Fui até à sala e sentei-me num dos sofás com as pernas à chinês e bem encostada. Abri com cuidado aquele pequeno caderno. Engoli em seco. Receio. Receio de encontrar o que este diário contém é o que tenho agora. Tudo é possível. Este diário tem 15 anos, contudo, já pode existir há mais. Foquei-me na primeira página.
"1 de outubro de 2000
Tem sido complicado. Há já bastantes anos que a minha família, Miller, e a família Hemmings têm problemas. Muito antes de eu ou o meu pai, avô ou bisavô existirmos. Antigamente, há muitos anos, estas famílias davam-se bem. Cheguei a dar-me bem com um deles, mas depois tudo foi por água abaixo, voltando ao que era antigamente. Nessa altura os nossos pais não sabiam que nós nos dávamos, até eu o apresentar ao meu pai. A cara dele devia de ter sido filmada quando o moço, agora já homem, lhe disse o sobrenome. A minha mãe teve medo. Até eu tive, assim como o meu velho amigo. Tenho medo de nomear o nome dele aqui. Parece que os nomes, até mesmo o sobrenome, são como uma bomba atómica, geram o caos. E já fiz isso uma vez. Já mencionem aqui o sobrenome. Não o vou fazer mais. Lembro-me de que, um dia, mencionei o nome dele durante uma conversa e meu pai ficou fora de si, mais uma vez. Eu era um jovem rapaz ainda. Enfim, nunca mais fiz isso, pois tinha medo. Fiquei sem entender o porquê de estes se odiarem. Nunca entendi, mas anos mais tarde entendi, quando fiz umas pesquisas às coisas do meu pai, depois deste morrer. Contudo, isso é outra história. Outra longa história. Como é que o ódio, a revolta, as guerras e tudo mais vêm, por vezes, devido a coisas mínimas? Como? Questiono-me sempre sobre isso. E, graças ao meu pai, continuo com uma raiva e um rancor a essa dita cuja família que ninguém imagina. Espero que eles nunca mais apareçam aqui. Não quero que aconteça tudo outra e outra vez. Já bastou até mim. Não quero retirar amigos ao meu filho ou à minha filha. Não quero ser como nenhum dos meus antecessores."
E é assim que termina a primeira página. É pequeno o texto, mas dá para ver como se sente o meu pai. Revoltado, magoado. Tem ainda ódio dentro de si, mas ao mesmo tempo compaixão para comigo e para com o meu irmão. Pelo menos assim pensava. Ao invés, eu revoltei-me. Revoltei-me por causa da sua morte. Por causa do que eles fizeram e, no final, apaixonei-me pelo Luke. Sinceramente, o Luke não é como o pai nem como os seus antecessores. Pelas suas palavras e pelo que conta, ele detesta o pai e eu também.
-Por hoje já chega de emoções. Só espero é ter uma mala com coisas suplentes. Talvez amanhã volte para casa. Não devia de ter deixado o Andy sozinho, mas o Luke também tem que cuidar dele. Posso ter sido, neste momento, uma má mãe, mas ele também tem que aprender sozinho.- disse para mim. Fui até à bagageira do carro e encontrei lá um saco. Por sorte, tem o que necesssito. Tirei-o e voltei a fechar a bagageira. Antes de fazer o que quer que fosse, fui jantar a um café aqui próximo. Enquanto esperava pelo jantar, o meu telemóvel começou a tocar. No ecrã apreceu o nome do meu irmão. Antendi.
-Sim?- iniciei aquela conversa.
-Onde estás?- perguntou preocupado.
-No café perto da casa onde costumávamos vir. Porquê?- a minha curiosidade falou mais alto.
-Foi o que pensei. Já entenderás.- quando olhei para a porta, ele apareceu juntamente com o Luke.
-O que é que vocês estão aqui a fazer?- questionei quando me aproximei deles.- Como é que sabias que eu andava por estas bandas, Keaton?
-Foi só um palpite. Agora, eu e o Luke vamos jantar contigo, depois vais até casa buscar as coisas e vamos embora para Washington.
-E quem manda? Vocês? Só por serem mais velhos?- provoquei.
-Não.- respondeu Luke.- Simplesmente porque temos a obrigação de cuidar de ti e queremos que voltes para casa.
-Cala-te Luke. Depois do que me disseste, eu não voltaria para casa nem que me pagasses.- disse um pouco sem paciência. Não o queria voltar a ver, nem pintado de preto.
-Mas vais voltar. A casa está num caos e a mãe desmaiou algum tempo depois de saíres.- Luke sumariou, provavelmente, os acontecimentos de hoje. Ele sabia muito bem que, tudo o que tivesse a haver com a minha mãe, fazia-me mudar de ideia.
-O que é que se passou com ela?- perguntei muito preocupada.
-Ela simplesmente desmaiou.- respondeu-me o meu irmão.
-Desmaiou? Simplesmente? Sabes o que aconteceu quando o pai faleceu? Ela ficou mal durante imenso tempo e desmaiou quando recebeu a notícia do que se tinha passado!- estava quase fora de mim com tanta calma que eles transmitiam.- Agora vamos jantar e depois sim, vamos embora.
-Como queiras.- Luke concordou. Fomos para a mesa onde estávamos e eles pediram o mesmo. Começámos a comer quando a comida deles chegou. Depois fomos até casa e levei as coisas comigo, assim como o diário que escondi sem eles verem. Não queria que ninguém soubesse.
Washington
Chegámos tarde e, com isso, entrámos com calma em casa. Não queríamos acordar ninguém, principalmente o Andy e, se calhar, a minha mãe. Quando este tipo de coisas acontece, a minha mãe fica horas acordada até que alguém volte para casa. Sei como é que ela é. Ela não consegue dormir até que todos estejam sãs e salvas, mas em casa. Ouvimos passos nas escadas.
-Mãe?- perguntei, sussurando.
-Finalmente! Ainda bem que estás bem!- exclamou, abrançando-me. Via-se que estava feliz e, ao mesmo tempo, preocupado.- Ainda bem que estão todos bem. Onde estiveste? O que se passou?- o seu estado passou de feliz e preocupado a só preocupado.
-Estive na casa onde costumávamos ir. Nada mais. Agora vou dormir, amanhã falamos.- dei um beijo na bochecha a todos e subi para o meu quarto. Queria estar um pouco com o meu filho. Entrei no quarto e ele estava a dormir no berço, como um anjinho. Aproximei-me com cuidado e acariciei-lhe o pequeno rosto. Tão lindo e tão frágil. Nem sabe a confusão em que as famílias dele estiveram, ou ainda estão. Nem sei explicar. Fui tomar um banho e vesti o meu pijama. Quando voltei, Andy estava acordado e ao colo de Luke.- O que fazes aqui?- perguntei rudemente.
-Acho que este é o meu quarto. Ou estou a sonhar?
-Bem, agora vais dormir no quarto de hóspedes.
N/A: Bem, a Eveline a ter a sua parte revoltada. Acham que ela está a agir bem ou não? Palpites do que vai acontecer a seguir? Keep reading!! :D
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War Fighters- Temporada 2
РазноеA guerra acabou e todos se encontram numa nova etapa. Novas aventuras estão para vir!!