão grande que acabam estragando tudo.

Eu sei disso porque tive minhas segundas chances. E tentei ao máximo não desperdiçá-las

Fiquei com meu pai o máximo que consegui aguentar. Aquela ansiedade estava acabando comigo. Tinha até perdido a vontade de comer o bolinho de chuva. Mas não fiz essa desfeita com meu pai. Meu pai tentou puxar assunto, mas já estava desligada.

–-- Pai, você pode me levar pra casa? Pedi.

–- Já? Você não quer ficar mais um pouco?

–- Não, preciso resolver umas coisas. - disse olhando meu celular.

Esperei meu pai lavar a pouca louca da pia e então ele concordou em me levar.

Antes de entrar no carro com meu pai liguei para Dona Ana dizendo que precisava ter uma conversa séria com Rubens e ela, de preferência em outro lugar que não em casa.

Depois que ela concordou em me encontrar, pedi para meu pai me deixar em frente ao prédio onde Ana trabalhava.

–- Obrigada por me dar uma segunda chance Nanda. - disse antes que eu saísse do carro.

Dei apenas um sorriso para ele antes de descer do carro.

Andei em direção ao prédio azul e branco. Dona Ana trabalhava no quinto andar, e isso era tudo que eu sabia. Conhecia Ana a tanto tempo e mesmo assim não sabia nada sobre o emprego dela. A única coisa que sabia era que ela era uma boa empresaria.

Dona Ana estava saindo do elevador quando parei na mesa da recepcionista.

–- Nanda, - ela me chamou. - Pode vir comigo.

Eu a acompanhei até o elevador, ela apertou o número 5 e nos subimos em silêncio. Paramos em dois andares. Uma moca, que parecia ter minha idade, segurava alguns papeis bagunçados, ela parecia aborrecida com alguma coisa. Talvez estivesse estressada com o trabalho.

Nós descemos no quinto andar e andamos por um corredor, passando por salas cheias de gente e salas vazias, andamos até chegar em uma sala com uma porta de vidro com o nome de Ana escrito nela.

Era uma sala muito formal, com livros sobre administração de empresas na pequena prateleira em uma das paredes e um quadro de alguém que eu não conhecia, era um belo quadro, combinava com o tom pastel da sala.

–- Pode se sentar Nanda, o Rubens vai chegar daqui a pouco e então podemos sair para comer, eu ainda não almocei mesmo. - disse se sentando na cadeira atrás de sua mesa.

Ana juntou os papeis de sua mesa e guardou em uma das gavetas. Eu observei tudo em silencio. A plaquinha em sua mesa escrita em letras douradas me chamou a atenção. "ANA M. FONSECA". Era seu nome de casado.

Quando era criança eu ficava trocando meu sobrenome pelo de Claudia, achava mais atraente ter Fonseca no nome do que Santos. Mas Claudia vivia discutindo comigo e dizia que Santos era mais bonito que Moraes. Ela sempre abreviava o primeiro sobrenome, igual na placa de sua mãe.

–- Qual o assunto? perguntou depois de alguns minutos.

–- Acho melhor esperar o Rubens chegar.

Minhas mãos começaram a suar de repente, e aquela sensação de culpa voltou. Eu não devia ter lido o diário de Claudia e sabia que ela me odiaria para o resta da vida pelo que estava prestes a fazer, mas eu só queria o bem dela.

Um fio de esperança. {EM REVISÃO.}Onde histórias criam vida. Descubra agora