Revisado
- Cristiano, por favor não vai - Pede minha mãe pela quinta vez. Pô, que mulher chata.
- Mãe para de chatice - Não aguento essa sua mania de falar que tem algum pressentimento ruim.
- Mas...
-Affs, eu morri? Atropelei alguém? Sofri algum acidente ou fui raptado? Não! - Digo me olhando no espelho.
Pego minha correntinha, presente do meu pai, arrumo a camisa preta, coloco o cinto e sorrio dando uma bagunçada estilosa em meus cabelos loiros.
- Meu filho escute sua mãe, por favor! - Pede ela.
- Meu Deus, porque todo dia você tem que fazer esse show? Para de ser chata.
Pego minha carteira, coloco no bolso e saio sem nem mesmo olhar para trás. De uns dias pra cá minha mãe estava mais chata do que o normal. Velho, isso estava realmente me irritando.
Entro no meu carro, um Logan preto, e sorrio.
- Hoje a noite promete.
Sempre fui assim. Aquele cara que curte balada. Mesmo quando fazia faculdade adorava dar umas escapadinhas com a turma para uma noitada. E que noitada em, nunca fui santo, e sinceramente, não era agora que começaria a ser.
Quando chego na balada meu celular começa a tocar.
- Cadê você olho morto? - Pergunta Samuca.
- Estou descendo do carro - Digo com um sorriso ao trancar a porta do mesmo colocando o celular no bolso.Sempre fui o centro das atenções com as garotas, até porque a maioria das vezes elas se apaixonavam ou por mim, ou pelos meus olhos, que até hoje, agradecia ao meu pai por ter olhos claros.
Então, quando fui em uma festa na casa de uma das garotas que estava pegando conheci Samuca. Um ex namorado muito ciumento. E aconteceu que rolamos na porrada. Daí surgiu o apelido olho morto, porque quando a briga acabou, meu olho estava tão inchado que mal se via o azul deles. Mas por incrível que pareça, quatro anos se passaram anos nos tornando amigos.- E ai Julio? - Digo parando no segurança.
- E ai olho morto. - Disse me comprimentando e dando passagem para que eu pudesse entrar sem precisar enfrentar aquela enorme fila, mesmo hoje sendo uma terça-feira.
- Nossa, achei que tinha pegado uma mina na entrada e voltado com ela para algum motel - Diz Samuca ao me ver se aproximar.
- Cara, vai a merda - Digo ao me sentar ao seu lado e olhar para o barman pedindo o de sempre.Enquanto esperava ele voltar dou uma vistoria pelo lugar apenas para observar o movimento.
- Prontinho chefe - Diz o Barman depois de alguns minutos voltando com minha bebida nas mãos, sendo ela, uma das bebidas mais pesadas do lugar.
- Vai devagar Cris, você vai dirigir.
- Quem disse? - Pergunto dando um gole na bebida - Trouxe grana para o táxi. - digo dando um tapinha em um pouso separado da minha calça onde deixei para não gasta-lo.
- Se é assim, vamos aproveitar né.
- A casa esta vazia hoje em. - Digo olhando em volta a procura de alguma gata.
- Sabia que você ia dizer isso - Diz ele apontando para cima.
Olho na direção em que ele apontava e sorrio. Bem na frente da mesa VIP tinha duas morenas de parar o trânsito.
Uma delas estava com um short... Mas que short, e o top então?... Meu Deus, assim o papai aqui não aguenta. Me levanto na hora.
- Boa sorte, já tentei - Diz Samuca desanimado.
Dou um último gole na bebida e sorrio.
- Lógico. Elas estão esperando coisa melhor.
Ele revira os olhos enquanto caminho lentamente com confiança e determinação.
Bom, conversar com as meninas foi tranquilo. O difícil foi que o ex-namorado ciumento de uma delas apareceu na hora. Mas o problema ainda é que ele quase acabou comigo. Só não acabou porque um dos seguranças o tirou da casa.
Uau! A sorte está realmente do meu lado, penso ao voltar para a mesa onde estava com o Samuca e percebo que o galinha foi embora.
Pego meu celular para ligar para o desgraçado e vejo uma mensagem.
''Eu + gata + motel + boa sorte com as morenas."
Cara, juro que mato ele. Perdi duas gatas, apanhei feio e ainda vou beber sozinho. Meu dia não fica pior por causa das horas.
Pego outra dose da bebida e olho para o relógio que marcava uma da madrugada. Meu celular começa a tocar, reviro os olhos ao ver que era minha mãe.
- Como mães podem ser tão chatas? -pergunto para mim mesmo dando mais um gole em minha bebida.
************
- Chegou minha hora - digo depois de um tempo sorrindo pelo excesso de álcool no corpo. Pago a conta e caminho lentamente até o ponto de táxi. Porém, foi apenas nesse momento, que me dei conta que o bolso onde havia guardado a grana do táxi estava rasgado por dentro. E como não estava em posse de nenhum cartão balanço a cabeça. O que só me deixa tonto.
- Merda! - digo voltando para o estacionamento. Não morava muito longe, estaria em casa em menos de cinco minutos. Não é possível que aconteceria alguma coisa em tão pouco tempo.
Entro no carro e dou partida. Olho para o relógio e o mesmo marcando cinco horas e alguma coisa, o céu estava clareando. E a rua estremamente deserta. Isso fez com que me animasse um pouco e logo piso no acelerador.
Foi tão rápido que eu nem mesmo percebi ou prestei atenção no momento de fato. Estava um pouco tonto, e as vezes saia da faixa. Mas houve um certo momento que pisei fundo no acelerador, nem percebi que o sinal estava fechado e uma mulher passava na faixa. Fui com tudo para cima dela.
*Algumas Horas Depois*
- Eu juro que não fiz por mal - Digo no depoimento - Eu... Eu... Por favor - Imploro desesperado, parecia que a bebida tinha simplesmente evaporado do meu organismo e eu só queria que nada daquilo tivesse acontecido. O sangue, a gritaria. Nunca atropelado ninguém, eles não podiam me prender por um único erro.
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O Poder do Perdão
RomanceDepois de dirigir bêbado e atropelar uma senhora a levando a morte, Cristiano é condenado a quatro anos de prisão. Quatro anos que mudaram sua vida por completo, para quem antes era considerado filhinho de papai, hoje era um ex presidiário. Ângela t...