A faculdade

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Enquanto tudo isso acontecia em minha vida, a faculdade continuava, mas já não era reconhecida. E se eu não pudesse exercer minha profissão, por causa da um diploma não reconhecido. 

Durante tanto tempo, isolado de tudo e estudando muito fui capaz de passar em uma faculdade publica, e abandonei a faculdade incerta, a apenas sete meses da formatura, e ainda tive que ouvir algo de minha mãe "Você nunca termina o que começa". Porque ela nunca acreditou em mim. O pior é que ela repetiria essa frase sempre que eu cogita-se qualquer mudança.

História, porque esse curso, até hoje não sei. Pessoas loucas, devem querer conhecer outros loucos. Nunca fui normal, também pudera, minha vida não foi normal. Sempre alguém tinha uma desculpa para me dar por tudo que acontecia. Ninguém queria saber da minha vida, do que eu sentia. E presa no passado, procurei um curso que estudasse o passado. Uma tentativa inútil de entender minha própria vida.

Lá pude conhecer amigos verdadeiros, poucos, mas amigos. Aqueles que te abraçam quando você não esta bem. Até um irmão ganhei lá. Ele era amigo do meu irmão e passamos a estudar juntos. Antes mesmo das aulas começaram, ela falou para ele colar em mim, ele ainda tinha 17 anos. Virou minha sombra e depois meu irmão. Que família grande fui formando, nem percebi isso.

Sempre notas altas, nunca nota vermelha e nunca estudar. Uma tentativa de provar que eu era capaz. Essa era eu. Primeira prova 9,5 de cara. Parecia fácil. Engano meu. Das seis matérias do primeiro ano, três notas vermelhas no primeiro bimestre. Chorei muito. Seria eu também um fracasso na faculdade. 

Aprendi a estudar, recuperei minhas notas. Conquistei professores. Seria uma das melhores alunas, mesmo que não com as melhores notas. Meu caráter era um ponto para conquistar as pessoas ao meu redor.

Ideias, planos, projetos, esses eu tinha de monte, mas não tinha quem me encorajasse a ir em busca deles. O mestrado era um sonho no primeiro ano, depois passou a ser apenas uma lembrança. Toda nova conquista era mérito meu, apenas meu, mas ainda faltava alguém que me dize-se "Parabéns". Essa palavra só veio bem mais tarde, por alguém que jamais imaginaria que pudesse pronuncia-la. Não para mim.

Textos e mais textos, trabalho de oito horas diárias para ajudar e ainda uma viajem de uma hora para chegar a faculdade. Dormia tarde, acordava cedo. Dormia mal. O primeiro ano passou. Ufa, consegui. Ainda bem que estava sozinha, já pensou dar conta de tudo isso com namorado ainda. Aliás eu estava sozinha já fazia alguns anos. 

Estar sozinha, não era algo que me incomodava, mas as vezes batia uma carência. Sentia a falta de um carinho, mas não aquele de pai e mãe. Sentia falta de um abraço, mas não aquele de amigo. Sentia a falta de um beijo, mas não no rosto e nem de qualquer beijo. Tudo bem. Eu havia passado por tanta coisa que era normal para mim.

No segundo ano, poucas mudanças. Acho que apenas um professor mudou. Os outros foram conquistados pela turma e jamais deixariam ela. Brigavam para prosseguir conosco. Um único professor ficou com a turma os quatro anos, deixando ciumes nas outras turmas, pois ele nunca fizera isso, mas a nossa era amor mesmo.

O passado faz parte da minha vida. Não, eu não acredito em vidas passadas, mas vivo do passado e sempre vou viver dele. Amo o que escolhi, mesmo sem entende porque escolhi. Talvez Deus tenha escolhido para mim. Sim, eu acredito nele.

Sempre guardei coisas para lembrar do passado. Tenho cartões telefônicos, cartinhas de amigas que nem lembro quem foram, cartões de aniversario, diários, fotos antigas, tudo guardado para não ser perdido. Eu poderia até abrir um museu, só que não.

Aquele ano mudaria minha vida novamente. Quantas vezes mais ela precisava mudar?. E a felicidade havia me abandonado para sempre. Apenas queria encontra-la de novo, dizer que a queria por perto e que me desculpa-se se a ofendi, mas não a encontrava.

Em junho daquele ano, fui surpreendida por uma mensagem. Adivinhem de quem? Sim, dele.

Em busca da felicidadeWhere stories live. Discover now