Em busca da felicidade

Encontro de Relance

Três meses se passaram, e ele já estava longe demais para me ouvir gritar seu nome. Um namorado seria a solução para sair do castigo, e assim comecei a namorar novamente.

Consegui sair do castigo, mas o namoro não durou muito tempo. Eu sabia que não o amava, estava apenas usando dos seus sentimentos para poder sair, me libertar, sentir ar puro. E logo terminei o namoro, mas por incrível que parece, dessa vez não fiquei de castigo. Pude voltar a viver, a sair, mas faltava algo e não havia nada a se fazer. 

Agora eu não precisa chorar escondido em casa, eu podia sair, dar uma volta sozinha, sentar no banco da praça e chorar até não aguentar mais, me recompor e voltar para casa. Eu queria que ele estivesse ali, mas ela havia ido embora para cidade da qual minha família saíra.

O tempo passava, eu ia a Bailes, a escola, lanchonetes e crescia sem nunca esquece-lo. Sem esquecer o que havia feito nele. A culpa sempre me rondava.

Debutei em uma festa linda, mas ele não estava lá para seu príncipe, nem meu avô para me dar a honra de uma dança. Eu precisava seguir em frente, ele seguiu, porque eu não seria capaz.

Comecei a namorar novamente, o segundo namorado depois de sua partida. Já havia um bom tempo que não o via mais, até que um dia lá estava ele com ela. Não tive coragem de olhar para seu rosto, pois o medo de ver as marcas deixada pelo fogo me amedrontavam. Olhei o suficiente para ver que ela estava grávida, sim, ele ia ter um filho e não era comigo. Ele amava alguém mais do que me amou.

Sai sem ser notada, não queria que me vissem. Não podia que me vissem. Aquele momento fui suficiente para olhar o namorado ao meu lado e perceber que mais uma vez eu estava enganando alguém. Eu não o amava, ele não fazia minhas pernas tremerem e meu coração acelerar. O deixei ir, assim poderia encontrar alguém que corresponde-se ao seu amor, pois eu não capaz.

Será que um dia eu conseguiria seguir em frente? aquele breve encontro me deixava com duvidas, e me lembrava que eu o deixei partir. Nunca fui corajosa, o medo sempre me rondou. Um fracasso.

Todos me achavam leviana, sem compromisso. Me criticavam por não durar com nenhum namorado, mas nunca souberam meus reais motivos até agora. Tudo que fiz em minha vida foi regida por uma história que acabou antes mesmo de começar. 

Eu queria ser diferente, mostrar que era forte. Ninguém chorava perto de mim, uma verdadeira palhaça com o coração ferido. Fazia o que desse na telha, até canudinhos de refrigerante na cabeça , cheguei a usar. Na verdade sempre quis ser notada, queria que as pessoas me olhassem. talvez fosse uma forma de ser notada por ele. Que ideia idiota.

Aproveitava quando todos saiam de casa para chorar. Saia a noite sozinha mesma, para poder chorar. Ninguém podia saber que eu era fraca. Para todos eu era a mais forte, corajosa. Ah, coitados, me imaginavam como alguém que eu não era e ainda não sou.

Os meses foram passando e eu precisava seguir em frente. Não queria acreditar no que havia visto, mas era real. Ele tivera uma filha e não era comigo. Eu deveria amadurecer, criar coragem e seguir meu caminho como ele fez. 

Levei mais de um ano para tentar recomeçar novamente com alguém.  Um primo de segundo grau que havia conhecido a alguns meses. Morava longe, em outra cidade, não o veria sempre. Era perfeito. Nos veríamos apenas uma vez no mês.

Esse namoro durou bastante, pois eu estava disposta a seguir meu caminho. Um ano e três meses foi o tempo que ficamos juntos. Foi o tempo que consegui seguir em frente e esquece-lo. Mal sabia eu que ele voltaria, para tirar meu sono e atormentar meus pensamentos. 

A imagem dele com queimaduras não saia da minha cabeça e por nove anos ela me atormentaria. Imaginava o quanto a família dele sentia raiva de mim, pelo que fiz. Pensava no que ele falaria a filha quando ela pergunta-se sobre as marcas em seu corpo. Não podia esquece-lo, ou não queria esquece-lo. 

Por muito tempo, eu o esqueci, mas o eventos que aconteceram em minha vida durante esse longo namoro fizeram-me relembra-lo.