Era por volta das três da tarde, escutei alguns ruídos vindos do lado de fora da janela. Eu estava com muita dor de cabeça, havia discutido com minha mãe naquele dia, por causa de um show que eu tinha ido sem sua permissão. Levantei-me da cama para ver o que estava acontecendo, meu quarto estava completamente escuro todo fechado, um atrativo muito bom para dormir um pouco após tanto estresse, mais aquele barulho estava me deixando louca, era impossível qualquer tentativa de uma boa soneca. Abri minhas cortinas, que não eram muito o estilo de cortina que se tem no quarto e uma adolescente normal, a minha era diferente eu havia tirado a rosa que minha mãe havia comprado, e em seu lugar pus uma azul, uma cor que com certeza me fazia sentir melhor, do que aquela tonalidade repulsiva que dava a cor de rosa, isso fazia meu quarto parecer o mundo da Barbie, isso era intolerável, eu tinha 17 anos não era mais uma menininha que gosta de coisas assim, mais pra minha mãe não, pra ela eu não tinha crescido nada. Ao abri a porta da sacada me deparei com uma coisa inacreditável, era um caminhão de mudanças, alguém tinha comprado a casa ao lado, seria estranho ver alguém se mudando pra lá, moro neste lugar desde que nasci, seria estranho agora ver uma casa que sempre julguei abandonada, agora pudesse ter algum movimento. Mais até agora só havia mudança, eu ainda não tinha visto nenhum morador. Eu já tinha visto o que fazia tanto barulho então decidi voltar pra cama, deitei olhando um pouco para o teto, aquele barulho ainda me incomodava, sentei-me na cama e peguei meu celular que estava encima do criado-mudo coloquei meus fones, fui vasculhando um pouco meu cartão de memória, eu tinha selecionado a pasta da banda que eu amava PARAMORE, uma banda que eu realmente era apaixonada, então eu coloquei uma das minhas músicas prediletas era "Ignorance", com ela eu viajava, uma música capaz de me fazer relaxar. Acordei com umas batidas na porta meu celular já havia parado de tocar, as músicas já tinham acabado. Levantei-me e abri a porta, era minha mãe. Minha mãe era um pouco mais alta do que eu, na verdade qualquer um era mais alto do que eu, ela tinha 38 anos mais parecia ter uns 27, minha mãe era morena, tinha os cabelos pretos e lisos até, não eram muito longos, eram do tamanho normal, ela tinha uma boca carnuda de realmente causar inveja, seus olhos castanhos claros, minha mãe sempre gostou de usar saia, ver ela de calça ou short era um milagre, não usava muita maquiagem, uma coisa que ela nem precisava. Eu provavelmente deveria estar com uma aparência horrível, rosto marcado, olhos vermelhos como de quem não dormia há vários dias, e ela rindo de mim com um ar sarcástico, eu não dei a mínima esperei para saber o que ela queria. Então sem demoras ela começou:
- Carla que cara é essa? - disse-me quase soltando a gargalhada que estava presa em sua garganta. - Anda tome um banho, lave esse seu rosto, se arrume e desça o jantar está quase pronto.
- Não obrigada, não estou com fome, acho melhor eu voltar a... - ela me interrompeu.
- Nada disso, seu pai convidou os novos vizinhos para o jantar, e ele quer a família reunida!
- Os novos vizinhos? E por que eu pai fez isso? - perguntei espantada, eu não sabia quem eram. Na verdade eu não estava nem um pouco preocupada em saber.
- Sim o Allan é um venho amigo de infância do seu pai, ele morava aqui quando era pequeno!
- Ele morava aqui? Pensei que nunca tivesse tido moradores! - fiquei espantada.
- Creio que você ficara sabendo a história no jantar, ele e seu pai eram muito amigos, você vai entender tudo. Agora vai se arrume logo, quero você lá em baixo em vinte minutos, estou falando sério! - ela se virou indo em direção as escadas.
- Que droga! Está bem, daqui a meia hora eu estarei descendo! - eu disse fechando a porta.Dava pra ouvir seus gritos reclamando pela porta. Decidi abrir meu guarda roupa e escolher logo uma roupa para me arrumar. Peguei uma calça que eu adorava preta com alguns detalhes rasgados, ela era meio apertada mais era confortável, peguei uma o restante da roupa e fui tomar meu banho. Enquanto eu estava colocando a roupa fiquei pensando em como estaria o contraste na família hoje, minha mãe toda arrumadinha com sua saia até o joelho e sua blusa florida cabelos soltos, meu pai com sua calça social sua blusa de manga branca e sua barba com um belo cavanhaque que o fazia parecer uns cinco anos mais novo. Meu pai tinha 42 anos, branco, seus cabelos tinham tons grisalhos, ele não gostava de pinta-los, ele estava muito bem pra idade, assim como minha mãe, pelo menos meu irmão estaria mais parecido comigo, Christopher tinha 10 anos e desde pequeno sempre quis se vestir do mesmo jeito que eu me vestia, estava já ficando do meu tamanho, algo em comum nós tínhamos, ele tinha os cabelos lisos assim como minha mãe e meu pai, seus cabelos estavam com um corte novo meio bagunçado, seu cabelo era castanho claro, seus olhos castanhos escuros como os meus, faltando apenas mais um membro finalmente eu, de calça rasgada All Star preto, blusa branca com o símbolo da minha banda preferida sobre uma regata, que faziam um belo contraste, de acessório apenas uma pulseira preta de fivelas, uns anéis e um cordão pequeno com um pingente de guitarra. Quando me viram descendo a escada, minha mãe deu uma leve risada ao olhar para meu pai que não acreditava que eu estava vestida daquele jeito. Ele também deu um riso sem graça, eu era baixa, eu tinha mudado meu cabelo o deixei mais picotado com algumas luzes. Continuei descendo as escadas e reparei que os convidados já haviam chegado estavam na sala. Meu pai como o bobo que é me chamou para mais perto para me apresentar seu amigo.
- Allan, esta é minha filha mais velha Carla! Ela tem 17 anos, seu filho com certeza vai estar na mesma sala, que ela este ano. Venha Carla, dê boas-vindas aos nossos amigos! - disse ele num tom descontraído sorridente, com sua voz grossa.
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Destino
RomanceOs ventos que às vezes tiram algo que amamos, são os mesmos que trazem algo que aprendemos a amar... Por isso não devemos chorar pelo que nos foi tirado e sim aprender a amar que nos foi dado. Pois tudo aquilo que é realmente nosso nunca se vai para...