Agosto. Como uma amiga minha diz, deveria se chamar desgosto. Nesse mês tudo de ruim pode acontecer e acontece. Foi nesse mês, que deixei ele partir, foi nesse mês que paramos de nos falar na segunda vez. Esse mês não o melhor do ano, uns até dizer que é o mês do cachorro louco, não sei porque. E nesse mês eu conhecia, mas um cara que não valeria nada.
Nos aproximamos por uma rede social. Ele dizia me conhecer do tempo de escola, mas eu não lembrava dela. Conversa vai, conversa vem, começamos a namorar e em pouco tempo, pouquíssimo tempo mesmo, estaríamos noivos.
Porque apressei as coisas? Essa pergunta, hoje sei responder. Apenas queria ter minha própria casa, minha vida. Queria alguém que me amasse. Parecia uma adolescente que casa com o primeiro que aparece para sair das casas dos pais. Era isso que eu queria. Idiota da minha parte pensar assim, mas era o que eu queria. As convenções sociais exigiam isso de mim.
Queria apenas ter uma casa minha e um filho meu, para isso a sociedade me exigia um marido. Aproveitei esse. Em apenas dois meses estávamos noivando e agendando tudo para o grande que toda mulher sonha.
Ainda estava terminando os últimos meses de faculdade e apesar de reprovar, meus amigos não estariam mais ali. Entreguei convites para os amigos de lá, pois não os veria mais. Fizemos um chá de panela. Tudo em ordem.
Deixei de comprar algumas coisas para economizar e a faculdade que eu pensava em fazer no ano, nem lembrava mais. Você deve se perguntar se eu havia esquecido aquele grande amor. Não, mas ele devia ter seguido em frente e eu devia superar e seguir também.
Eu sentia que agora ia dar certo, tudo ia na mais perfeita ordem. Engano meu. Ele soltou as asinhas de fora e revelou quem era.
Viajei para o Natal com minha família. Sempre tivemos uma tradição na véspera de Natal que foi iniciada pelo meu avô, aquele que faleceu, essa tradição vem desde que eu era pequena. Como a data já estava marcada, também iria aproveitar para entregar os convites e convidar alguns padrinhos.
Na noite de Natal, não recebi nenhum telefone. Não ganhei nenhum presente. Ele não ligou durante minha viajem para saber como eu estava. E eu ali, escolhendo alguns detalhes para trazer para casa. Sinceramente, mesmo continuando com os preparativos, já brotava uma duvida na minha cabeça. Eu deveria mesmo fazer isso?.
Quando retornei, tudo que havia trazido para o dia, foi alvo de criticas. Nada estava bom o suficiente. O mês de Janeiro seria longo, cheio de reflexões e decisões. Contratos assinadas, muita coisa escolhida e de repente ele me diz que não estava do jeito que ele queria.
Eu lhe pergunto. Não é a noiva que escolhe as coisas? Parecia que ele queria ser a noiva. Tudo do jeito dele, nada do meu. Já sou bem grandinha para saber que ia ser assim sempre. Eu sou mandona sim, e não ia aceitar muita coisa que ele iria querer impor depois que casássemos.
Muitas perguntas rodeavam minha cabeça. Porque não deu certo de novo? Será que paro por aqui? O que devo fazer na minha vida? Porque estou fazendo isso?. Era tanta coisa que eu estava sem rumo.
Um dia arrumando o meu quarto, me deparei com a foto e o cartão das rosas, pensei: "É você que atrasa minha vida", tudo porque eu não conseguia esquece-lo. Sempre que algo acontecia em minha vida, eu lembrava do amor que deixei partir. Ele teria sido um bom marido, ele teria sido um bom pai. Isso eu nunca saberia.
Fim de Janeiro e fim de relacionamento. Cheguei em um ponto que era evidente que nada daria certo, para que continuar. Naquele dia eu chorei sim, mas de desgosto. Minha vida estava de pernas para o ar.
Sabia que todas as contas sobrariam para mim. Percebi que estava fazendo tudo para agradar as convenções sociais e religiosas. Que eu nunca havia pensado em mim, no que eu quero, no que eu penso, no como quero viver. Sempre agi pensando nos outros, o que vão pensar, o que vão dizer. Naquele momento comecei a me libertar de tudo que me amarrara durante, os meus quase 26 anos.
Eu não lamentei o fim do namoro, e choquei a sociedade, como se eu fosse obrigada a chorar semanas e a sofrer semanas, por algo que a muito tempo havia acabado e que não tinha futuro nenhum.
Na verdade eu estava feliz, estava livre e apesar dos obstáculos que viriam a minha frente, eu seria eu mesma. O casamento não saiu. As rescisões dos contratos estavam por minha conta e eu não fazia ideia nenhuma do que viria pela frente. Todas as coisas que ganhei, encaixotei e guardei, um dia vou usa-las, seja acompanha, seja sozinha.
Tomei a decisão de ficar sozinha, percebi que não sou capaz de fazer alguém feliz, pois esse alguém não é capaz de me fazer feliz. O relacionamento é uma via de mão dupla, os dois tem que se amar e eu nunca amaria por completo e portanto não seria feliz. Ninguém consegue respeitar essa decisão, talvez porque não entendam, talvez porque sigam as ordens sociais que as impedem de pensar diferente.
Já deu para perceber que nunca fui muito adequado para os padrões de sociedade, agora finalmente entendi isso e quero seguir a vida do meu jeito. Quero não precisar me importar com o que os outros vão falar. Talvez assim eu esteja mais perto da felicidade, pois é claro que até aqui, ainda não a encontrei.
YOU ARE READING
Em busca da felicidade
RomanceUma vida... cheia de sonhos, desejos e ambições.... Mas o que é felicidade para encontra-la.... não sei, mas tenho certeza que vou em busca dela....