"Se você demorar mais um pouco não vamos chegar a tempo, Atlas" meu pai disse, encostado na porta.
A culpa não era minha se ele tinha me colocado nessa. Eu nem queria ir, mesmo.
"Estou indo" bufo, e termino de guardar as camisetas amarrotadas dentro da mala.
Saio do meu quarto grande e cheio de livros que eu provavelmente não vá ver por um tempo. Enquanto descemos a grande escada em direcão ao carro, dou adeus aquilo tudo. Seria um longo ano.
Eu estava indo para High Tone, um colégio interno que meu pai achou pela internet. Eu não gostei nada da ideia, mas ele disse que seria bom para mim conhecer novas pessoas, e que seria bom para o trabalho dele. Ele viaja muito, e como só me vê às vezes, resolveu me mandar pra lá.
Mas eu não sabia o que aconteceria lá. Eu nem estava preparada.
Minha vida não seria uma bosta completa sem ele. Obrigado, pai.A viagem não parece durar tanto enquanto eu estou sentada no banco de trás, ouvindo música. Meu pai dirige enquanto tenta me convencer de que é um bom pai, e que só quer o melhor para mim. Claro que quer. Antes eu não teria razões para discordar disso, mas desde que eu havia feito dezessete anos, ele havia começado a me ignorar e dar atenção só para o trabalho. O que a minha mãe faz o ano inteiro.
Minha mãe está morando na Califórnia agora, e de vez em quando resolve me ligar para avisar como que a carreira dela anda indo. Ela é atriz. Não uma grande atriz, que sempre aparece na televisão, mas nas últimas duas semanas ela foi escalada para participar de uma série de humor, atuando como uma prostituta. Bem, isso foi muito melhor que o comercial da nova marca de gilete feminino, aonde ela teve que esperar os pelos crescerem para incorporar a personagem no seu máximo.
O mais interessante foi que ela me deixou com meu pai quando eu tinha nove anos, pois ela queria "seguir a vida que lhe fora destinada". Pelo menos foi isso que ela tatuou na virilha dela e me disse que era a resposta para todos os problemas da vida.
Eu nunca fiquei brava com ela, nem rancorosa por isso. Só um pouco chateada às vezes, quando eu não tinha ninguém ao meu lado para me beijar e me abraçar como todas as mães fazem. Mas eu superei isso. Talvez fosse melhor assim."Chegamos" ouço a voz do meu pai ecoar bem ao fundo, quando retiro os fones.
Estamos parados um pouco longe da entrada do prédio central, e perto de alguns alojamentos aonde adolescentes passeiam. O lugar é enorme e muitas árvores o rodeiam como se dessem boas vindas. Mas claro, não ajudam em nada.
Respiro fundo enquanto saímos do carro com três malas muito mal feitas que quase vomitam alguns sutiãs e calças.
O primeiro alojamento, ao nosso lado, está lotado de pais se despedindo de seus filhos. Alguns adolescentes com certeza estão aqui desde o ano passado, e não parecem nada irritados.
O segundo alojamento está um pouco mais parado, mas eu consigo ver pelas janelas algumas pessoas conversando. O terceiro e antepenúltimo, está mais cheio do que nunca, e eu não posso esperar para voltar para o carro e ficar lá até apodrecer.
O quarto alojamento está um pouco longe, mas consigo ver vários adolescentes novatos com seus pais e uns calouros.Meu pai me força a continuar andando até pararmos perto de uma senhora dos cabelos grisalhos que usa uma jaqueta vermelha escrita "Ordem é o segredo". Ótimo.
"Com licença, senhora" meu pai chama ela, quando ela levanta os olhos da planilha aonde anotava alguma coisa "A senhora poderia nos ajudar?"
"Claro." ela olha para mim como se estivesse aplicando uma prova que sabia que eu reprovaria "Qual o seu nome, jasmin?"
