Tudo começou no dia em que nasci, chovia muito e fazia muito frio. Mas era hora de conhecer o mundo, conhecer meus pais, minha família. Eu nem sonhava que a partir dali, teria muito a contar, a vivenciar, a sonhar. Tão pequena, tão frágil, mas com nome forte, destinada a vencer na vida, só não esperava cair tantos tombos até a aprender a andar, ou até entender como andar.
Eu não fazia ideia que minha vida seria cheia de datas, números, momentos, lágrimas, sorrisos. Não imaginava que ela viraria uma história, cheia de rodeios que acabariam no mesmo lugar, ou em lugar nenhum.
Minha infância, foi normal como de qualquer outra criança. É claro que não lembro muito coisa, apenas o que me contam ou que posso ver nas fotos de família que ainda estão guardadas na caixa, caixa esta que contem todos os álbuns de fotos. Não lembrar de algumas coisas faz parte da vida, os psicólogos falam que precisamos esquecer o que não é necessário para adquirir novas informações. Mas porque algumas memórias insistem em permanecer mesmo que você queira apagar?. Me faço essa pergunta todos os dias.
Me contaram que tive depressão na infância, nunca pensei que uma criança pudesse ter uma doença como essa. Sim depressão é uma doença, e que afeta grande parte da população. Eu fui uma delas. Me sentia sozinha, mas pudera, morava em uma cidade grande, cheia de perigos, na qual você não pode brincar com ninguém, nem sair na rua sem a companhia de um adulto.
Foi ai que meu irmão chegou. Aparentemente seria tudo perfeito, apesar da gravidez difícil, logo minha mãe viria para casa. Engano meu. Uma séria alergia aos componentes do leite, levou meu irmão a ficar em idas e vindas de hospital por dois anos. Para ajudar, minha mãe teve a bílis rompida pouco tempo depois do nascimento do meu irmão, e passou a reversar o hospital com ele.
Eu. Eu passei a morar na casa dos meus avós paternos até que tudo se resolve-se, pois meu pai precisava trabalhar dobrado para pagar as contas e despesas médicas, mesmo tendo plano de saúde e, e quando o coitado estava de folga, ia no hospital para ver minha mãe e meu irmão. Nessa época eu tinha apenas 7 anos.
Em uma das visitas, meu pai me levou escondida, entrei sem ninguém perceber e pude ver minha mãe e meu irmãozinho. Nesse dia, talvez como forma de compensar a ausência deles, ganhei meu primeiro McDonalds (uma grande decepção, mas não vem ao caso agora) e ainda um cachorro laranjado que meu pai pescou naquelas máquinas que agarram as coisas.
Não posso dizer que não senti falta da presença deles porque estaria sendo injusta comigo mesma, mas eu sabia que era por uma boa causa. Mas tive que aprender muita coisa sozinha, e que talvez tenham me traumatizado até hoje.
Para morar com meus avós, tive que mudar de escola e foi obrigada a aprender a letra manuscrita do dia para a noite sem o auxilia de ninguém. A professora foi seria em sua resposta, quando lhe falei que não entendia o que estava escrito no quadro, pois não tinha aprendido aquele tipo de letra.
- Se vira, copia igual está ali, não posso te ensinar o que você já deveria ter aprendido.
Aquelas palavras ficaram para sempre. Porque não as esqueci. Talvez fosse para mim um primeiro fracasso. Eu deveria ter aprendido, mas como, com quem. Pois bem, aprendi sozinha e esqueci de lembrar a minha mesma dessa conquista. Apenas lembrava da professora, que na minha cabeça indicava que eu era uma fracassada por não saber fazer algo que os alunos já faziam. Faltou aquele parabéns, você conseguiu aprender.
Tudo se normalizou, minha família estava toda junta novamente e alugamos uma casa para vivermos bem. Meu sonho passou a ser, ter um cachorro chamado Rex, mas um após outro sempre morriam. Eu desconhecia que havia uma doença transmitida por ratos que estavam matando meus cachorros, e acreditei que o problema era comigo novamente. Eu devia mudar o nome do cachorro, porque não era para que eu tivesse um cachorro chamado Rex ou porque eu não tinha competência para ter um cachorro. Outro fracasso que associei a mim.
Aos 10 anos, estava cursando a 4º série, e lá veio mais uma cisma de fracassada. Minhas provas da escola eram todas decoradas. Nunca tirei menos que 9,5 para ser um pouco humilde. Estudava tudo até que decora-se todas as respostas, minha toda a lição e se todas fossem pronunciadas corretamente estava livre para fazer outra coisa. Mais um dia, estudando para uma prava de ciências, uma unica questão não era decorada. Cansada minha mãe proferiu palavras que também não fui capaz de esquecer.
- Você não sabe nada, vai reprovar. Não quer mais estudar, não estude. Eu cansei.
Sei que não foi por mal, mas a partir dai nunca mais estudei para uma prova, nem mesmo para o vestibular. Fui estudar somente mais tarde, quando eu senti necessidade.
Aos 12 nos mudamos para o interior, uma cidade pequena. Minha mãe tinha medo que algo me acontece-se, por moramos em uma cidade com violência, mas acho que ter mudado é que fez minha vida tomar rumos diferentes e não foi para que eu esperava. Não conhecia ninguém, além dos meus parentes maternos. Ia da escola para casa, da casa para escola, nada de interessante acontecia.
Pouco tempo depois, um casal de tios com suas duas filhas resolveram mudar para perto de nós e ai sim fui ter minha grande amiga. Minha prima, com a qual compartilhei grandes momentos da minha vida e ela o mesmo o fez. Passamos a ser irmãs de coração. Ela é mais velha que eu, mas é por pouca coisa...rsrsrs
Nosso primeiro baile foi no mesmo dia e juntas. Só fomos porque uma tia ainda solteira se comprometeu com nossas mães a cuidar de nós duas. Ela já era quase maior de idade e ainda estava com 13 anos, quase 14.
Foi aos 13 que dei meu primeiro beijo e não foi o que eu esperava. Pelo contrario, foi péssimo e ainda no outro dia todo mundo já estava sabendo. inclusive a minha mãe. Aos 14 minha vida começou a mudar para rumos que me levaram a ser quem sou hoje. E é por isso que vou passar a outro capitulo dessa história, pois que era necessário saber, já foi dito.
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Em busca da felicidade
RomanceUma vida... cheia de sonhos, desejos e ambições.... Mas o que é felicidade para encontra-la.... não sei, mas tenho certeza que vou em busca dela....