Day ten

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Acordei sem um peso em meu braço esquerdo, logo deduzindo que Louis já havia levantado.

Espreguicei meu corpo, espichando meus braços e pernas. Ouvindo os barulhos saídos de minhas costas ao estrala-las e novamente lembrando da boa sensação de quebrar as costelas de uma pessoa.

Isso sempre me trouxe um prazer inexplicável, ver o sofrimento dos outros era algo parecido com o sentimento de amor que os outros dizem.

Louis me trazia um bem-estar e um sentimento tão bom que podia ser facilmente confundido com amor.

Mas era apenas atração. Eu gostava de estar com o garoto, eu queria provar seus lábios. Queria sentir seu corpo.

Desci as escadas calmamente, vendo o pequeno menino com seu corpo enrolado em um edredom e com uma xícara de chá em suas mãos. A TV estava desligada e seus olhos estavam levemente semicerrados.

- Acordou cedo? - Falei baixo, tentando não o assustar.

O que foi em vão quando o vi derrubar o chá em suas pernas e soltar um grito alto, levantando rápido e correndo.

- Merda, Harry! - Ele estava furioso, se pudesse matar alguém somente com um olhar, eu estaria morto.

Seu corpo passou como um flash pelo meu lado, subindo as escadas correndo e bufando pelo caminho.

- Desculpe.

Parei na porta do banheiro e tentei abri-la, mas a mesma estava trancada.

Encostei minhas costas ali, virando meu corpo para encarar os cobertores jogados ao chão e a bagunça de cacos de vidro e sangue na sala.

Sangue?

- Louis! Louis, você está bem?! - Senti meu corpo virar, eu já estava batendo constantemente na porta enquanto gritava pelo nome do menino.

- E-eu... - Ouvi a voz fina do menino, soando baixa e fraca.

- Abre a porra da porta, Louis! Abre essa merda ou vai para longe!

Não ouvi mais suas respostas, nem mesmos seus gemidos de dor. Todos os meus sentidos gritavam.

- Vá para longe, saía de perto da porta!

Ouvi um resmungo baixo de confirmação e peguei distância, encostando meu corpo às pequenas grades de madeira que ali haviam.

Corri em direção à porta e a chutei com força, fazendo as dobradiças se soltarem e a mesma voar contra a parede, logo caindo ao chão.

Entrei rapidamente no pequeno cômodo, vendo Louis encolhido ao lado do vaso sanitário. Seu estado estava deplorável, meu corpo estremeceu com a cena.

- Oh, meu Deus!

Senti um arrepio tomar conta de mim ao ver seu estado. Sua cabeça estava largada e encostada na parede, suas pernas estavam esticadas. Eu via o sangue verter dos lugares onde havia grandes vidros e sangue seco onde ele já havia arrancado.

- Lou!

Abaixei meu corpo e o peguei no colo, correndo até seu quarto e pondo uma camiseta em seu corpo.

- As chaves? - Com o resto de força em seu corpo ele usou seu dedinho para apontar à uma cômoda que havia no quarto. - Fique comigo.

Sua cabeça estava tombada em meu ombro e ele respirava pesadamente em meu ouvido, minha camiseta já estava molhada pelas lágrimas que caíam com força de seus olhos.

Meu braço direito estava em suas costas e o esquerdo segurava suas pernas, impedindo-o de ir ao chão.

Peguei as chaves e soltei-o na cama, ouvindo um resmungo de dor vindo de seus lábios, seus olhos quase fechados.

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