"Atlas Hover"
"Um instante" ela folheia a planilha até parar em uma lista "Ah, sim. Aqui está. Atlas Hover... Segundo alojamento, quarto 12. É por aqui."
Ela nos leva passando pelo meio de algumas pessoas que circulam por ali.
Além das árvores e de todo o caminho de pedras quebradas, eu vejo bancos pichados.
Olho para meu pai, que parecia não poder estar mais feliz.
"Isso é demais, não é, Atlas?"
"Claro" reviro os olhos. Ou ele está brincando comigo ou realmente acha esse lugar seguro e promissor.
"Muito bem, Srta. Hover, algumas regras" a senhora começa falar assim que paramos na porta do prédio "Nada de sair das salas nos horários de aulas. Nada de drogas. Nada de bebidas alcoólicas. Cigarros. Namoro pelos corredores. Sair do alojamento depois das sete horas da noite. Rebelação contra alguma regra da escola. Ir através da cerca amarela. Correr nos corredores e ouvir música na escola"
"Que cerca amarela?" pergunto.
"Ali" ela aponta, e eu consigo ver a longe uma cerquinha verde. Talvez ela tivesse algum problema de visão ou algo do tipo. "Bem, seus horários e o de todos serão dados amanhã, na hora do almoço. As aulas começam depois de amanhã" assinto.
Meu pai me olha com os olhos brilhando. Isso só pode ser brincadeira. Ele entra no prédio com as duas malas e eu faço o mesmo com a última.
"Qualquer coisa chame. Eu sou a sra. Fields, a coordenadora da escola" ela grita, por último.
"Obrigado Sra. Fields!" grito, quando entro no lugar.
Uau. Ou aconteceu o maior ataque de esquilos da história e eles tentaram consertar dando uma ajeitada, ou aquele lugar havia incorporado um chiqueiro. Eu olho para meu pai, incrédula, mas a única coisa que ele faz é coçar a nuca. Sério?
Há umas meninas sentadas num sofá velho colocado perto do quarto 2, e uns pais conversando.
"Ótimo, quarto 12" meu pai diz, me puxando.
Subimos a escada velha de madeira aonde há mais quartos. O quarto doze fica a direita, o que achamos rapidamente.
Me acomodo na cama da esquerda, na parede, enquanto não há ninguém no quarto além de nós. Uma das camas está ocupada e a outra parece ainda não ter dona. O que significaria três pessoas em um quarto brevemente.
"Muito bem filha" meu pai se expreguiça depois de colocar as malas no pé da minha cama "Espero que tudo ocorra bem. Eu te amo" ele deposita um beijo na minha testa.
"Eu também" sussurro mais para mim do que para ele.
"Qualquer coisa, me chame" isso nunca iria acontecer. Eu já havia estudado em um colégio interno antes, nos meus doze anos, e ele nunca vinha quando eu precisava. Mas eu não queria prolongar a saída dele. Ele está ansioso para ir embora e me deixar no meio daqueles destroços da guerra dos roedores.
"Tudo bem pai, eu vou ficar bem" digo, me jogando naquela cama dura.
Ele sai do quarto me deixando sozinha depois de colocar 20 dólares em cima da mesa, como se fosse uma recompensa por eu ter sido boazinha.
Muito bom. Muito bom mesmo. Agora era só eu. E "eu" sozinha não é uma boa coisa.Oeeee, genty, ta uma bosta, eu sei. Não achei outra maneira de começar e tals, mas eu prometo melhorar nos próximos. Well, as coisas vão ficar mais legais no próximo capítulo, isso foi mais uma introdução. O que cês acharam? Devo continuar? Comentem, pls, pq eu to gostando de escrever ela *--*
VOCES SAO DEMAES
:)
Ares x
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Through The Dark // H.S.
Fanfiction"Ver o mundo não é a coisa mais importante. Antes você precisa senti-lo" - Johan Kristel *** Segunda fic, espero que dê certo. :) Duo_Styles 2015 - Baseado em "Quem é você, Alasca?" - John Green