Mia e Mao

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Amadeus e Pérgamo cavalgavam pela estrada apressados para que o fim do dia não lhes pegasse desprevenidos. As árvores balançavam com o vento frio do fim de outono, uma aura amena e cálida enganava seus sentimentos.

Os pensamentos de Pérgamo remontavam ao pedido da velha maga para deixar tanta coisa para trás. Ele ainda tinha a impressão de que fora enganado. Mas já era tarde demais para arrependimentos.

Amadeus ia cavalgando vigorosamente e seu cavalo parecia querer parar a qualquer momento. Mesmo estando frio o rapaz suava e parecia que estava correndo o mesmo caminho que sua montaria.

Um calor estranho ia aumentando conforme eles adentravam pela velha estrada da floresta, tamanha era a diferença de temperatura que experimentavam que tinham a sensação que alguém ateara fogo nas árvores.

O céu sem nuvens típico de um dia frio destoava do que sentiam. Ao olhar para aquele sol de fim de tarde, Amadeus observou um pássaro branco como a neve que voava há algum tempo sobre suas cabeças e aquilo não parecia incomodá-los, talvez não devesse. Um morro apinhado se desenhava em seu horizonte e aquela foi a deixa para que os cavalos parassem repentinamente.

─ Será que estamos longe de sair dessa floresta? - indagou Pérgamo descendo de seu cavalo.

─ Bem quisera saber - ofegou Amadeus - Acho que meu cavalo se cansou do meu peso. - apertou contrariado a própria barriga. ─ Queria poder comer alguma coisa.

─ Não devemos estar muito longe. Ainda temos certo tempo. O sol ainda está em uma altura considerável. – olhava admirando o céu através da copa das árvores. ─ Vamos procurar... - parou de falar e atentou com os ouvidos. ─ Estou ouvindo barulho de água, vamos descer um pouco a encosta e ver se achamos o rio.

Amadeus parecia tentado a não aceitar o convite de Pégamo, por um lapso de tempo achou que as coisas poderiam se encrencar mais ainda se eles fizessem aquela parada no meio da floresta; pensou bem e mudou de ideia.

─ Eu acho que... Bom... Vamos ver o tal rio. Afinal temos o colar de dentes de leão. - disse Amadeus sorrindo. ─ Viu aquele pássaro que está nos seguindo faz quase duas horas? - comentou o rapaz aparentando medo.

─ Não vi muito bem. -desconversou Pérgamo ─ Mas acho que deve ser algum animal místico. Até onde eu sei essa floresta só deveria ter leões. E dos grandes. - fez um rugido estridente e garras com seus dedos compridos. De sorte provocou riso no amigo que achara tudo muito vergonhoso.

O pássaro branco de plumas espalhafatosas ainda os seguia. Agora ele ia pulando de galho em galho enquanto os jovens caminhavam e o vento farfalhava pelas folhas secas. Amadeus parecia começar ficar irritado com a presença do bicho. A poucos metros da estrada lá estava o rio, tão vivido e fresco que sua correnteza parecia alentar seu cansaço. Amadeus se despiu de sua túnica e ficou apenas de roupas de baixo, preparava- se para mergulhar. Pérgamo observava o amigo com um ar de reprovação.

O bicho arregalou seus grandes olhos amarelos ao ver o que Amadeus pretendia fazer, batendo as asas e inflando o pequeno peito, parecia que ia cantar uma sonora melodia, mas, fez bem pior. Os jovens se aquietaram ao ouvir o rumorejo das árvores e se assustaram com o que o pássaro fizera.

─ Você é muito burro mesmo, não é?! - ouviu-se um pio estridente.

Assustados os jovens procuraram por todos os lados aquela voz que lembrava um papagaio mal educado.

─ Quem está aí? - assustou-se Pérgamo.

─ Uma pergunta muito boa para se fazer. Realmente muito inteligente. - ironizou a voz.

─ É aquele maldito pássaro, Pérgamo! Vamos, atire algo nele. - gritou Amadeus desesperado.

─ Você sabe que seu amigo é meio débil. Não atiraria em mim. Eu sei, eu sou um Pássaro de presságio, você fez o favor de esquecer o meu ovo com a velha maga da água.

O sonhador, a velha árvore e o reiOnde histórias criam vida. Descubra agora