10 - O herói da noite

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O trânsito do Rio de Janeiro tem a capacidade de tirar qualquer um do sério. Nós demoramos três horas para chegar a Niterói. A Barra da Tijuca já é longe por si só, com engarrafamento então, fica uma loucura andar de carro depois das seis da tarde.

Cheguei a casa às nove horas e me atrasei para o bar. Só tive tempo de tomar um banho rápido, pôr o vestido e emprestar um perfume para a Marta.

Os meninos foram nos buscar em casa, pelo menos nós não poderíamos reclamar da gentileza deles, pois vieram do Rio sem saber como dirigir por Niterói e acertaram o endereço da minha casa direitinho. Bom, também hoje em dia com o Google Maps e GPS tudo fica mais fácil.

Quando entramos no carro, Murilo me deu um beijinho no rosto e pediu para que eu sentasse no banco da frente. A Marta sentou com o Bruno no banco de trás sem pestanejar e ainda lançou um sorriso para mim como se fosse a garota mais feliz do mundo por ter se acomodado ao lado do garoto.

Enquanto não chegávamos ao bar, eles se beijaram o tempo inteiro. Era amasso pra cá, estalos para lá e mãos que não acabavam mais. Tratando-se de Martinha, eu já podia esperar tudo. Cada dia que passava, eu conhecia menos está garota. Cheguei a pensar, no primeiro dia de aula, que ela era uma garota supersincera e gente fina.

Doce ilusão a minha...

Ao estacionar o carro, o casal que não se desgrudava mais, levou um susto tão grande que parecia que o mundo estava acabando.

- Babi, o que houve? - gritou apavorada.

- Como assim, Martinha? - perguntei sem entender aquele estresse todo.

- Eu ouvi um barulho enorme, pensei que alguém tivesse batido no carro, ou que fosse alguma bala perdida - fez o pior dos comentários. Era melhor ter ficado calada.

- É verdade, também me assustei - pela primeira vez Bruno disse algo desde que saímos de casa.

- Que isso, galera! Relaxa - disse Murilo, enrolando a língua e imitando surfista. - Eu só atropelei um cone.

Passar por cima de cones na rua deve ser supercomum na terra dele, porque para mim isso é ser ruim de roda. Na mesma hora pensei: se sóbrio o Murilo derruba cones, imagina com álcool no sangue.

Quando entramos no bar, uma roda de samba bem animada estava levantando a galera! O ambiente em frente aos cantores estava completamente lotado e tivemos de nos acomodar no andar de cima, perto de uns coroas. Era muita falta de sorte mesmo. Não dava muito para ouvir o som, então tivemos que nos contentar com uma TV de plasma passando os melhores momentos de jogadores de futebol. Os meninos obviamente adoraram e eu fiquei entediada de tanto Ronaldo, Cristiano Ronaldo, Robinho, Messi que vi durante horas.

Quando o garçom perguntou o que iríamos beber, cerveja gelada foi a primeira opção dos meu três amigos, mas eu preferi um suco de limão. Pelo menos era uma ótima opção para não deixar bafo. Se bem com o gosto de bebida que o Murilo iria ficar na boca, o bafo de limão seria o menor dos meus problemas.

Marta e Bruno não pararam de se beijar nem um só minuto, e Murilo também não fez menos. Minha boca, coitada, ficou cansada e inchada de tanto beijar é maravilhoso, mas em um bar com fumaça de cigarro invadindo o seu nariz e um gosto de cerveja insuportável, às vezes irrita. Foi isso que aconteceu comigo quando chegou a madrugada.

- Murilo, vamos lá para baixo dançar um pouquinho? - perguntei, já me levantando da cadeira para ver se o empolgava também.

- Ah, Babi, só um minutinho... - calou-se e olhou para cima. - Eu preciso ver esse lance do Robinho. Esse garoto joga muuuuuuito - olhou para Bruno e ambos se animaram com um monte de homem correndo atrás da bola.

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